Regionais : Você nunca ouviu tanto "pior da história" na economia brasileira como em 2015
Enviado por alexandre em 05/03/2016 15:23:43


SÃO PAULO – Com a divulgação da maior parte dos indicadores da atividade econômica brasileira de 2015 fica fácil perceber quão deteriorada está a economia. Foi um festival de “pior resultado da série histórica” em diversos setores. Da indústria aos serviços, do desemprego às falências de empresas, o Brasil jamais levou um tombo tão grande.

Como consequência, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) de 2015 deve ser o pior desde 1990, quando recuou 4,35%. Segundo o Boletim Focus, a perspectiva é que a atividade econômica tenha encolhido 3,80% no ano passado. O número oficial será conhecido na próxima quinta-feira (3).
Indicador Resultado acumulado de 2015 Pior desde o início da série histórica em Fonte
IBC-Br -4,11% 2003 Banco Central
Vendas no varejo -4,3% 2001 IBGE
Vendas no varejo ampliado -8,6% 2001 IBGE
Emprego na indústria -6,2% 2002 IBGE
Folha de pagamento da indústria -7,9% 2002 IBGE
Recuperação judicial de empresas 1.287 (+55,4%) 2006 Serasa Experian
Produção industrial -8,3% 2003 IBGE
Serviços -3,6% 2012 IBGE


O Boletim Focus mais recente prevê queda de 3,40% no PIB neste ano, ligeiramente abaixo da estimativa para 2015. Neste cenário, o Brasil vive a maior recessão desde 1930/31, quando a economia acumulou retração de 5,5%.

“Agora devemos superar a casa dos 6%, pelo menos”, diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

Os resultados não são exatamente inesperados, mas a perspectiva até o fim do ano passado era de que a economia seguiria afundando em uma velocidade muito menor em 2016. No entanto, os indicadores de janeiro levam alguns economistas a projetarem quedas ainda maiores neste ano.

O banco Fibra, que estima queda de 4% no PIB de 2015, prevê que a economia afunde 4,5% neste ano, com aumento da taxa média de desemprego de 10,5% para 12,5% nas principais regiões metropolitanas do país.

O BNP Paribas também avalia que o tombo da economia neste ano será maior, passando de -3,8% em 2015 para -4% em 2016. A taxa de desemprego deve subir para 10,4% neste ano.

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Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia na Tendências Consultoria, explica que a piora da atividade econômica em 2016 é justificada por três fatores.

O primeiro deles é o desdobramento do ajuste econômico, que deve resultar em inflação ainda resistente em patamar elevado devido aos aumentos de impostos já aprovados e à possibilidade de retorno da CPMF e alta da Cide, cobrada sobre os combustíveis.

O segundo fator é a Operação Lava Jato, que afeta tanto os investimentos da Petrobras quanto das empresas ligadas à construção civil. “A questão do ambiente político, que é o terceiro fator, com a Lava Jato, tende a reforçar as incertezas políticas”, afirma Ribeiro.

“Temos um cenário bem ruim. Teremos novo recorde mesmo e não só um efeito estatístico”, afirma Ribeiro, que prevê queda de 3,9% no PIB de 2015 e -4% neste ano, com viés negativo. Ou seja, esse tombo de -4% pode ser ainda maior neste ano.

Do outro lado, Agostini prevê menor ritmo de piora da economia. Para o PIB, por exemplo, a estimativa dele é de queda de 2,6% em 2016 depois de recuo de 3,8% no ano passado. “Infelizmente, 2015 não foi o fundo do poço. Vamos piorar em uma de uma base já bastante deprimida”, pondera Agostini.

Entre as previsões mais pessimistas ou menos, o certo é que no ano das Olimpíadas do Rio de Janeiro o país caminha para bater novos recordes.

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