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Enviado por alexandre em 08/04/2016 08:53:06

Perguntas sem respostas



A delação da Andrade Gutierrez voltou a jogar o petrolão no colo de Dilma Rousseff. Executivos da empreiteira disseram à Lava Jato que o esquema abasteceu as campanhas da presidente. Segundo eles, o dinheiro foi desviado da Petrobras e do sistema elétrico.

A construtora teria feito doações legais para mascarar a operação. O relato reforça a tese de que a Justiça Eleitoral foi usada como lavanderia, o que é contestado pelo ministro Edinho Silva. Os delatores também disseram que a usina de Belo Monte gerou propina antes de começar a gerar energia. O acerto teria chegado a R$ 150 milhões, divididos igualmente entre o PT e o PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer.

O governo se defendeu com a estratégia do ataque. Em discurso no Planalto, Dilma reclamou do "uso de vazamentos seletivos" que, de acordo com ela, têm "claro objetivo de criar A presidente pode ter motivos para desconfiar do bombardeio às vésperas da votação do impeachment, mas não deveria se recusar a discutir o conteúdo dos vazamentos -que nada têm a ver com a divulgação ilegal de suas conversas telefônicas.

Dilma sabia da corrupção em Belo Monte? Sua aliada Erenice Guerra interferiu na montagem dos consórcios da usina? Ela acredita que os executivos teriam mentido à Justiça para incriminá-la? Ao encerrar mais uma cerimônia oficial sem dar entrevista, a presidente deixou essas e outras perguntas sem resposta.

A propósito: o Ministério Público se interessou em saber a origem do dinheiro que a Andrade Gutierrez doou a políticos da oposição, como Aécio Neves e Paulo Skaf?

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O PMDB acionou sua comissão de ética para expulsar os ministros que não obedeceram à ordem de abandonar o governo. A notícia é espantosa. Poucos brasileiros seriam capazes de imaginar uma comissão de ética no PMDB.


Sob a ameaça dos versos de Dionísio

Postado por Magno Martins

Carlos Chagas

Dionísio, ditador de Siracusa, era mau como o diabo, mas também metido a poeta. Claro que só recebia elogios pelos seus versos. Certa feita, chamado a opinar, Filóxeno, outro poeta, declarou que a obra do tirano não valia nada. Imediatamente foi condenado a trabalhos forçados nas pedreiras da Sicília. Dionísio arrependeu-se no dia seguinte e ofereceu lauto banquete ao condenado, prometendo perdoá-lo caso se manifestasse outra vez sobre seus versos. O infeliz não se conteve, chamou os guardas e pediu que o levassem de novo para as pedreiras...

Essa historinha se conta a propósito do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do qual se diz que os aplausos colhidos no plenário quando de sua eleição, no começo do ano, só não parecem menores do que as vaias recebidas hoje, quando abre a boca.

Profundo conhecedor da legislação, ele vem protelando cada etapa do processo a que responde por falta de decoro parlamentar, mantendo-se com sucesso no segundo degrau da sucessão presidencial. Pelo menos até fevereiro do próximo ano, ocupará o palácio do Planalto se a presidente Dilma vier a ser afastada e, numa outra hipótese também possível, se ela e o vice Michel Temer tiverem seus mandatos cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Não haverá o que fazer, mesmo diante da evidência de que o deputado mentiu ao omitir que dispunha de dinheiro podre depositado na Suíça e de ter-se envolvido em numerosos outros crimes praticados à sombra de seu mandato.

Apenas para raciocinar, vamos que essas situações se caracterizem, isto é, que de acordo com a Constituição, Eduardo Cunha necessite assumir a presidência da República, ao menos para convocar novas eleições. A causa terão sido seus malfadados versos, à maneira daqueles elaborados por Dionísio, prestes a mandar quebrar pedras todos que vierem a ouvi-los. Ou terá chegado a hora de trocar lamentável poesia por preceitos situados acima e além da Constituição?

Essa é a sina que nos aguarda. Teriam as instituições capacidade e coragem para desmentir-se, quebrar a lei e impedir a ascensão ao poder de tamanho sócio de Al Capone? Com base na ética, não pode, mas pela lei que nos rege, é obrigado. Ousariam as forças armadas, os sindicatos, os parlamentares, a classe média ou a opinião pública romper os postulados democráticos que hoje nos colocam diante da alternativa de seguir a Constituição ou assistir um bandido elevar-se à presidência da República? Serão os versos de Dionísio ou os de Eduardo Cunha que nos ameaçam?

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