Porto Velho, RO – Os resultados apresentados no primeiro exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero) são preocupantes. Fosse determinante para o exercício da profissão, apenas 15 médicos recém-formados estariam aptos; noventa e sete egressos foram reprovados, totalizando 86,6% do total.
A matéria abaixo, publicada pela assessoria de imprensa no próprio site do Cremero, relata com riquezas de detalhes pormenores sobre a avaliação.
Rondônia tem seu primeiro exame de avaliação de recém-formados em Medicina
Apenas 13,4% dos recém-formados em escolas médicas do Estado de Rondônia estariam aptos para exercer a profissão, de acordo com o primeiro Exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero). Os demais 86,6% não acertaram mais da metade da prova. Rondônia forma, aproximadamente, 300 médicos por ano, sendo que 139 inscreveram-se no Exame do Cremero 2015. Desses, 112 compareceram para realizar a prova, sendo que 86,61% não alcançaram a nota mínima, ou seja, não acertaram 60% das questões. Embora tenha havido 24 inscritos de outros Estados, eles não compareceram para realizar a prova, que foi feita apenas por alunos das três escolas privadas de Medicina existentes em Rondônia: Faculdades Integradas Aparício Carvalho (Fimca), Faculdade São Lucas (FSL) e Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal (Facimed). Os egressos da Universidade Federal de Rondônia (Unir) não participaram porque a formatura aconteceu antes da edição da resolução que instituiu a prova.
O Exame do Cremero foi realizado no dia 18 de outubro de 2015, em Porto Velho (RO), mesma data do Exame do Cremesp, no qual foi inspirado. Para Cleiton Cassio Bach, presidente do Cremero, a criação dessa avaliação de egressos visa tentar melhorar a qualidade da formação do Médico. “Observamos deficiências, mas não tínhamos dados concretos para apresentar. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) vem realizando esta prova há dez anos, já com resultados de melhoria, pois se consegue observar onde estão as deficiências de cada escola e propor soluções” afirma.
Composição da prova
A prova aplicada aos graduandos de Medicina foi composta por 120 questões de múltipla escolha. Na análise de itens, no entanto, foram anuladas seis questões e atribuídas como corretas a todos os participantes. Desta forma, das 114 questões válidas da prova, 47 (41%) foram considerados difíceis e 44,7%, de dificuldade mediana, para os participantes. A prova abrangeu as principais áreas da Medicina: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia, Saúde Mental, Saúde Pública, Bioética e Ciências Básicas. Para aprovação, o candidato deveria responder corretamente a 72 das questões, o que corresponde a um percentual de acertos de 60%. O Exame foi aplicado pela Fundação Carlos Chagas (FCC) e os critérios e a metodologia foram os mesmos utilizados e validados no Exame do Cremesp.
Desempenho por áreas em escolas rondonienses
A média de acertos para o conjunto de áreas de conteúdo foi de 46% por parte dos participantes da prova. As áreas em que eles apresentaram maior dificuldade foram Saúde Pública/Epidemiologia (34,1%), Clínica Médica (36,1%) e Ciências Básicas (38%), com médias abaixo dos 60%.
Média de acertos
Embora a maioria dos participantes não tenha conseguido obter os 60% de aproveitamento, entre os considerados aprovados, a média de acertos girou em torno de 67,33%, com percentuais muito próximos entre as três escolas médicas.
Análise confidencial dos resultados
As notas individuais serão encaminhadas confidencialmente a cada participante do Exame do Cremero 2015. As escolas médicas receberão um relatório pormenorizado de desempenho de seus alunos por área do conhecimento, preservando a identidade dos mesmos. Também receberão relatório sobre os resultados do Exame do Cremero, os ministérios da Educação e da Saúde, o Conselho Federal de Medicina, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Ministério Público e os Conselhos Nacionais de Saúde e de Educação.
Pela qualidade do ensino
“Os resultados do Exame do Cremero indicam uma grave situação no ensino médico, que certamente acarretará problemas para a saúde da população. Rondônia conta com quatro faculdades de Medicina, sendo que nenhuma tem hospital-escola. Utilizam o sistema público de saúde do Estado e dos municípios, de forma precária, o que prejudica o aprendizado e ainda onera o SUS, que já trabalha com poucos recursos” analisa Cleiton Cassio Bach, presidente do Cremero. Em consonância com as necessidades da população, que carece de médicos habilitados para o exercício da profissão, o Cremero defende a realização de uma prova que avalie os conhecimentos desses profissionais antes que ingressem no mercado de trabalho. O despreparo dos profissionais recém-formados, inclusive, resulta no aumento das denúncias de erro médico que chegam ao Cremero. Com a criação da prova, o Cremero pretende contribuir para melhorias na qualidade do ensino médico, tendo em vista o número de escolas a ser abertas. Rondônia conta com quatro escolas de Medicina (uma pública e três privadas), e a previsão é que seja aberta mais uma privada.
Autor: Rondoniadinamica / Cremero
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