Felipe Corona Especial para Rondôniavip
Durante toda a manhã da terça-feira (08), o desembargador federal Gersino José da Silva Filho, que também é ouvidor agrário do Ministério do Desenvolvimento Agrário, se reuniu com o secretário estadual de Segurança Pública, Antônio Carlos dos Reis, com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ênedy Dias e com o diretor-geral da Polícia Civil, Elizeu Müller para debater a onda de violência no campo que vem ocorrendo no Vale do Jamari.
O encontro ocorreu na sede do Governo Estadual, na própria Sesdec, onde foram apresentados vários índices para o ouvidor agrário, além das ações que estão sendo realizadas para diminuir a onda de criminalidade que está preocupando as populações das cidades da região, especialmente de Buritis, Alto Paraíso e Monte Negro. “Foi uma reunião altamente positiva, onde nós fizemos a nossa exposição mostrando que o estado de Rondônia precisa de uma atenção especial da segurança pública, especialmente na zona rural, para diminuir os conflitos agrários e a violência no campo. Tivemos uma boa resposta da Polícia Civil e Militar, que vão continuar fazendo as patrulhas rurais e as investigações, seja do lado dos trabalhadores rurais ou dos proprietários. Isso é muito importante para o programa Paz no Campo aqui no estado de Rondônia”, destacou Gersino José.
Diferente de movimentos sociais e de direitos humanos, o ouvidor agrário nacional não acredita que haja uma criminalização dos supostos trabalhadores rurais que se envolvem em invasões de propriedades violentas. “Nós enxergamos o seguinte: dentro de qualquer sociedade, assim como nós os magistrados ou qualquer profissão, temos os que cometem ilegalidades. Então, nós precisamos combater essas pessoas que cometem ilegalidades, em qualquer lugar que elas estiverem para que diminuam os conflitos agrários e a violência no campo. Daí a reforma agrária será feita de uma forma harmônica, respeitando o direito democrático de participação das manifestações, mas quem cometer ilegalidades vai responder diante da lei”, apontou Gersino.
Já o secretário estadual de Segurança Pública avaliou como positiva a vinda de representantes do Governo Federal para acompanhar mais de perto as ações para diminuir a violência no campo em Rondônia. “Todas as vezes que temos a oportunidade de nos reunirmos para debater a violência na nossa região é satisfatório. Sempre vemos com bons olhos e acreditando que sempre sairá dali bons encaminhamentos. Todos já foram apresentados ao ministro do Desenvolvimento Agrário [Patrus Ananias], onde reforçamos hoje com o desembargador Gersino com a necessidade de lembrar ao ministro algumas demandas como a instalação da Polícia Federal em Ariquemes, onde isso ajudaria muito com os crimes de competência da PF. Isso tudo para dar mais segurança à região do Vale do Jamari que tanto precisa. As ações estão sendo desenvolvidas e já aparecem com armamentos sendo apreendidos. Isso de alguma forma já acalma a região, já que você retira de circulação instrumentos que podem causar violência contra as pessoas. O importante nessa hora é termos boa vontade e envolvermos várias instituições, pois casos como esses não se tratam de forma isolada. Não é só a Polícia e a Segurança Pública que vão dar a solução pro Vale do Jamari. O que vai dar é o envolvimento de cada uma delas, cada um fazendo o seu papel e cada um apresentando o estado para as pessoas que vivem lá. E o estado fazendo o seu papel, normalmente as coisas se estabelecem de forma harmoniosa e com mais tranquilidade”.
Para o comandante-geral da PM, Ênedy Dias, o caminho para resolver a questão dos conflitos agrários no Vale do Jamari passa pela regularização fundiária e a criação de novos assentamentos para beneficiar as famílias que realmente precisam de terras. “Foi muito produtiva a presença do desembargador Gersino, que colocou a problemática dos conflitos agrários e queria ouvir o trabalho realizado pela secretaria de Segurança, Defesa e Cidadania. O nosso secretário expôs todas as ações para evitar os conflitos agrários para prender os criminosos, que muitas vezes, estão infiltrados em movimentos sociais e a Polícia Militar deu as devidas explicações ao ouvidor. Também escutamos dele a pré-disposição de nos ajudar, ajudar o estado de Rondônia juntamente com outras instituições federais para que possamos levar cada vez mais paz ao campo, para que a gente possa resolver o que causa esses conflitos. Isso passa pela regularização fundiária, a criação de novos assentamentos. Isso certamente diminuiria a tensão no campo, se você tivesse a criação de novos assentamentos para que as famílias sejam beneficiadas. São soluções, que certamente colocadas em prática, essa tensão, essa questão dos conflitos e até das mortes, que infelizmente, resultantes de crimes violentos”, falou ele.
Próximos passos
O titular da Sesdec traçou quais serão as futuras ações que devem ser realizadas ou continuarem na região do Vale do Jamari. “As Polícias Civil e Militar já estão em campo há alguns meses, com uma força tarefa de inteligência atuando, onde precisamos identificar quem realmente está fomentando essa violência no Vale do Jamari. Com relação à segurança pública está tudo bem delimitado. O que a gente tem visto e tem um trabalho realizado pela Seagri [Secretaria Estadual de Agricultura], por meio do secretário [Evandro] Padovani, que fez um levantamento das pendências que existem nesses órgãos federais, que precisam de uma resposta, pois sem uma resposta, pras pessoas que querem um pedaço de terra. São vários fatores e a necessidade de envolvimento de todos. Vamos continuar conversando, pedindo o apoio e a participação de todos”, encerrou Antônio Carlos dos Reis.
O ouvidor agrário nacional, Gersino José, continua em uma série de reuniões pela manhã e tarde até o dia 11 de março (sexta-feira), em Porto Velho. Os encontros com as instituições ligadas às questões agrárias acontecem na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na Avenida Lauro Sodré, próximo ao Parque dos Tanques, zona Oeste da cidade.
Fonte:RONDONIAVIP
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