Maioria dos ministros do STF: governo Dilma acabou
Mesmo assim, prometem rigor em possíveis processos contra Lula e a presidente na Corte
Época – Murilo Ramos
Para a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo da presidente Dilma Rousseff acabou. Ainda assim, o ministro Celso de Mello têm duas preocupações: indicar para a opinião pública que o Tribunal será rigoroso nas possíveis investigações contra Lula e Dilma por tentativas de obstruir o trabalho da Justiça; e reforçar a imagem de que os ministros não são suscetíveis a pressões de políticos, seja quem for.
Essa preocupação motivou a divulgação da delação premiada do senador Delcídio do Amaral, em que ele narra uma tentativa do governo de interferir no trabalho da Justiça ao indicar um ministro para o STJ.
Os ministros do STF estão furiosos com o fato de os investigados usarem indevidamente seus nomes. “Já mostramos que a Corte protege o estado de direito, mas será necessário ser mais contundente nos próximos meses”, diz um ministro.
Indignação seletiva
Blog do Kennedy
O juiz federal Sérgio Moro conseguiu desgastar Lula numa hora em que ele daria início a negociações políticas. Os grampos geraram uma indisposição com outras autoridades públicas.
A reação do ministro do STF Celso de Mello nteontem foi muita dura. Mas contrasta com a inação do tribunal na quarta, quando o ministro Gilmar Mendes deu um sabão nos colegas ao falar da decisão sobre o rito de impeachment. Mendes considerou que a corte afrontou uma prerrogativa da Câmara, a de permitir eleição de candidatura avulsa para composição da comissão de impeachment.
A carta de Lula é uma tentativa de jogar panos quentes nas críticas, feitas em conversas que ele não imaginava que viriam a público. Também é uma forma de apontar eventuais abusos, como uma divulgação incessante de dados da investigação em Curitiba que geram um impacto grande nas ruas contra o petista. A forma como os diálogos e dados da investigação são divulgados incitam ódio contra Lula.
O que Gilmar decidirá sobre Lula ministro de Dilma?
Renato Riella
Vou fazer uma previsão.
Na terça-feira, quando vier trabalhar no Palácio do Planalto, um oficial de justiça do Supremo Tribunal Federal vai entregar a Lula um papel.
O documento dirá que o ministro Gilmar Mendes suspendeu o foro privilegiado do ex-presidente.
Assim, se Dilma quiser, pode mantê-lo no ministério, mas sem imunidade, podendo ser chamado pelo juiz Sergio Moro para depor, etc.
Será que, nesse caso, vale a pena a nomeação?
Será um golpe de mestre do Gilmar.
Aguardem.
Zavascki: Juiz é para resolver conflitos, não criar
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki disse em visita a Ribeirão Preto (SP) nesta sexta-feira (18) que o poder judiciário deve agir com serenidade, prudência e discrição, e que o papel dos juízes "é o de resolver conflitos, não é o de criar conflitos".
Mesmo sem citar o nome do juiz Sérgio Moro ou fazer menção aos fatos recentes envolvendo a Operação Lava Jato, afirmou em discurso que “os juízes não são protagonistas” e não cabe a eles resolverem crises políticas ou econômicas.
"Em uma hora como essa que estamos vivendo, uma hora de dificuldades para o país, uma hora em que as paixões se exacerbam, é justamente nessas horas, mais do que nunca, que o poder judiciário tem que exercer seu papel com prudência, com serenidade, com racionalidade, sem protagonismos, porque é isso que a sociedade espera de um juiz", disse.
Em discurso no auditório da Justiça Federal, Zavascki reforçou que cabe aos juízes apenas o dever de fazer cumprir a lei. "O juiz resolve crises do cumprimento da lei. O princípio da imparcialidade pressupõe uma série de outros pré-requisitos. Supõe, por exemplo, que seja discreto, que tenha prudência, que não se deixe se contaminar pelos holofotes e se manifeste no processo depois de ouvir as duas partes”, disse. |