Regionais : Dilma: Novas eleições? Convença o Congresso!
Enviado por alexandre em 05/04/2016 17:30:00

Dilma: Novas eleições? Convença o Congresso!



Alvo de um processo de impeachment na Câmara, a presidente Dilma Rousseff ironizou, hoje, a proposta de convocar novas eleições gerais como uma medida para encerrar a crise política que atinge o país. "Convence a Câmara e o Senado a abrir mãos de seus mandatos, aí vem conversar comigo", declarou.

Segundo reportagem da "Folha de S.Paulo", a proposta vem sendo articulada por nove senadores do PSB, PPS e Rede. A ideia ganhou o endosso do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) na segunda-feira.

Em discurso na tribuna do Senado, ele afirmou que a possibilidade equivaleria à antecipação do fim do mandato, e não a renúncia ou impeachment. "Seria (...) antecipar as eleições presidenciais que aconteceriam agora em outubro próximo, concomitantemente com as eleições municipais", explicou Raupp, segundo o qual a proposta não foi discutida com o PMDB.

Hoje, porém, Dilma demonstrou pouca preocupação com a possibilidade. Segundo ela, aceitar novas eleições seria abrir mão da segunda metade de seu mandato.

"Eu acho que essas propostas [novas eleições], como várias outras, são propostas. Não rechaço nem aceito", disse a presidente ao ser questionada por jornalistas.

No domingo, em resposta ao editorial da "Folha de São Paulo" --que pedia a renúncia da presidente e do vice-presidente Michel Temer (PMDB) para que possam ser convocadas novas eleições--, Dilma disse que "jamais renunciará"

A possibilidade de novas eleições também foi levantada nesta terça-feira também pela Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva. A presidenciável lidera pesquisa Datafolha de intenções de votos à presidência para 2018, tendo entre 21% e 24% das intenções.

Tirar governo não vai pacificar país

Hoje, Dilma também afirmou uma eventual mudança de governo não será suficiente para pacificar o país e que o Brasil precisa de "um pacto pelo diálogo". "Nenhum governo conseguirá governar o Brasil se não tiver um pacto pelo diálogo, pela estabilidade política."

Ela reclamou das tentativas da oposição de questionar sua vitória nas eleições de 2014 e de interromper seu mandato. Alvo de um processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados, a presidente teve sua defesa apresentada ontem pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.

"Criaram toda sorte de problemas. Aí, acham que, ao tirar um governo legitimamente eleito, esse país vai ficar tranquilo, vai ser pacificado. Não é. Quando você rompe um contrato dessa magnitude, que é base do presidencialismo, você rompe contratos em geral, rompe a base da estrutura democrática do país. A instabilidade pode permanecer de forma profunda e extremamente danosa. Quando você tem responsabilidade diante do país, você não cria tumulto desnecessário, sem base."

Dilma citou a instabilidade política como uma das causas da crise econômica e afirmou estar disposta a dialogar. "O governo está inteiramente disposto a abrir o diálogo."

Para Renan, antecipação de eleições gerais é alternativa



Da Folha de São Paulo

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou, hoje, "ver com bons olhos" a ideia de antecipar as eleições para outubro deste ano como forma de resolver a crise política do país.

Para o peemedebista, o novo pleito deve englobar todos os cargos eletivos: presidente da República, governadores, senadores e deputados. As eleições desse ano já contemplam prefeitos e vereadores.

"Se a política não arbitrar saídas para o Brasil, nós não podemos fechar nenhuma porta, deixar de discutir nenhuma alternativa, nem essa de eleição geral ou fazer uma revisão do sistema de governo e identificarmos o que há de melhor no parlamentarismo e no presidencialismo", afirmou.

A ideia de se antecipar as eleições presidenciais começou a ganhar força recentemente. Um bloco de nove senadores do PSB, PPS e Rede já iniciaram uma articulação para levar a tese adiante. Eles se reúnem nesta terça para fechar uma posição em bloco e avaliar como a proposta pode ser levada ao Congresso.

Nesta segunda, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) também defendeu a questão em um pronunciamento no plenário do Senado. "Não seria uma renúncia. Não seria um impeachment, mas, sim, antecipar as eleições presidenciais que aconteceriam agora em outubro próximo, concomitantemente com as eleições municipais", disse o senador no discurso.

A ideia, no entanto, não tem respaldo do PMDB. Segundo parlamentares do partido, a questão não deve ser levada adiante porque, além de questões legais, como a mudança de regras eleitorais a menos de um ano das eleições, também não haverá respaldo da classe política para tal.

A presidente Dilma Rousseff fez uma provocação aos parlamentares que defendem a ideia nesta terça. Em entrevista a jornalistas, a petista disse que concorda discutir a questão desde que deputados e senadores também aceitem participar de um processo eleitoral antecipado. "Convence a Câmara e o Senado de abrirem mão de seus mandatos. Aí, vem conversar comigo", disse a presidente.

Para Renan, a antecipação das eleições só deve acontecer se for geral, englobando todos os cargos eletivos no país. "Acho que antecipação de eleição presidencial é uma outra coisa. A tese que está sendo defendida é uma tese mais ampla e pode significar uma resposta da política para o Brasil que continua a demonstrar muita ansiedade", disse.

Questionado se acredita na possibilidade de o Congresso aprovar uma mudança na Constituição que viabilize a antecipação das eleições, Renan disse não saber se isso pode acontecer. "Se vai ser aprovada ou não, nós não sabemos, mas acho que temos que guardá-la como alternativa", disse.

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