Governo oferece Saúde para evitar desembarque do PP
Da Folha de São Paulo
No balcão de ofertas aberto após o rompimento com o PMDB, o governo federal ofereceu ao PP o Ministério da Saúde, um dos principais da Esplanada, e uma troca de ministro na Integração Nacional, já comandada pelo partido. O objetivo é tentar evitar o desembarque da quarta maior bancada da Câmara dos Deputados.
A Folha apurou que a negociação é para tornar o deputado Cacá Leão (PP-BA) o novo ministro da Integração Nacional no lugar de Gilberto Occhi, que tem menor representatividade na bancada de 49 deputados. Occhi assumiria a presidência de alguma estatal ou autarquia federal.
A Saúde ficaria com o deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Em reunião realizada na manhã de hoje, no gabinete do presidente do partido, Ciro Nogueira (PI), o partido decidiu marcar para o dia 11, véspera da votação do impeachment na Comissão Especial da Câmara, a decisão final se vai ou não permanecer no governo.
Logo depois da reunião, o deputado Ricardo Barros disse à Folha que não foi convidado para nenhum ministério e que nem poderia discutir qualquer assunto relacionado a isto porque seu partido decidiu marcar reunião para o dia 11 para decidir sua posição sobre o impeachment.
A Folha apurou, porém, que o nome de Barros faz parte da lista que o Palácio do Planalto montou para tentar garantir a manutenção do PP na base aliada e, com isto, evitar a abertura do impeachment.
Ciro se encontrou, ontem, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comanda os entendimentos para tentar barrar o impeachment de Dilma Rousseff.
A Saúde é comandada hoje pelo deputado licenciado Marcelo Castro (PMDB-PI), cuja permanência se tornou difícil após a decisão do PMDB de romper com o governo
Além do PP, PR, PSD e outras legendas menores, como o PTN e o PHS estão sendo procuradas pelo governo com a proposta de ocupar o espaço que será aberto com a entrega de ministérios e cargos pelo PMDB.
Dilma busca apoio de artistas e intelectuais
Da Folha de São Paulo
Em uma estratégia para tentar enfraquecer o movimento favorável ao impeachment, a presidente Dilma Rousseff promoverá evento, amanhã, com artistas e intelectuais em defesa de seu mandato.
A cerimônia, intitulada "Encontro com Artistas e Intelectuais em Defesa da Democracia", faz parte de esforço do Palácio do Planalto em tentar repetir a "Campanha pela Legalidade" da década de 1960, feita em defesa da posse de João Goulart após a renúncia do presidente Jânio Quadros.
Na semana passada, encontro similar foi realizado com advogados e juristas, que entregaram moções de apoio à petista e entoaram gritos como "Não vai ter golpe".
O evento desta quinta, organizado pelo ministro Juca Ferreira (Cultura), deve contar com as presenças das cantoras Beth Carvalho e Leci Brandão, dos atores Osmar Prado, Letícia Sabatella, Antônio Pitanga, Tássia Camargo e Elisa Lucinda, dos diretores Anna Muylaert e Luiz Carlos Barreto e do caricaturista Ziraldo, entre outros.
O ator Wagner Moura e o neurocientista Miguel Nicolelis não poderão participar, mas gravaram vídeos de apoio à presidente. Além de discursarem na cerimônia, artistas e intelectuais entregarão à petista moções contra o impeachment.
A ideia é que, depois do evento público, a presidente receba alguns dos artistas e intelectuais para encontros reservados.
Eles devem participar também de manifestação marcada para amanhã em Brasília em apoio ao governo petista, na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também deve estar presente.
Desde o agravamento da crise política, o Palácio do Planalto tem adotado estratégia de promover eventos com a presença de claques pró-governo. Na semana retrasada, evento de posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Casa Civil também teve gritos contrários ao impeachment, assim como a cerimônia com advogados e juristas.
Hoje, evento oficial do Minha Casa, Minha Vida foi transformado em um palanque em defesa da petista. Na cerimônia, realizada no salão principal do Palácio do Planalto, estavam presentes representantes de movimentos sociais que costumam apoiar o governo federal, como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), União dos Movimentos de Moradia de São Paulo, MLT (Movimento de Luta pela Terra) e FNL (Frente Nacional de Luta).
Eles foram colocados em lugares destinados a convidados, dos quais entoaram gritos de guerra pró-governo federal mesmo antes do evento começar. Os presentes chamaram o juiz Sergio Moro, o vice-presidente Michel Temer e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de "golpistas" e cantaram o já tradicional "Não vai ter golpe".
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