Regionais : RONDÔNIA UM ESTADO PUNJANTE EM MATÉRIA DE TALENTOS
Enviado por alexandre em 30/03/2016 00:16:15


Já se definia em tempos atrás que percussão é “instrumento musical cujo som é obtido através do impacto, raspagem ou agitação, com ou sem o auxílio de baquetas.” Mas o que dizer do som criado através de instrumentos inusitados como a água e/ou a vara de bambu entre outros objetos não reconhecidos como instrumento de percussão? Bira Lourenço* é o percussionista em questão que faz da arte do objeto que tem em mãos os sons mais instigantes e contagiantes. Ele não apenas produz som, ele é o som...é a palavra... é a música... é a essência de algo maior, transcendental... iluminado por um dom excepcional que só pode ter vindo da luz...do que há de mais belo no universo.É capaz de quebrar interditos ...Sua alma está centrada no instrumento,seu coração no batuque... no ritmo... Podemos dizer que o seu som vai do silêncio à intensidade máxima da elevação espiritual...sons estes, cuja altura não pode ser perfeitamente determinada,pois produzem variações incertas de altura ao longo de sua duração produzindo um acompanhamento que não interfere na harmonia do que há de mais belo na percussão.É capaz de superar a imanência daquilo que nos paralisa.

Como dizia um grande doutor em Ciência da literatura Sr.Paraguassú que “as questões brotam dos caminhos da abertura do ser, onde reside um querer que se põe à busca da origem daquilo que se mostra - a coisa - e que se dá em experiência ganhando ‘forma’ ao evidenciar-se na sua gênese, conduzindo a vontade, o ‘querer’ ". Bira Lourenço é isso – busca na multiplicidade infinita do instrumento que tem em mãos o som mais precioso onde é tomado pelo próprio ser e, é por essa abertura do ser que se mostra como questão a ser observado diferentemente dos conceitos fechados, pois agrega em si uma pluralidade de possibilidades que geram outras possibilidades do ser, do ser como verdade que brota que instiga que se instaura e vigora desnudando o que continuamente desnuda. Seu corpo,seu toque no instrumento,seu batuque parece buscar sair de si,encontrar-se com um ser - ou em um ser - que lhe dê a plenitude daquele momento.

Sua sonoridade que a primeira mão estaria em segundo plano por estar acompanhando alguém no palco, ultrapassa o plano em questão e se revela como a peça principal. Chega até nós e nos impulsiona a fazer o salto para o abismo a procura de desvendar o mistério que o envolve,sua transcendência... Bira Lourenço não se deixa aprisionar pelos conceitos da percussão, ele quebra paradigmas e mostra que a arte não está presa a teorias... traz luz à ilusão e ao mistério como força vital presente, eclode mesmo na ausência de sua presença,é SER sendo, onde não ser é eterna presença...é real....

Seus instrumentos inusitados dialogam entre si e consigo mesmo... seu corpo,sua alma celebram o batuque de forma plena...

Ele vai além do "ser" percussionista em palco.Sua essência transcende a técnica, transcende a linguagem, no fazer de cada instante,no co-fazer e no com-crescer pela doação da própria alma ou do co-espírito para a essência da verdade e, tudo se resume ao que ele próprio diz: “Toco a mais pura verdade dos sons que em mim habitam ou perpassam...”

Conhecer Bira Lourenço é impossível , pois para isso precisa se embrenhar nesse mistério que é a sua dimensão transcendente.É quebrar o interdito como dizia Clarice Lispector ,mas conhecer sua alma no toque de cada instrumento é mágico e,reconhecer sua competência,seu talento se faz necessário não só dentro do meio em que vive para que possas romper fronteiras e barreiras que o levem para o lugar de destaque que seu talento merece.



Fonte: soniaamar

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