Mais Notícias : Dilma e o comando do Esporte: uma jogada perigosa
Enviado por alexandre em 28/03/2016 09:05:19

Dilma e o comando do Esporte: uma jogada perigosa

Postado por Magno Martins

Presidente transforma a pasta em objeto de barganha contra o impeachment. Mas movimentação para resgatar o PRB pode desagradar outro partido aliado

Veja - Marcela Mattos

Cada vez mais acuada diante do avanço do processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff tem feito uso escancarado de cargos no governo para tentar cooptar votos favoráveis à sua manutenção no cargo. Poucos exemplos são tão claros quanto a troca de comando no Ministério do Esporte nesta semana - que se deu ainda a menos de cinco meses de sediar os Jogos Olímpicos. Este é, aliás, mais um fator pelo qual a pasta se torna um objeto de barganha valioso no balcão de negócios para conter o impeachment. Mas as movimentações desta semana podem ter representado uma jogada desastrada do Planalto. Ao rifar George Hilton, o Planalto tenta agradar o PRB, satisfaz o aliadíssimo PCdoB - e arrisca-se a perder apoio do Pros.

De saída da pasta, o ministro George Hilton, segundo aliados, credita a sua provável demissão a uma investida do presidente do PRB, Marcos Pereira. Os dois, que até semana passada dividiam a legenda, entraram em rota de colisão ao divergirem sobre a destituição da petista. Pereira surpreendeu ao publicar artigo em que defendia a queda de Dilma. Querendo sustentar-se no cargo, Hilton apressou-se em discordar publicamente de seu presidente. A confusão no partido só aumentou: Marcos Pereira voltou a subir o tom contra o Planalto e conseguiu emplacar o desembarque da legenda do bloco de apoio à presidente Dilma. O governo ainda tentou conter o movimento, sem sucesso. Ao contrário: Pereira pediu a demissão de Hilton sob o argumento de que precisava do reforço dele na Câmara dos Deputados. De forma contraditória, no entanto, o partido não entregou os demais cargos mantidos na pasta.

Da arte de engolir patos

Postado por Magno Martins

Vinicius Mota - Folha de S.Paulo

O volumoso conjunto de brasileiros que sai à rua a pedir o fim do governo Dilma tem um encontro marcado com a decepção. Ela será dramática se o objetivo das multidões não for atingido; se o impeachment não obtiver ao menos os 342 votos na Câmara e os 41 no Senado para afastar a presidente.

Desapontamento também haverá, embora retardado pelo júbilo inicial, na hipótese de sucesso das marchas. Após a deposição da mandatária restará cristalino o desafio amargo de consertar as finanças do Estado e de distribuir os custos na sociedade.

A manifestantes da avenida Paulista recomenda-se iniciação na arte de engolir patos amarelos. O símbolo contra a alta de tributos escolhido pela Fiesp, ela mesma inflada com imposto sindical, começará a murchar já na posse do novo governo.

Não há hipótese de saída organizada, anti-inflacionária, desta crise sem a elevação emergencial da arrecadação dos governos, a prolongar-se no mínimo até o final da década.

Pessoas que protestam na avenida talvez se admirem, e se frustrem, ao saber que elas mesmas seriam alvos preferenciais de uma reforma tributária socialmente justa. Ricos pagam proporcionalmente pouco imposto no Brasil; e os ricos somos nós que debatemos nestas páginas. Constituem a maioria dos integrantes das marchas que vão à avenida, seja defender, seja criticar o governo petista.

Sob a ótica da distribuição de renda e escolaridade, o manifestante vermelho típico da Paulista mal se distingue do amarelo. Os dois são "coxinhas", de cores distintas, posicionados no topo da pirâmide social.

Ambos teriam de dar cota maior de contribuição para o reequilíbrio econômico e político do país se essa agenda pudesse ser implementada com franqueza. Haverá maioria governante capaz de levá-la adiante? Estará essa franja de alta renda da população disposta a despertar do encantamento de pensar-se a si mesma como "classe média"?

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