CPI: governo e oposição blindam empresas e políticos
Postado por Magno Martins
Parlamentares de PT, PSDB e DEM se unem para evitar convocações
Evandro Éboli, O Globo
Em meio a maior crise política do governo Dilma Rousseff, parlamentares do PT, do PSDB e do DEM deixaram as farpas de lado e demonstraram um espírito de união incomum para o atual momento. Foi na CPI que investiga denúncias de fraudes contra a Receita Federal cometidas por instituições bancárias e grandes empresas, com ajuda de advogados e ex-conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Por unanimidade, os parlamentares dessas legendas, e de outras, decidiram excluir do plano de trabalho do relator, João Carlos Bacelar (PR-BA), os nomes de 54 instituições bancárias e empresas, 15 agentes públicos (como ex-conselheiros do Carf), 11 intermediários (casos de advogados e representantes de empresas) e 7 atores políticos, entre os quais ex-ministros do governo Lula. Bacelar concordou em excluir essas 87 instituições - várias delas financiadoras de campanha eleitoral - e pessoas.
O argumento único de oposição e governo é que a mera citação no plano de trabalho prejudicaria as empresas, muitas delas com ações na Bolsa de Valores. Petistas e tucanos defendiam as mesmas oposições e concordavam uns com os outros.
Os parlamentares, dos dois lados, também adiaram a votação de dezenas de requerimentos de convocação de vários políticos e dirigentes de bancos e empresas, de ex-representantes do Carf, advogados e lobistas.
Dilma e Lula: conversa continua na manhã desta quarta
Postado por Magno Martins
Blog do Kennedy
Terminado o jantar no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula combinaram de conversar novamente na manhã desta quarta. A tendência é Lula aceitar ser ministro. E o destino provável passou a ser mais a Casa Civil do que a Secretaria de Governo.
A Casa Civil tem o peso simbólico de ser o ministério mais importante. Se Lula colocou José Dirceu e Dilma Rousseff na Casa Civil, a ideia seria que ele fosse para a mesma posição. Seria uma sinalização de deferência e de importância da tarefa.
Até o início da noite, o desenho ministerial que fora montado indicava a Secretaria de Governo como destino de Lula. Mas, segundo um ministro que soube detalhes do jantar, Jaques Wagner tomou a iniciativa de sugerir a Casa Civil como o posto mais adequado para o ex-presidente. Lula e Dilma decidiram refletir por mais uma noite. Os dois deverão bater o martelo na manhã desta quarta.
Desde a semana passada, quando Dilma convidou Lula para ser ministro da Casa Civil, houve um vaivém a respeito do destino do ex-presidente. Lula resistia a pedir a saída de Wagner do posto. Ele e o atual ministro são muito amigos. Então, começou a construção da possibilidade de o ex-presidente comandar a Secretaria de Governo.
Na noite desta terça, pesou a avaliação de que a entrada de Lula no ministério se tornara irreversível, sob pena de transmitir a imagem de que nem ele acreditaria mais na rejeição do impeachment. Seria o fim do governo Dilma e do projeto petista de poder.
Então, foi vencido o último argumento de resistência de Lula: a de que a nomeação ministerial pareceria fuga das investigações conduzidas pelo juiz Sérgio Moro na Lava Jato. Foi lembrado no jantar no Alvorada que o Supremo Tribunal Federal julgara petistas com dureza no mensalão.
Mais: o PT, movimentos sociais e a base do partido cobravam a entrada de Lula no governo. Uma desistência agora desmobilizaria forças que ainda poderiam resistir ao impeachment de Dilma. A gravidade da crise demandava a presença de Lula no governo, avaliaram os participantes da reunião no Palácio da Alvorada.
Ainda na noite de ontem estava prevista uma conversa entre Lula e o presidente do Senado, Renan Calheiros, principal aliado do governo no PMDB. Tentar manter o apoio de Renan na crise é prioridade do ex-presidente. |