A prova do crime
Os peritos da Polícia Federal descobriram a prova do crime: na operação de busca no dia 4 de março, durante a 24ª fase da Operação Lava Jato, os investigadores encontraram a minuta de um contrato de compra e venda no qual Fernando Bittar -- dono no papel do sítio de Atibaia frequentado pelo ex-presidente Lula e reformado por empreiteiras do petrolão – transfere a propriedade para o petista e sua mulher, Marisa Letícia.
Não há crime perfeito. O castelo de Lula era de areia, desmoronou. Será preso e a presidente Dilma, que abriu a porta da salvação, sua última tentativa de escapar do xadrez, o nomeando para ministro da Casa Civil, será cassada. Segundo a Veja antecipou em seu site, na minuta, não assinada, Fernando Bittar repassa a propriedade para Lula e Marisa pelo valor de R$ 800 mil.
O documento foi localizado pela Polícia Federal durante as buscas no apartamento de Lula em São Bernardo. Pelo texto, Lula se comprometia a pagar pelo sítio R$ 200 mil de entrada, no ato da compra, e quitar o restante da dívida com Bittar em três parcelas iguais de R$ 200 mil.
Diz a minuta de contrato: "Pelo preço adiante ajustado, vendem, ao comprador, o imóvel descrito, transmitindo-lhe desde já, a posse, domínio, direitos e ações que sobre o mesmo tinham e exerciam, para que dele, o comprador use, goze e livremente disponha como bem e melhor lhe convier".
Apesar de ser uma minuta, sem a assinatura das partes envolvidas, o documento é mais um forte indício de que Lula é, de fato, o verdadeiro dono do Sítio Santa Bárbara. Em abril de 2015, a revista revelou a existência do sítio usado por Lula para passar os fins de semana de descanso em Atibaia.
Lula sempre negou ser o proprietário, embora tenha sido obrigado a admitir o uso do sítio. A propriedade é investigada pela Operação Lava Jato desde que VEJA revelou que a construtora OAS havia realizado obras de reforma no sítio. Os investigadores também localizaram no apartamento do ex-presidente Lula em São Bernardo notas fiscais relacionadas à obra do Sítio Santa Bárbara.
Um cronograma detalhado das melhorias realizadas na propriedade durante a reforma também foi apreendido. No documento é possível identificar as principais obras realizadas na propriedade. Conforme comentei ontem, neste espaço, Lula se viu forçado a pressionar a presidente Dilma Rousseff para conseguir um cargo de ministro às pressas, após ter sido informado por espiões infiltrados na Polícia Federal de que as tratativas para sua prisão estavam em andamento.
Numa conversa divulgada, Lula teria gritado com Dilma, que o chamou de traidor e o acusou de não ter culhões. Lula ficou irritado e berrou com ela: "Essa porra é nossa e não vamos entregá-la a ninguém.", numa alusão a tê-la colocado na Presidência e a ameaça dela perder o cargo. A coluna Radar, de Veja, também informou que a Lava Jato estava pronta para pedir a prisão de Lula. Segundo a matéria, "o pedido estava sendo ultimado para ser apresentado, ontem, ao juiz Sergio Moro. Os espiões do PT infiltrados na Lava Jato avisaram o governo, Dilma Rousseff mandou entregar às pressas o termo de posse a Lula. A conversa criminosa entre ela e Lula foi motivada por esse fato.
NO SUPREMO– O deputado Raul Jungmann (PPS) protocolou, ontem, mandado de segurança coletivo no Supremo Tribunal Federal, pedindo liminar para sustar os efeitos do ato de nomeação e posse do ex-presidente Lula no cargo de ministro-chefe da Casa Civil. O ministro Gilmar Mendes foi designado relator da matéria na corte. Na peça jurídica, Jungmann alega desvio de finalidade no uso de atribuições discricionárias por parte da presidente. “A entrada de Lula no governo, na verdade, tem por objetivo afastá-lo do perigo de ser preso pela Operação Lava Jato, o que configura obstrução da Justiça”, justificou.
O atacante e o defensor implacável– Dos cinco deputados que integram a Comissão Especial do Impeachment, instalada, ontem, dois tendem a ter uma presença destacada: Tadeu Alencar, vice-líder do PSB na Câmara, e Sílvio Costa, este, aliás, o único voto certo contra o impedimento da chefe da Nação, segundo comentou, ontem, na sua fala no Frente a Frente, o marqueteiro José Nivaldo Júnior.
Ações unificadas – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Antônio Dias Toffoli, determinou, ontem, que sejam reunidos numa só tramitação as quatro ações que correm na Corte eleitoral que visam cassar os mandatos da presidente Dilma Rousseff (PT) e do vice Michel Temer (PMDB). Como consequência, o caso passará a tramitar sem segredo de Justiça, que havia sido decretado sobre uma das principais ações. Além disso, ficarão sob a mesma relatoria, a cargo da ministra Maria Thereza de Assis Moura, que é corregedora da Corte e já conduzia duas das ações protocoladas pelo PSDB.
Insustentável – O núcleo mais próximo da presidente Dilma está atordoado. Reconhece que a situação política ficou insustentável. De forma reservada, alguns auxiliares já admitem que foi um grande erro ter deflagrado a operação para transformar Lula em ministro com o objetivo de tirar a investigação sobre o ex-presidente da mira do juiz Sérgio Moro. Há o reconhecimento interno de que ficou frágil a explicação do Palácio do Planalto sobre o episódio porque não responde à principal questão revelada pela conversa entre Lula e Dilma: a pressa desesperada para transformá-lo em ministro.
Com Dilma, não dá! – Em conversa gravada dia 10 de março com autorização judicial, o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou a Lula que, sem o ex-presidente, o projeto do partido não segurava. Para Guimarães, o problema é o “jeito" da presidente Dilma governar, segundo ele, "avesso à política”. "Acho que frente a essa conjuntura toda, necessidade de segurar o projeto, sem você [Lula] não segura. O negócio tá indirigível, não há condições. Nós temos que dar a volta por cima, só dá se você tiver dentro, no dia a dia”, afirmou o líder do governo no diálogo interceptado pela Operação Lava Jato.
CURTAS
ILEGALIDADE– O líder do Governo no Senado, Humberto Costa, criticou a divulgação de grampos telefônicos "ilegais" feita pela Justiça Federal do Paraná. Segundo Humberto, a atitude do juiz paranaense Sérgio Moro é ilegal, típica de quem não aceita o jogo democrático e um desrespeito à Constituição Federal. O parlamentar defende que os órgãos de controle e o Congresso tomem posição clara sobre o ocorrido.
SEM MUDANÇAS– A entrada de Lula no Governo não deve provocar de imediato a troca dos comandantes da economia - Nelson Barbosa, na Fazenda, e Alexandre Tombini, no Banco Central, nem Valdir Simões que acabou de chegar ao Ministério do Planejamento para suceder Barbosa.
Perguntar não ofende: E agora, Lula? |