São tantos os escândalos envolvendo o Senado que, se reunidos anualmente em livro, este superaria em tamanho aos Lusíadas, e poderia ser intitulado de “Odisséia da Vergonha – ou da falta dela”. Como estamos em 2011 e o Senado foi criado em 1824, já estaríamos vendo ser escrito o tomo 187 desta vexatória obra. A chamada Câmara Alta representa, na verdade, um autêntico libelo do anti-republicanismo.
De todas as instituições políticas, nenhuma afronta tão deslavadamente o povo quanto o Senado, num amontoado de escândalos que, após caírem como bombas, terminam esquecidos e quase que invariavelmente resultando em pizza. Não é à toa que é a casa preferida de velhas raposas, que lá se aninham durante décadas a fio, cuidando de um galinheiro de ovos de ouro, cevadas por vultosos salários, dezenas de privilégios, regalias e ajudas de custo; protegidas por uma legislação complacente e um corporativismo cúmplice.
No fim de semana, a assessoria do Núcleo de Apoio aos Estagiários dos Advogados do Brasil, seção PB, informou à imprensa que o órgão pede o ajuizamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade para acabar com mais um absurdo: os planos de saúde vitalícios de ex-senadores e seus familiares.
Segundo a nota, “os ex-senadores e seus pensionistas custam em torno de R$ 9 milhões por ano aos cofres da nação, cerca de R$ 32 mil por parlamentar aposentado”. E mais: “Os senadores da ativa e seus familiares não têm limite de despesas com saúde. Se somarmos os custos com saúde dos 81 senadores da ativa, ex-senadores e pensionistas, o gasto passa dos R$ 18 milhões por ano”.
É mais um escárnio contra a população brasileira, até porque, como lembra o presidente do Núcleo, Leonardo Vieira, “não se conhece nenhum ex-senador carente, que não possa pagar um plano de saúde”. Depois, quando se fala em fechar o Senado, há quem repute a tese como de todo exagerada. Mas, será que essa casa de tantos escárnios sobreviveria a um cálculo frio de relação custo-benefício?
Por: Lenildo Ferreira
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