"Ser deputado é tranquilo; faço de conta que trabalho"
Maluf considera "uma vergonha nacional" o seu partido ser o recordista de citações na Lava Jato
Maluf comenta escândalos envolvendo seu nome, diz que vota pró-impeachment mas que Dilma "é correta" e cita Barroso sobre possível governo PMDB: "É isso que nos espera?"
Depois de ser duas vezes candidato à Presidência da República, prefeito de São Paulo outras duas, governador do Estado paulista e quatro vezes deputado federal, Paulo Maluf (PP-SP), aos 84 anos, diz preferir o último posto.
"Vou cumprir este mandato de deputado federal em 2018, aos 87 anos. Se estiver com boa saúde, não preciso fazer campanha para deputado. É só que dizer que sou candidato que estou eleito. Executivo não tem mais", diz. E completa: "(Ser) deputado é tranquilo: trabalho terça, quarta e quinta metade do tempo. Faço de conta que estou trabalhando."
Criticado por ter faltado a oito das dez reuniões da comissão especial que discute o impeachment na Câmara ("não tinha obrigação"), o político explica que sua defesa pelo afastamento de Dilma Rousseff é apenas política.
"Ela é correta e decente, mas voto pelo impeachment", afirma, acusando o presidente de seu partido, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), de ter negociado apoio ao governo sem consultar os demais políticos de sua base. Para Maluf, a negociação de cargos foi "espúria, para não dizer pornográfica", e Nogueira se comportou de maneira "monocrática", como um "ditadorzinho do Piauí".
O político enfatiza ainda considerar "uma vergonha nacional" o fato de seu partido ser o recordista de citações na Lava Jato, com mais de 30 investigados. Ele também comenta os casos de corrupção em que esteve envolvido, como sua recente condenação à prisão pelo Tribunal Criminal de Paris, por lavagem de dinheiro – à qual recorre na Suprema Corte da França.
PMDB pode perder oito deputados
Gabriel Garcia
De Brasília
As contas da executiva nacional do maior partido do Congresso, o PMDB, preveem a expulsão de oito deputados federais, que tendem a votar contra o impeachment ou simplesmente não devem aparecer à sessão do plenário da Câmara que selará o destino da presidente da República, Dilma Rousseff. Aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Carlos Marun (PMDB-MS) acredita que o principal foco de tensão na bancada peemedebista na Câmara virá do Pará.
São deputados pelo Estado Elcione Barbalho (PMDB-PA), ex-mulher de Jader Barbalho, José Priante (PMDB-PA) e Simone Morgado (PMDB-PA). Além deles, Helder Barbalho está licenciado, porque exerce o cargo de ministro dos Portos. Hoje, o PMDB conta com 68 deputados federais, a maior bancada. Independente do desfecho do impeachment, Dilma precisará renegociar com a legenda caso tenha pretensão de governar o Brasil.
Em alta
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que mudou de opinião sobre a nomeação do ex-presidente Lula para ministro da Casa Civil. O parecer foi enviado ao ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, relator da ação que suspendeu a nomeação de Lula. O mérito do caso deverá ser levado para julgamento em plenário do Supremo. Em baixa
O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello decepcionou ao determinar ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que receba pedido de impeachment do vice-presidente Michel Temer. Mello foi duramente criticado por juristas, por deputados e até por seus pares. O Tribunal de Contas da União (TCU) já isentou o vice-presidente das pedaladas.
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