Oposição: ato do PMDB acentua crise; Base culpa Temer
Postado por Magno Martins
Diretório do partido decidiu, por aclamação, por ruptura com governo. Os seis ministros peemedebistas serão orientados a entregar seus cargos.
Do G1, em Brasília
O Diretório Nacional do PMDB decidiu nesta terça-feira (29), por aclamação, romper oficialmente com o governo da presidente Dilma Rousseff. Na reunião, a cúpula peemedebista também determinou que os seis ministros do partido e os filiados que ocupam outros postos no Executivo federal entreguem seus cargos. A decisão repercutiu imediatamente no Congresso Nacional entre integrantes da base aliada do governo e da oposição.
Veja o que disseram parlamentares sobre o rompimento do PMDB com o governo:
Deputado Antonio Imbassahy (BA), líder do PSDB na Câmara “Essa decisão do PMDB reforça o impeachment. O governo estava em agonia e perde o principal parceiro que dá sustentação a ele. Quando o PMDB desembarca, ele vai arrastando os deputados de outros partidos. Sobre a proposta de buscar apoios individuais em troca de cargo, uma presidente que começa como faxineira [da corrupção] e termina negociando cargo por um votinho, é melancólico.”
Deputado Afonso Florence (PT-BA), líder do PT na Câmara “Tem golpe hoje no Brasil e o nome dele agora é impeachment. E tem de patrocinador Michel Temer, que posava de jurista e agora é golpista. [...] Até onde acompanhei pela imprensa nem todo o PMDB estava lá. Temos que esperar o resultado político. Há ministros e deputados que tem que se pronunciar. O governo, o PT e todos os defensores da democracia rechaçam o impeachment. Esperamos que parlamentares do PMDB na Câmara também o façam.”
Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara "Acho que tem que separar muito bem a decisão do PMDB de sair, que eu defendo antes de ser protocolado o pedido de impeachment, da situação de que está saindo por causa de um processo de impeachment. O PMDB tinha que sair de qualquer maneira, tendo ou não tendo impeachment, passando ou não passando [o impeachment], o PMDB tem que buscar o seu caminho. [...] A maioria [dos deputados], na realidade, o governo já não tem aqui há muito tempo, é só examinar as votações que existiam aqui na Casa. Bastava ter qualquer tema relevante, o governo sempre perdia. Na verdade, metade do PMDB já estava fora. O que vai acontecer é que agora vai, institucionalmente, talvez o restante vá.”
Deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), líder do DEM na Câmara "O governo está em estado terminal e o PT está se acabando. Agora, com a saída do PMDB do governo, não resta mais nada para a presidente Dilma Rousseff a não ser renunciar e nos poupar tempo."
Deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE), vice-líder do governo na Câmara “O homem covarde jamais deixará de ser covarde e nunca será homem. Quero começar me dirigindo ao vice-presidente Michel Temer. Acho que hoje ele prestou um grande serviço ao Brasil. Sabe por quê? Porque a partir de hoje ele começou a fazer às claras o que ele já fazia às escondidas, que era conspirar. Antes a gente sabia que ele estava conspirando, mas estávamos impedidos de jogar, porque poderíamos ficar como vilão.”
Deputado Wadih Damous (PT-RJ), vice-líder do PT na Câmara "A decisão do PMDB é parcialmente verdadeira, porque há setores do PMDB que são contrários. Foram notáveis, mais do que as presenças, as ausências, por exemplo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do [ex-presidente] José Sarney e do líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani. Alguns ministros do PMDB já declararam que não querem deixar o governo e são contra essa decisão. Então, essa é uma questão que ainda deverá ter desdobramentos nos próximos dias."
Senador Álvaro Dias (PV-PR), líder do PV no Casa "Isso facilitará também um espaço maior para o balcão de negócios. Lamentavelmente, isso proporciona uma tentação a corrupção, já que quem preside o país terá que negociar individualmente os votos até pra se safar do processo de impeachment."
Senador Humberto Costa (PT-PE), líder do governo na Casa "Naturalmente que quem dá apoio gosta e pretende participar desse ato de governar. Então é possível que nós venhamos a buscar outros parceiros, mesmo além daqueles que já estão conosco para que possam compor essa base de sustentação."
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