Cadê o japonês?, indaga Lula ao ver a PF à sua porta
Natuza Nery – Folha de S.Paulo
Ao ver os federais à sua porta, o ex-presidente Lula reagiu de forma inusitada: “Ué, mas cadê o japonês?”. Ninguém na sala se conteve. O comentário bem-humorado da manhã ajudou a quebrar a tensão do momento. Horas depois, uma versão mais colérica conclamava a militância para enfrentar o que ainda vem por aí. Vendo o discurso inflamado do petista, um investigador não se aguentou: “E isso é só o aperitivo”, disse ele, referindo-se à Lava Jato.
“Eles erraram na dose. Tiraram a militância da paralisia”, disse o ex-ministro Gilberto Carvalho sobre a “desnecessária condução coercitiva de Lula”.
Há meses se dizia: um erro da Lava Jato transformaria Lula em vítima. E há meses petistas diziam que isso fatalmente ocorreria.
Caso tenha havido subtração de provas do Instituto Lula, como apontam policiais, abre-se margem para um pedido de prisão. “Consumada a arbitrariedade, tentam encontrar uma justificativa. É uma aberração”, reage Cristiano Zanin Martins.
Vazamento de delação
O ministro Teori Zavascki, relator da "lava jato" no Supremo Tribunal Federal, quer investigar o vazamento da delação premiada firmada pelo senador e ex-líder do governo Delcídio Amaral (PT-MS).
Nesta quinta-feira (3/3), a revista IstoÉ publicou trechos dos depoimentos do parlamentar. A intenção de Teori Zavascki, segundo fontes do tribunal, é pedir que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apure o vazamento das informações sigilosas.
A delação de Delcídio ainda não foi homologada pelo ministro, o que deve ocorrer nos próximos dias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Em defesa da Lava Jato
Associações de classe do mundo jurídico — juízes, advogados e procuradores da República — saíram em defesa da operação "lava jato", que tem como um dos alvos o ex-presidente Lula. As entidades destacam que, numa República, ninguém está imune à investigação ou acima da lei.
Algumas entidades também fizeram uma defesa da autorização dada pelo juiz federal Sergio Moro para que a Polícia Federal realizasse a condução coercitiva do ex-presidente.
Em nota, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) rechaçou os ataques à Operação Aletheia. De acordo com a associação, foram respeitados “os direitos de ampla defesa e do devido processo legal, sem nenhuma espécie de abuso ou excesso”.
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