O ano, afora que devido ao tempo eu esteja enganado, era 1978, por aí, tempo em que o coronel Humberto da Silva Guedes, o governador que pensou Rondônia grande e plantou as raízes do Estado, mandava buscar recém-formados nas áreas mais diversas, no Nordeste, para virem se instalar no Território que ele preparava para deixar de existir, dando lugar à Nova Estrela no Azul da União.
Uma tarde o Euro Tourinho manda me chamar na sala dele na redação do Alto Madeira, ainda ali na Barão do Rio Branco, e me apresenta uma visitante: “É a doutora Auxiliadora; o marido dela é jornalista e provavelmente vai trabalhar com a gente”. Na minha frente estava um sotaque inteiro paraibano, bem puxado no linguajar da terra de José Américo. A doutora Auxiliadora foi uma das primeiras mulheres a vir para cá como delegada de Polícia Civil.
Alguns meses (ou foram semanas?) depois chegou o marido da doutora Auxiliadora, mas acabou contratado pelo diretor de O Guaporé, jornalista Emanuel Pontes Pinto, o que não impediu que firmássemos uma amizade, até porque a Auxiliadora se enturmou com a dona Fátima, numa época em que minha casa era uma espécie de “ONU” das esposas dos jornalistas que chegaram ao mesmo tempo: O Paulo Queiroz, o Paulinho Correia com a Graça, o Claiton Pena com a Marlene, o Mesquita com a Ana, elas se juntavam à Fátima, à Lourdes, então esposa do Montezuma Cruz e à Ieda, do Ivan Marrocos.
O Paulo foi para A Tribuna onde se tornou parceiro do Monte, do Martinez e outros, e o Martinez criou a coluna “Tribunadas”, na qual todos nós escrevíamos algumas notas. Ele resolveu que cada um de nós teria um apelido: O diretor Rochilmer Rocha (que “embarcou” ano passado) era o “Chico da Liberdade”, eu era o “Eu-gênio”, o Ivan, que foi em 1995, o “Zé do Areal”, o Enéas Martins o “Ali Martelo”, a Jacy Vanderley (que foi para o outro lado antes de todos os outros) era a “Tia Gertrudes”, o Paulo o “Anglo-pAraibano”, e o Martinez auto-batizou-se “Juvenal”.
O Paulo, que passou a trabalhar com o Jornal do Brasil, alugou uma sala nos altos do Edifício do Comércio, local logo apelidado pela turma como “Mansão dos Anjos” e cujas paredes têm muito o que contar – que o digam o Montezuma cruz e o claiton pena.
Era um tempo em que, mesmo trabalhando para veículos diferentes, nós curtíamos a amizade pessoal, familiar, e o paulo logo enturmou com o pessoal do nordeste com o qual ele tinha ligação política desde os tempos de estudante. Esse filme veio á minha cabeça ontem, quando estava em casa e o zé katraca ligou para avisar. concordo plenamente com o zé: Rondônia perdeu seu melhor analista político, aliás, chego a acrescentar: único, capaz de fazer com que o jornal onde trabalhou muitos anos, O Estadão, ganhasse com a coluna do PQ mais consumidores.
O paulo chegou à coluna que o consolidou e o colocou acima dos outros em Rondônia através do jornalista Vinícius Danin. Primeiro o PQ assianva a “Coluna com foto da bruna lombardi”, até que o Danin resolveu que seria “Política em três tempos”. E pronto, mais um ponto para o deletério.
NO livro “Da Caixa francesa à Internet”, que publiquei em 2009, está uma entrevista que o PQ me concedeu. contou sua entrada no jornalismoe scrito por acaso: era fotógrafo em “O Norte”, jornal da capital paraibana e um dia o repórter não apareceu para uma matéria sobre neoplasia infantil. “O editor mandou que eu tomasse notas e entregasse a ele. Resolvi fazer a matéria. O cara olhou, gostou, e disse que a partir daquele momento eu estava contratado como redator” (*). “O que escrevo não influencia ninguém. Mas o que me satisfaz é que as pessoas me lêem e podem tirar dali novas maneiras de analisar os fatos”. Concordo com o PQ, que, a essa altura, deve estar numa grande rodada de amigos que cultivou por aqui e que já tomaram o expresso da meia-noite. Com um deles, certamente, o abraço foi mais apertado, com o GEneral da Banda que virou hóspede lá na segunda-feira da semana passada.
(*) Como a maioria dos jornalistas de nossa geração, o PQ também não era portador de curso de Jornalismo ou de Comunicação.
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