O balcão é com Lula
A presidente Dilma está tentando se salvar mediante a compra escancarada de votos. A moeda em vigor são os 600 cargos que o PMDB ocupava na administração direta, na indireta e nas estatais, mas com um detalhe: os partidos escolhidos para o leilão do toma-lá-dá-cá têm que confiar na palavra empenhada da chefona, que decidiu só dar o mel para a lambuza após se livrar do impeachment.
Quem confia na palavra de Dilma? Poucos ou quase ninguém. Mas a compra, com escritura passada em cartório após a votação do dia 17, está sendo feita por um profissional do ramo: o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, que instalou o seu bunker num dos hotéis mais chics da capital e de lá comanda a operação do tudo ou nada.
Presidente nacional do Solidariedade, o deputado Paulinho da Força Sindical (SP) denunciou, ontem, em entrevista após uma audiência com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que o Governo estaria oferecendo dinheiro vivo, além de cargos. Falou em ofertas de até R$ 400 mil. “É uma compra vergonhosa para manter o PT no poder a todo custo”, disse.
Sem apresentar provas, Paulinho acusou o Governo de oferecer dinheiro a deputados para não virem votar o impeachment ou votarem contra o processo. O deputado é presidente nacional do Solidariedade e da Força Sindical e um dos mais ferrenhos adversários do governo Dilma Rousseff. Sem dar maiores explicações ou dizer quem teria recebido a oferta, Paulinho chegou a dizer que o Governo ofereceu R$ 2 milhões a um único deputado para votar contra o processo.
“É mais ou menos o que o PT faz a vida toda: engana todo mundo. Os parlamentares que estão aqui nesse troca-troca (cargos) têm que saber disso: o Governo oferece, mas não cumpre. Porque, se cumprir, imagina como será depois: pagar R$ 400 mil para um deputado ficar em casa, para não vir votar. Em seguida, como ela governa o Brasil com menos de 171 votos? É o caos no País — disse Paulinho, quando respondia à pergunta sobre a ação do Governo em oferecer cargos aos aliados em entrevista coletiva no Salão Verde da Câmara.
Os jornalistas então quiseram saber dos detalhes do pagamento dos R$ 400 mil pelo Governo e o deputado, já deixando o local da entrevista, afirmou que o Governo "está oferecendo" e acrescentou: “Ontem, ofereceram 2 milhões para um deputado só”. Paulinho, no entanto, avisou que não falaria quem é o deputado, apesar da insistência dos jornalistas para que apresentasse o nome do deputado a que estava se referindo.
Um dos aliados mais próximos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Paulinho foi responsável por capitanear, no ano passado, as manifestações mais fortes e polêmicas contra o Governo na Câmara. Entre elas, a manifestação em que sindicalistas da Força Sindical jogaram sobre o plenário da Câmara papeis imitando cédulas de dólar com a cara de Dilma, Lula e onde se lia petrodólar, em votação de MP que restringia o acesso ao seguro-desemprego no ano passado.
JUCÁ NO COMANDO– O senador Romero Jucá (RR) assumiu, ontem, a presidência do PMDB em virtude do pedido de licença do presidente Michel Temer. Fora do comando do partido, Temer disse que terá melhores condições de responder aos ataques que a sigla tem sofrido nos últimos dias. “Isso retira o presidente Michel Temer da tentativa de alguns setores de trazê-lo para uma briga de rua, para um desgaste, para um debate inócuo e muitas vezes irresponsável, disse Jucá.
Tucano abre mão de mandato – Vice-líder da oposição na Câmara dos Deputados, o tucano Bruno Araújo disse, ontem, que abriria mão do seu mandato de mais dois anos para que o País possa realizar eleições gerais em outubro próximo. “A presidente provocou o Congresso, sugerindo que aqui ninguém abriria mão do seu mandato. Quero comunicar que sou favorável e desde já faço este desafio para que ela e seus aliados também pensem mais no Brasil e não, circunstancialmente, neles”, assinalou, adiantando que, neste momento, a melhor saída é a convocação de eleições gerais.
Falcatruas na CBF e Fifa– Presidente da CPI que investiga denúncias de irregularidades na Fifa e CBF, o deputado Fernando Monteiro (PP) disse, ontem, que, além de investigar a comissão deve contribuir para a melhoria do futebol brasileiro e deixar um legado para as próximas gerações. “Meu relatório será feito com verdades. Vou fazer um documento com responsabilidade e clareza. Vamos ouvir os envolvidos e apurar as denúncias”. Ele ressaltou que, conforme prevê o Regimento Interno da Câmara, todos os procedimentos adotados na CPI serão encaminhados ao Ministério Público.
Saia justa em Marina– O deputado Mendonça Filho (DEM) criticou a iniciativa pela realização de novas eleições, batizada de "Nem Dilma nem Temer", por parte da Rede Sustentabilidade, partido da ex-senadora Marina Silva. Segundo ele, a iniciativa é uma "saída estranha" e "confronta a ordem institucional". "Acho uma saída estranha, para dizer o mínimo, e que confronta a própria ordem institucional. É uma saída que não adota uma posição clara e objetiva", disse Mendonça. Segundo ele, "a sociedade brasileira quer uma saída constitucional, e ela passa, necessariamente, pelo processo de impeachment".
PT já admite eleições– O líder do PT no Senado, Humberto Costa, afirmou que o PT não descarta discutir a possibilidade de convocação para a realização de novas eleições após a conclusão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para ele, a proposta "demonstra que o impedimento de Dilma está perdendo força". "Dá para a gente conversar depois do impeachment. Mas nossa posição é de que a presidente tem toda a legitimidade para concluir o mandato", destacou, para acrescentar: "Vindo do próprio PMDB, começa a dar por certo que é difícil Temer conseguir governar o Brasil após um processo de impedimento marcado por tanta ilegalidade”.
A favor do impeachment– O líder do PSB na Câmara dos Deputados, Fernando Filho, reafirmou, ontem, que votará pelo impeachment da presidente Dilma. Confirmou que esteve com o ex-presidente Lula, quinta-feira passada, mas em nenhum momento recuou do seu voto pelo impedimento da presidente. Segundo ele, a bancada votará praticamente fechada pelo impeachment. “Se houver dissidências, serão mínimas, algo em torno de quatro ou cinco”, informou. Na próxima segunda-feira, dia da votação do processo na Comissão Especial, Fernando Filho comanda reunião da bancada para tratar da votação em plenário, dia 17.
CURTAS
GIRO ELEITORAL– No próximo fim de semana, o ministro Armando Monteiro retoma sua agenda política voltada para os municípios onde o PTB tem chances de eleger prefeitos. Tem encontros agendados com lideranças de sete municípios do Agreste: Brejão, Saloá, Paranatama, Garanhuns, Sairé, Bonito e Agrestina.
ARMAS – O governador Paulo Câmara comanda, hoje, a destruição de três mil armas de fogo apreendidas durante abordagens policiais realizadas em todo o Estado. A cerimônia acontece, às 9 horas, no pátio interno do 4º Batalhão de Polícia do Exército, no Curado. A operação, que faz parte das ações do Pacto pela Vida.
Perguntar não ofende: Quem está bancando as diárias de Lula no caríssimo hotel Royal Tulip de Brasília? |