"Sérgio Moro explodiu o governo Dilma. Talvez, se explodiu também."
Em relatório, a MCM Consultores analisou os efeitos da divulgação das gravações de Lula - sendo uma delas envolvendo apresidente Dilma Rousseff - para o governo. Segundo a consultoria, o vice-presidente Michel Temer deverá assumir a Presidência em pouco mais de 30 dias. "Resta saber quais serão as condições de governabilidade de seu governonesse terreno minado no qual se transformou a política brasileira", afirma.
Enquanto isso, destaca a consultoria, "Dilma enfrentará um processo que será aberto pela Procuradoria-Geral da República e correrá no Supremo Tribunal Federal. Contudo, antes que este se resolva, ela, muito provavelmente, será afastada da Presidência da República via impeachment aprovado no Congresso", diz o texto, enfatizando o período de cerca de um mês para que isso ocorra.
"Nas manifestações de ontem à noite havia jovens enfrentando a polícia, tomando spray de pimenta na cara, gente jogando pedra, queimando pneus. Não havia babá empurrando carrinho. Esse tipo de manifestação é leading indicator para queda de governo. Nesse ambiente, a classe política entregará a cabeça doPT e do governo Dilma à turba", continua.
Já o ex-presidente Lula tampouco escapará de uma ação criminal, "resta saber em qual instância". A MCM Consultores avalia ainda que, além disso, sua imagem política ficará profundamente avariada. "A exposição de seus diálogos, mesmo aqueles que claramente não ferem a legalidade – há os que, no mínimo, flertam com o ilegal – expuseram uma faceta desconhecida do ex-presidente, desconhecida para o grande público: a do grande chefe que, numa enxurrada de palavrões, comanda articulações que, ao senso comum, soam escandalosas. Os bastidores da política, quando revelados, chocam, via de regra, a opinião pública". Para a MCM, a posse de Lula virou irrelevante, com o ex-presidente perdendo a sua capacidade de articular politicamente e de construir eventuais novos caminhos para a política econômica.
Enquanto isso, o juiz federal Sérgio Moro também deve sofrer punições, afirma a MCM. Moro será submetido a um processo junto ao Conselho Nacional de Justiçae pode ser punido. "Sérgio Moro explodiu o governo Dilma e o ex-presidente Lula. Talvez, se explodiu também. Agora é providenciar as exéquias", afirma.
Dilma foi avisada por Cunha: impeachment está aberto
O 1º secretário da Câmara dos Deputados, Beto Mansur (PRB-SP), entregou nesta quinta-feira (17), no Palácio do Planalto, notificação sobre o início dos trabalhos da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Assim, passa a contar o prazo de 10 sessões do Plenário da Câmara para que a presidente se defenda das denúncias na comissão.
Mansur informou que foram juntadas ao processo principal as denúncias feitas na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), divulgadas nesta semana. Segundo o deputado, a anexação foi autorizada pela Secretaria-Geral da Mesa Diretora a pedido dos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, autores do pedido que será analisado na comissão especial do impeachment.
O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), minimizou a decisão de juntar as denúncias de Delcídio ao pedido de impeachment. “Tudo isso vai para dentro da comissão, não tem novidade nenhuma, todo mundo já sabe o que foi a delação, portanto são peças que já estão no tabuleiro da disputa política”, disse.
Comissão
A comissão elegeu, na noite desta quinta-feira (17), o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), relator do colegiado. Para presidir a comissão, foi eleito Rogério Rosso (PSD-DF).
A definição ocorreu após o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), anunciar acordo entre líderes da base aliada para definir os nomes. A chapa foi aprovada por 62 votos a favor e 3 abstenções. As três abstenções foram por parte dos representantes do PSOL, Rede e PTN sob o argumento de que não foram consultados sobre a indicação dos nomes.
Além de Rosso e Arantes, foram definidos os seguintes nomes para os cargos de comando do colegiado: Carlos Sampaio (PSDB-SP) como primeiro-vice-presidente; Mauricio Quintella Lessa (PR-AL) como segundo-vice; e Fernando Coelho Filho (PSB-PE) como terceiro-vice.
|