Mais Notícias : A oligarquia depenou o PT
Enviado por alexandre em 30/03/2016 09:41:55

A oligarquia depenou o PT

Postado por Magno Martins

Elio Gaspari

O PMDB nunca pensou, não pensa em sair do governo e sente-se ofendido se alguém admite essa hipótese. Quem corre o sério risco de sair do governo é­ o PT. O partido que foi de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves e hoje é de Eduardo Cunha e Renan Calheiros quer apenas tirar uma licença de alguns meses, até o início do governo de Michel Temer, seu atual presidente.

A ideia de que o PMDB resolveu sair do governo não tem nexo nem propósito e se destina apenas a esconder um objetivo. Os doutores querem que se creia que nada têm a ver com a ruína do governo e pretendem retornar ao poder como se Michel Temer fosse o sucessor constitucional da senhora Rousseff por ocupar a vice-presidência do Flamengo, não a da República, eleito por duas vezes, sempre compartilhando a chapa.

O PMDB sai do governo para continuar no poder, dando esperanças a oposicionistas que não tiveram votos e a todos os gêneros de maganos tementes da Operação Lava Jato. Ninguém sabe quais são os planos dessa coalizão para um eventual dia seguinte à posse de Temer, mas seu objetivo essencial está claro: trata-se de desossar a Lava Jato.

A armação oligárquica precisa sedá-la, pois há barões na cadeia e marqueses temendo a chegada dos homens de preto da Federal.

O PT e Dilma reagiram às investigações das ladroeiras com uma conduta que foi da neutralidade-contra à pura hostilidade. Se hoje a rua grita o nome do juiz Sérgio Moro e pede "fora PT", isso se deve em parte à incapacidade dos companheiros de perceber que se tornaram fregueses num jogo viciado.

O comissariado acorrentou-se à própria falta de princípios. Desprezou a lição trazida pelas sentenças do mensalão e achou que pularia a fogueira do petrolão. A cada um desses lances de soberba jogou n'água uma parte de suas bases populares. Confiando na própria esperteza, foi para um carteado com jogadores profissionais e um baralho viciado. Os oligarcas depenaram-no. (Refresco para a crise: Quem quiser pode ver "Cincinnati Kid", com Steve McQueen e Edward G. Robinson num de seus melhores momentos. Nessa mesa, o baralho era honesto.)

Sem cartas, Lula compara-se a Getúlio Vargas e seu comissariado grita "golpe!". Tudo parolagem. Getúlio foi encurralado por uma rebelião militar a partir de um caso em que membros de sua guarda pessoal tentaram matar o principal líder da oposição.

Getúlio era um homem frugal. Ao contrário de Lula, nunca teve apartamento na praia e sua fazenda vinha de herança familiar. Não pode ser golpe o cumprimento de um dispositivo constitucional seguindo-se o ritual da lei, sob as vistas do Supremo Tribunal Federal.

Resta uma questão: as pedaladas fiscais não seriam motivo suficiente para o impedimento de um presidente. Além das pedaladas há sobre a mesa otras cositas más. Admita-se que essas cositas fazem parte de outro processo. Na atual etapa, tudo desemboca numa questão político-aritmética: a Câmara só poderá decidir a abertura do processo contra a doutora pelo voto de dois terços de seus deputados. Como Dilma, eles foram eleitos pelo povo e a Constituição diz que é deles a decisão nessa fase do julgamento. Sem os dois terços não haverá impeachment. Com eles, haverá. Ademais, era nesse Congresso que o PT cevava sua maioria, a famosa base de apoio.

Movimentos tentam reunir 100 mil contra impeachment

Postado por Magno Martins

A Frente Brasil Popular, integrada por 60 movimentos sociais e apoiada pelo movimento Povo Sem Medo, do PSOL, pretende levar 100 mil pessoas a Brasília, na próxima quinta-feira, em manifestação contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Com o slogan "golpe nunca mais", atos serão realizados simultaneamente em várias capitais e cidades do interior. Não estão descartados fechamento de rodovias, ocupações de prédios e propriedades rurais.

Em São Paulo, a manifestação começa às 16 horas, na Praça da Sé, centro da capital. Os atos também vão criticar a reforma da Previdência e o ajuste fiscal do próprio governo que os movimentos defendem. "As organizações sociais defendem que a tentativa de retirar Dilma Rousseff da Presidência é um golpe à democracia. A data é emblemática, pois lembra o golpe militar de 1964. As frentes definiram que o foco principal é a marcha para Brasília e vamos estar lá, mas também vamos ter mobilizações no interior", disse o dirigente nacional do Movimento dos Sem-Terra (MST), Gilmar Mauro.

Para o presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT São Paulo), Douglas Izzo, também coordenador da Frente Brasil Popular, apoiar a saída da presidente é estar ao lado dos que querem o fim dos diretos trabalhistas e o retrocesso das conquistas sociais e na área de direitos humanos. Dissidente do MST e líder da Frente Nacional de Lutas (FNL), José Rainha Junior levará militantes a Brasília e seus aliados farão atos no interior de São Paulo. Rainha se diz crítico do governo Dilma em relação à reforma agrária, mas participará dos atos em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, investigado na Operação Lava Jato.

O presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer), Carlos Lopes, disse que seu grupo vai se mobilizar em defesa de Dilma e Lula, "mas vamos cobrar a reforma agrária". O Povo Sem Medo lançou o manifesto 'Periferias contra o Golpe', com assinaturas de movimentos sociais e culturais, em que expõe a preocupação nas periferias com os rumos do País. Em nota conjunta, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo informam que os eixos da mobilização incluem a defesa da democracia, mudança na política econômica e defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários já conquistados.

Página de impressão amigável Enviar esta história par aum amigo Criar um arquvo PDF do artigo
Publicidade Notícia