Comissão de Educação recebe secretária para esclarecer Mediação Tecnológica
Fátima Gaviolli explica que não há professores para atender todas as escolas
A Comissão de Educação, na reunião desta quarta-feira (13), contou com a presença da secretária de Estado da Educação, Fátima Gaviolli, que veio atender solicitação de prestar esclarecimentos quanto à medida do governo em implantar a Mediação Tecnológica no ensino público em Rondônia.
A presidente da comissão, Lúcia Tereza (PP), agradeceu a disposição da secretária e disse que a presença da chefe da Seduc fortalece os trabalhos dos parlamentares. O deputado Lazinho da Fetagro (PT) solicitou da presidente a junção da Comissão de Agricultura com a de educação, pois o tema atinge em especial as escolas da Zona Rural.
O deputado Adelino Follador (DEM) ressaltou que, além de explicações sobre a educação na área rural, a secretária traz os esclarecimentos quanto ao uso da tecnologia no ensino a distância e todos os aspectos que envolvem a qualidade e a garantia da educação pública estadual.
Fátima Gaviolli explicou que a Mediação Tecnológica nasceu em Rondônia em 2011, quando a gestora da Seduc, na época, conheceu o Centro de Mediação Tecnológica do Amazonas. Ressaltou que, atualmente, a versão utilizada aqui no Estado é melhor do que no passado.
Segundo a secretária, antigamente os alunos só contavam com professores em estúdio e não havia o professor mediador. Atualmente, citou, a mediação em Rondônia conta com o docente em estúdio, o mediador, notebooks, geradores e internet móvel.
A secretária explicou que o método foi implantado em razão do colapso de professores que vive o país. Citou que as pessoas não apresentam mais predisposição para a docência, para a licenciatura pois, segundo ela, está cada vez mais fácil a forma de monitorar a qualidade de ensino e a avaliação do desempenho dos professores dentro da sala de aula.
“E não é por causa de salário, pois à medida que se avalia a qualidade de ensino, muitos professores acabam pedindo exoneração e grande parte, quando percebe que ensinar não é a sua praia, entra com laudo médico, e assim vamos ficando sem professores”, explicou.
Fátima Gaviolli citou episódio recente ocorrido em Jacinópolis, onde pais de alunos ameaçaram segurar a equipe da Seduc caso professores não fossem enviados para ministrar aulas sem desvio de função. A secretária informou que responde a várias ações no Ministério Público e Tribunal de Contas por não ter professores para atender todas as escolas.
“Eles mandaram que eu me virasse e questionaram qual a forma que eu iria usar para o atual governo não conviver com a falta de professor em sala de aula. Me deram um prazo de 90 dias para resolver o problema, foi então que me desesperei”, declarou.
Com uma proposta do Instituto Federal de Rondônia (Ifro), no início deste ano a secretária fez uma parceria com o instituto e implantou a mediação no primeiro ano do ensino médio através de um convênio até 2018. Explicou que conheceu toda a estrutura do Ifro e constatou a possibilidade de se enviar sinal para as videoaulas em locais de difícil acesso, principalmente escolas da Zona Rural.
“O Ifro precisa cumprir metas de matrículas e com essa parceria o Estado os ajuda com as dos nossos alunos e utilizamos o estúdio deles para as transmissões”, explicou a secretária, informando, ainda, que além de terminar o segundo grau o aluno recebe curso técnico através do instituto.
Fátima explicou que com a novidade, a Seduc não teve problemas com alunos e sim com movimentos de luta a favor da presença de professores dentro de sala de aula e contrários às aulas por videoconferência. Ela disse defender a mediação por saber que o Estado não tem professor para todo mundo e que os alunos não podem ficar sem aula. Criticou a posição da Unir, que estaria inflamando tais movimentos, porém não apresentaram solução para a falta de docentes.
Ao final de seus esclarecimentos, Fátima Gaviolli comunicou e entregou cópia da autorização reconhecida pelo Conselho Nacional de Educação para a utilização desse referido método de ensino e pediu aos parlamentares que a permitissem manter a mediação até o final do ano e, posteriormente, realizar uma avaliação para comparar os resultados obtidos por aluno.
A deputada Lúcia Tereza disse que a educação é a base fundamental para uma sociedade se desenvolver. Afirmou que o Estado precisa apoiar e disponibilizar cursos de Matemática, Física e Química para a docência. Acrescentou que o assunto precisa ser debatido de forma mais ampla e que marcará uma audiência para o aprofundamento do tema.
O deputado Aélcio da TV (PP) ressaltou sua preocupação em relação à docência, pois tem percebido números reduzidos nos processos seletivos. Salientou que sobram vagas, porque não existem mais interessados, principalmente para as disciplinas de exatas
O deputado Lazinho da Fetagro (PT) apresentou seu posicionamento contrário à Mediação Tecnológica de Ensino. Segundo ele, não é possível formar cidadão sem o contato interpessoal com o professor. Destacou sua preocupação ao perceber o tratamento das políticas públicas de forma mecânica.
“Tratar toda e qualquer política assim é desvalorizar o ser humano. Ideologicamente pergunto qual critério de formação desse aluno, qual conceito ideológico. Pra mim isso é apenas mais fácil e mais cômodo pro Estado”, declarou o deputado.
O deputado Adelino Follador (DEM) parabenizou a secretária pelo trabalho que vem fazendo e agradeceu os esclarecimentos repassados. O deputado Ribamar Araújo (PR) agradeceu a presença da chefe da Seduc e disse acreditar que, diante das dificuldades em contratar docentes, “daqui um tempo não faltará apenas professores, mas também secretários de educação dispostos a enfrentar toda essa situação”.
Ribamar Araújo fez um apelo aos demais parlamentares ao pedir que permitam que a Seduc faça a experiência com a Mediação Tecnológica, pois em sua opinião é melhor formar alunos através de máquinas do que não formar de nenhum modo. Disse à secretária que se orgulha de a Assembleia não ter o mesmo posicionamento do Ministério Público e Tribunal de Contas.
Aélcio da TV declarou que a sociedade quer resultado. “Precisamos preparar as nossas crianças para o futuro, dar condições de competição, preparar essa geração para a modernidade e colocá-la no nível de Estados que apresentam índices positivos”, ressaltou o deputado, acrescentado que, se a experiência tiver resultados satisfatório, se manterá a favor da mediação.
A presidente da comissão disse concordar com o posicionamento do colega Lazinho da Fetagro, da necessidade de manter professores em salas de aula, mas adiantou que por outro lado é necessário permitir que os alunos acompanhem as mudanças e as inovações.
“Mudança sempre choca, porque somos acomodados. O segredo é ensinar a esses jovens que o importante é aprender a ser um cidadão de atitude, para enfrentar esse mundo que corre velozmente como uma máquina, e que ele tenha capacidade de optar por boas alternativas para sobreviver”, analisou Lúcia Tereza.
DECOM
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