Roberto Gutierrez – Não há no Brasil um político que tenha conseguido tantos mandatos consecutivos para o mesmo cargo e disputados pelo mesmo partido em uma mesma cidade. Está história curiosa, em um País no qual políticos têm grande facilidade para trocar de partido, é do vereador Jessé Mendonça Bitencourt (PDT). Ao fim de 2016 ele completará o sexto mandato consecutivo e o nome dele deverá ser homologado daqui a três meses em convenção para disputar pela sétima vez, o direito de se reeleger. Se conseguir mais esse feito, ao fim de 2020, serão 28 anos de vereança na cidade de Ji-Paraná, segundo maior município de Rondônia com quase 140 mil habitantes, e uma história de eleições municipais que começou há 34 anos – 1982.
Os anos de experiências no Legislativo transforam Jessé numa espécie de consultor mor da casa. Todos os vereadores vão a ele tirar dúvidas, mesmo porque, tem uma memória invejável sobre as leis criadas, mudanças, reformas e grande conhecimento das constituições do Estado e Federal, o que evita que o Legislativo cometa redundâncias ou inconstitucionalidades.
Na atual legislatura ele ocupa o cargo de Secretário da mesa diretora, mas ao longo desses anos como vereador, que começou em 1992, já passou por todos os cargos.
Ao ser questionado sobre qual o segredo para se manter tanto tempo como vereador, Jessé disse: “Primeiro é preciso conhecer gente, mas, gente, não na quantidade de pessoas somente, perceber os anseios, desejos e o sofrimento da sociedade. Traduzir isso na atuação legislativa, defender os interesses da maioria e, por último, apesar de soar como um paradoxo para um político, ouvir mais do que falar”.
Jessé disse que a cada pleito é um desafio ainda maior porque, a eleição de vereador, segundo ele, é a mais difícil da pirâmide dos cargos eletivos no Brasil. Em Ji-Paraná, por exemplo, são mais de duas centenas de candidatos para 17 vagas, muito poderio econômico, muita gente maldosa, muito candidato novo, muita gente capaz, e por onde você passa para pedir o voto, certamente mais de 30 vão fazer a coisa igual. “O segredo, a chave para abrir portas, mesmo que exista o desgaste natural de tanto tempo no cargo, é ser honesto com as pessoas, não iludi-las, não falar mal dos concorrentes, cumprir os compromissos e, saber com qual partido coligar, porque cada eleição é uma nova história”.
Jessé chegou a Ji-Paraná quando ainda era Vila de Rondônia no início da década de 1970, tem 58 anos, e é funcionário da Secretaria de Segurança Pública e Rondônia. Com essa trajetória política, Jessé é um forte concorrente para o livro dos recordes.
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