 O tempo passa
Três anos se passaram e a morte do funcionário público Moisés Rodrigues Lima, até a presente data, não foi esclarecida. Em princípio, a polícia deu ouvidos apenas aos tripulantes do barco e o delegado relatou o inquérito em menos de dois meses, concluindo que o servidor morreu porque estava embriagado, sofreu um surto, caiu acidentalmente e sumiu no rio Madeira. Mesmo não tendo sequer uma testemunha que tenha presenciado tais factoides e sem provas materiais ou técnicas, o delegado finalizou e enviou o procedimento ao Ministério Público que o devolveu para a continuação das investigações.
A Capitania dos Portos emitiu laudo
O laudo pericial da Marinha, expedido em 2013, não conseguiu concluir que a vítima Moisés estava embriagada. Na realidade, os peritos da Marinha não confirmaram suposta embriaguez, tendo em vista a impossibilidade de provar e comprovar tal sofisma. O laudo não considerou ou fez qualquer referência à falácia, à espúria de que a vítima havia surtado. O laudo não concluiu com precisão que a vítima efetivamente se acidentou. Na realidade, o relator apenas e tão somente conclui que é possível, em face dos depoimentos mentirosos e combinados dos tripulantes, ter acontecido um acidente provocado pelo fator humano, ou seja, por eventual descuido ou negligência da própria vítima. Em resumo, o laudo pericial da Marinha é INCONCLUSIVO quanto à causa da morte do servidor público.
O dono do barco foi desmascarado
O laudo pericial da Marinha foi enfático em comprovar que JOSÉ RIBEIRO PASSOS, o dono do barco Nossa Senhora Aparecida, assim como o seu filho CARLOS ALEXANDRE BARROSO PASSOS, mentiram com relação ao exato número de tripulantes na Capitania dos Portos. E mentiram novamente ao não declararem o que a cozinheira MARIA ELIETE BARROSO PASSOS (amásia do dono da embarcação, a qual foi vista na viagem) que ela constava na lista da Marinha, mas não viajou. Mentiram outra vez, por ocasião da suspeitíssima substituição de José Ribeiro Passos Filho pelo próprio José Ribeiro Passos.
O outro lado da história
Por que a polícia não mudou o foco da investigação para a realidade fática?
Duas semanas depois da morte do servidor, ocorrida em 15 de janeiro de 2013, a direção da divisão de almoxarifados e patrimônio da SEDUC registrou o histórico e inusitado sumiço de duzentas televisões LED de 40 e 50 polegadas, de trinta e seis notebooks e de três centrais de ar de trinta e seis mil btus do local onde o servidor morto trabalhava.
As investigações não foram aprofundadas pela polícia neste interstício de tempo, notadamente, a respeito dos atores ou pessoas que lidavam com os bens materiais públicos, tanto dentro quanto fora do almoxarifado, ou seja, não só em relação aos funcionários, vigilantes, partícipes ou não dos esquemas; mas também em cima de empresários fornecedores da SEDUC, de receptadores, enfim, sobre todos os que tinham e têm conhecimento dos desvios dos objetos, tais como: parentes, cônjuges, filhos, amigos e vizinhos dos investigados ou envolvidos.
Para deixar mais clara à conexão entre a morte do servidor do almoxarifado da SEDUC e os desvios de materiais lá realizados, fontes da SEDUC revelaram que a vítima seria fornecedor do Estado de Rondônia, pois o seu nome está incluído na listagem do portal da transparência, o que leva a crer que ele seria “laranja” de uma grande papelaria em Porto Velho. As mesmas fontes também informaram que existe um processo formalizado e tramitado para pagamento de diárias, só que cerca de seis meses depois da morte da vítima.
Mesmo com todas essas evidências, recentemente o delegado do 1º dp responsável pela apuração da morte do funcionário público e dos roubos no almoxarifado da SEDUC, concedeu entrevista e disse que está só aguardando o laudo pericial da reprodução simulada dos fatos do Instituto de Criminalística – diga-se de passagem, reconstituição feita somente um ano depois do episódio da morte do funcionário público, isto é, com muito atraso – para tentar encerrar inquérito como “morte acidental por afogamento”, de novo. Significa dizer que a polícia não investigou a principal linha: os peculatos, os furtos, a roubalheira instalada no almoxarifado que foi ampla e publicamente divulgada nos quatro cantos de Rondônia, e não estabeleceu a real relação de causa e efeito com a morte do trabalhador no barco Nossa Senhora Aparecida
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