Regionais : Um país dividido de alto a baixo
Enviado por alexandre em 02/04/2016 19:26:22

Um país dividido de alto a baixo




Carlos Chagas

Vergonha maior ainda não se tinha visto. Decidiu a presidente Dilma demitir ministros e altos funcionários do PMDB dispostos a seguir as determinações do partido, de desligar-se do governo. Por enquanto a guilhotina vem sendo acionada devagar, ainda que cabeças já comecem a rolar. Troca-se a eficiência administrativa por votos contrários ao impeachment de Madame. Um ministro vale pelo número de deputados que controla para votar com o governo, não pelos projetos que executa ou as obras que promove. A recíproca também é verdadeira: se o ministro se nega a aliciar deputados para a garantia da permanência da presidente no palácio do Planalto, é mandado embora. Mais fácil ainda se torna remanejar os funcionários do segundo escalão para baixo.

Assistimos a uma operação de compra e venda, sem o menor pudor. O objetivo da administração federal deixou de ser aprimorar a ação da máquina estatal, passando à tentativa de deixar que tudo continue como sempre em termos de subserviência dos ministros.

Impedir a aprovação do afastamento da presidente virou objetivo maior e fundamental, pouco importando o desempenho de seu governo.

UM PAÍS RACHADO

A divisão das manifestações populares em duas metades inconciliáveis não dará bom resultado. Pelo contrário, revela um país perigosamente desunido e às vésperas da desagregação. Nenhum esforço se faz pela conciliação e cada dia que passa, ou cada passeata que se organiza, demonstram a impossibilidade da união nacional. As peças se confundem no tabuleiro e logo duas forças antagônicas dividirão a partida.

Importa menos se Dilma não conseguirá evitar o impeachement ou se Michel conseguirá um xeque-mate contra a adversária. No final de tudo,um grupo de peões, bispos e torres estarão derrotados, mas outro conglomerado de peças iguais, apenas diferentes no colorido, apresentarão força quase igual, definido o vencedor por um golpe de sorte. Mas um país dividido de alto a baixo.

Renan: Temer “foi muito burro” em romper com governo


Michel Temer errou e passou a correr riscos desnecessários ao forçar a mão para que o PMDB rompesse com o governo, acelerando o processo de impeachment. A opinião é do presidente do Senado, Renan Calheiros, que chegou a dizer a outros parlamentares que o vice-presidente "foi muito burro". A informação é de Mônica Bergamo, na sua coluna deste sábado da Folha de S.Paulo.

Diz a colunista que Calheiros avalia que, ao se colocar como contraponto de Dilma Rousseff, o vice se posicionou na linha de tiro e atraiu para ele os ataques dos que são contrários ao impeachment. Disse Calheiros aos senadores que, em Alagoas, seu Estado natal, 80% eram a favor da saída da presidente. Mas, com Temer do outro lado da linha, o entusiasmo das pessoas esmoreceu.

Michel Temer – afirma ainda Mônica --, teria também "enchido a caneta" de Dilma de tinta, abrindo espaço para que ela fizesse centenas de nomeações para atrair aliados em cargos antes ocupados pelo grupo do vice no governo.

“O presidente do Senado acha que Temer deveria ter agido como Itamar Franco, vice que assumiu a Presidência no lugar de Fernando Collor depois do impeachment, na década de 1990: o mineiro ficou nas sombras e esperou o governo cair no colo dele.”


Janot denunciará Dilma e Aécio ao STF, após licença



Tão logo volte de uma licença médica, Rodrigo Janot deve enviar ao STF as denúncias contra Dilma e o senador Aécio Neves (PSDB), a partir da delação do senador Delcídio do Amaral.

Enquanto isso, procuradores que atuam na Lava-Jato avaliam que o STF terá dificuldade de anular o grampo em que Dilma Rousseff fala com Lula sobre a posse dele na Casa Civil.

Para o Ministério Público, ao reconhecer o diálogo, Dilma fez uma confissão qualificada.

Já o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias passou a comandar a tratativa para a delação premiada de Marcelo Odebrecht na Lava-Jato. E o criminalista José Luis Oliveira Lima assumiu a colaboração de Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS. (Coluna Radar - Veja)

Toma lá: governo sai das cordas e respira aliviado



Blog do Camarotti

A semana terminou com o governo respirando aliviado em relação a possibilidade de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A avaliação no Palácio do Planalto é que o governo conseguiu sair das cordas depois do movimento de desembarque do PMDB no início da semana.

Petistas também consideram que a narrativa de que Dilma sofre uma tentativa de golpe conseguiu animar a militância. Na prática, esse discurso serviu para o governo sair das cordas, depois do escândalo de corrupção do petróleo. O seja, o PT deixou uma agenda extremamente negativa com as denúncias da Operação Lava Jato, para emplacar o enredo de que Dilma é vítima de uma tentativa de golpe.

Apesar desse discurso público de vitimização, o governo se mostrou extremamente pragmática nesses últimos dias. Com a saída do PMDB, a estratégia palaciana foi de iniciar uma negociação explícita oferecendo ministérios e cargos em troca de votos (ou ausências) contra o impeachment de Dilma. Ou seja, passou a negociar no balcão com o PP , PR, PSD e partidos nanicos. O PP e o PR (ex-PL) são legendas que tiveram protagonismo no escândalo do mensalão.

Na política real, o governo foi para a ofensiva para mudar o placar do julgamento do impeachment. Ou seja, passou a negociar diretamente com os juízes do tribunal que analisará o impedimento de Dilma: os deputados.

Diante disso, os partidos e os parlamentares decidiram valorizar o voto. E devem negociar até a reta final do julgamento do impeachment. Nunca – nesses anos de governo Dilma - o toma-lá-dá-cá foi tão intenso como agora

Rivalidade perigosa



Ricardo Boechat - IstoÉ
Presente no jogo do Flamengo contra o Vasco no Mané Garrincha, na quarta-feira 30, o ministro Marco Aurélio Mello (STF) viu mais do que dois adversários em campo.

Foi testemunha de interesses antagônicos nas arquibancadas.

Faixas com os dizeres “Não vai ter golpe” eram arrancadas a força e apareciam em outras áreas da arena.

O mesmo com as que estampavam “Fora Dilma”.

Marco Aurélio defende um diálogo urgente entre os Poderes que recoloque o País no eixo, tire a população do sufoco e evite indesejáveis conflitos sociais.

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