Centenas de pacientes com feridas agudas, crônicas e úlceras de pressão estão, há mais de trinta dias, sem ter onde receber tratamento adequado. O único local especializado que realizava a limpeza e troca de seus curativos funcionava em uma sala improvisada no Hospital Drª Laura Maria Braga e, no início de maio deste ano, teve que ser fechado por falta de medicamentos e principalmente de funcionários. Inicialmente denominado Projeto Feridas em Mãos Solidárias, tinha como finalidade tratar as feridas agudas, crônicas e úlceras de pressão. São pessoas que há anos buscavam algum tipo de tratamento e que encontraram nesse atendimento sua única esperança. Em agosto de 2013 o município abraçou a ideia e disponibilizou cerca de 50 mil reais que foram usados para capacitar médicos, farmacêuticos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e agentes de saúde através de aulas teóricas e práticas, ministradas por especialistas vindos de todo o país. O projeto, que na teoria tinha tudo para dar certo, foi aos poucos se deteriorando, ao tempo em que passou a sofrer interferências de políticos que, esporadicamente, doavam algumas migalhas de medicamentos, muito aquém do que de fato era preciso para atender sua demanda. Houve, inclusive, promessa de que o Feridas em Mãos Solidárias teria um local exclusivo e adequado para atender os pacientes, sendo na época amplamente divulgada uma imagem ilustrativa de como seria a fachada do prédio, sendo mencionado até mesmo o valor da emenda. Até que a obra se tornasse realidade, os pacientes passaram a ser atendidos temporariamente em uma sala do Hospital Municipal. Na época, mais precisamente em setembro de 2013, foi realizada uma inauguração, com direito a fotos de políticos que, para saírem bem na imagem, deram-se ao trabalho de encher um único armário que existia no local com medicamentos que, por sua vez, não duraram muitos dias. Sem planejamento e sem saber de fato de onde viriam os medicamentos, ataduras e demais produtos utilizados constantemente nas feridas dos mais de 250 pacientes cadastrados, os profissionais da saúde, por falta de recursos, viram-se obrigados a utilizar os medicamentos, soros e ataduras do hospital. O grande problema era que aquela unidade de saúde já tinha em seu cronograma a quantidade estimada de pessoas a serem atendidas, e os procedimentos do Projeto não estavam incluídos. Como se já não bastasse, a própria idealizadora desse importante projeto foi proibida, por meio de recomendação do Ministério Público, de ter acesso à sala onde o mesmo estava funcionando. A partir daí, a situação só piorou. No início de 2015, com a demissão de inúmeros servidores de cargos comissionados (portariados) e, posteriormente, com a retirada das gratificações de uma grande parte dos funcionários públicos efetivados, bem como com o cancelamento do concurso público, teve-se então que reduzir o número de funcionários, restando nos últimos meses de atendimento da sala apenas uma técnica de enfermagem que atendia entre 15 e 20 pacientes diariamente. Não restando alternativa, em decorrência da falta de funcionários, medicamentos e produtos específicos para suprir a demanda da sala Feridas em Mãos Solidárias, o diretor-geral do hospital, Cristiano Ramos Pereira, foi obrigado, mesmo contra sua vontade, a interromper o atendimento daquele que teria tudo para ser um projeto modelo e que acabou em uma pequena sala improvisada de um hospital. Cristiano, porém, ressaltou que possivelmente irá reabrir a sala e que só depende da contratação emergencial. Isso irá acontecer, provavelmente, até o final deste mês de junho. Veja abaixo matérias referentes ao início do Projeto Feridas em Mãos Solidárias: Projeto "Feridas em Mãos Solidárias" é implantado em Ouro Preto do Oeste Deputado Jaques Testoni viabiliza novo prédio para projeto Feridas em Mãos Solidárias Jaques Testoni inaugura ala do Projeto “Feridas em Mãos Solidárias” no HM
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