Foto: Servidora Marli Quadros
A servidora municipal Marli Bruno Quadros procurou o Rondôniavip para denunciar uma perseguição e ameaças feitas por Lizandra Miotto, irmã do prefeito de Monte Negro, Júnior Miotto (PP), que já ocupou os cargos de chefe de gabinete da Prefeitura, além de cargos de secretária municipal de Administração e Finanças, Educação e Turismo (Semed e Setrur), estes dois últimos de forma interina.
Marli que é concursada há 10 anos, foi contratada como cozinheira, para a Secretaria de Saúde, onde foi lotada para atuar na cozinha do Hospital Municipal Irmã Dulce. No quinto ano de trabalho, ela apresentou problemas na coluna. “Eu usava um banquinho para lavar as panelas da cozinha. Tenho apenas 1,43 de altura. Muitos dizem que sou pequena para trabalhar lá, mas mesmo assim, continuei trabalhando. Como passei muito tempo pegando panelas pesadas, comecei a apresentar muitas dores nas costas. Todos sabiam do meu problema, incluindo os diretores do hospital. Teve um dia que estava fazendo minhas coisas normalmente, quando minha coluna travou e só consegui caminhar com a ajuda dos colegas”, disse ela.
Em 2011, foi atestado o problema pelo médico, onde Marli teria que sair de suas funções na cozinha. Ela foi deslocada para outro setor, mas no final do ano passado, foi remanejada novamente para o atendimento no hospital como recepcionista. “Depois de algum tempo, consegui marcar uma perícia em Buritis, onde o médico atestou que eu não poderia mais trabalhar na cozinha. Com isso, fui colocada em outro setor. Primeiro, queriam que eu fosse para a própria Secretaria de Saúde, mas com o passar do tempo, me colocaram na Prefeitura mesmo, como recepcionista. Nesse tempo, fiquei sem a insalubridade, que é uma grande perda salarial”, afirmou a servidora.
Porém, nesta época, Lizandra Miotto, segundo relatou a servidora à reportagem do Rondôniavip, queria que os atendentes (incluindo Marli) informassem que não havia médicos ou inventassem histórias aos pacientes que fossem à procura de atendimento no hospital municipal. A servidora foi contra essa ordem e a partir disso começou a ser perseguida e/ou coagida pela irmã do prefeito de Monte Negro.
Além das ameaças, a servidora denunciou a falta de estrutura mínima para os trabalhadores, que não tem local para descanso no Hospital Municipal Irmã Dulce. Alguns “se viram” como podem no chão mesmo, pelo plantão ser de 24 horas. Também há as questões de precariedade no prédio, já que o chão fica molhado devido à água que cai do ar-condicionado e os servidores têm que deitar ao lado da água, além de não terem banheiro próprio para os atendentes. “Sou muito sincera no que eu faço. Ela quer que eu minta para o povo, mas não vou fazer isso jamais. Querem que eu diga que não tem médicos, remédios, humanização que é a falta de pessoal em geral. Agora, querem me tirar de qualquer jeito da recepção. Ela quer que eu faça o que ela quer, não o que eu acho que é correto. O que eles acham que é certo, não é certo. O colchão a gente joga no chão mesmo. Não tem um banheiro pra gente tomar um banho decente. Esse meu problema de coluna só está agravando. Me arranjaram uma cadeira, mas isso é terrível".
Diante dos fatos, ela recebeu no último dia 29 de janeiro, um comunicado interno onde terá que levar ao Recursos Humanos um laudo atualizado de suas condições de saúde, onde foi dado o prazo de 30 dias para apresentar esses documentos. Caso isso não aconteça, terá que retornar às funções de origem.
A mulher afirma que não tem condições financeiras para apresentar esses laudos em tão curto espaço de tempo e ela acha que isso está acontecendo devido a perseguição feita por Lizandra Miotto. “Me pediram um novo laudo para ser entregue em 30 dias. Caso isso não aconteça, voltarei automaticamente para a minha função na cozinha e está claro que eu não tenho mais condições de fazer isso. Sinto uma coação direta da Lizandra Miotto na minha questão. Mas, falei com meu advogado e ele disse que todos esses custos de um novo laudo têm que ser arcados pela Prefeitura de Monte Negro. Eu sei do problema que eu tenho e eles sabem. Se estão desconfiados de que estou inventando, eles que providenciem um novo laudo. Que marquem uma nova perícia, mas não estou me negando a fazer, só não tenho condições de pagar um ortopedista e uma ressonância magnética. Tudo o que venho sofrendo é com muita luta. Tudo que consigo, é por meio de requerimentos oficiais, nada é automático. Desde quando comecei a ter esse problema de saúde, começou essa perseguição e só vi no Rondôniavip uma forma de me ajudar, de me prestar esse socorro. O que a Lizandra está fazendo é muito errado. Ela chegou a me ameaçar pessoalmente, me perguntando se eu conhecia o pai dela [Jair Miotto, ex-prefeito de Monte Negro e ex-deputado estadual]. Foi quando eu disse que não tinha tido o prazer de trabalhar com ele, mas a Lizandra falou que era pra eu ter cuidado com ela, pois ela era mais carrasca que o pai. Ela falou isso em novembro do ano passado”, desabafou Marli.
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Em decisão publicada no dia 08 de janeiro, o juiz de Ariquemes, Marcus Vinícius dos Santos de Oliveira, determinou por liminar, que Lizandra Miotto, irmã do prefeito de Monte Negro, Júnior Miotto (PP), não podia ocupar cargo comissionado de qualquer natureza dentro administração direta, indireta ou fundacional da Prefeitura Municipal de Monte Negro. Caso essa decisão fosse descumprida, ela e o irmão estariam sujeitos à multa de mil reais por dia.
O MPE alegou que após a primeira decisão judicial que determinou a suspensão da nomeação e do pagamento das remunerações mensais de Lizandra Miotto em relação ao cargo de Chefe de Gabinete, foi ela novamente nomeada para cargo em comissão como Secretária-Geral de Administração e Finanças, o qual é de livre escolha do prefeito Júnior Miotto.
Três dias depois, em 11 de janeiro, mesmo após a divulgação feita pelo Rondôniavip, além da ordem do poder Judiciário rondoniense, ele delegou poderes à irmã, que já era secretária geral de Gestão em Administração e Finanças para responder interinamente pelas Secretarias Municipal de Educação e Turismo (Semed e Setrur).
Porém, parece que as ordens da Justiça foram atendidas ou a pressão do Rondôniavip, aliadas às cobranças da população deram certo. O irmão-prefeito ou prefeito-irmão exonerou Lizandra Miotto do cargo de Secretária-Geral de Administração e Finanças, no último dia 29 de janeiro.
Agora a pergunta que não quer calar: será que ela ainda continua com “moral” dentro da Prefeitura, dando ordens e realmente coagindo ou ameaçando os servidores que realmente querem trabalhar pelo bem da população de Monte Negro?
Fonte:RONDONIAVIP
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