Dilema do PT: vale a pena aderir e ganhar um cargo?
Helena Chagas - Blog Os Divergentes
Cada um sabe onde lhe aperta o calo. O PT terá tido certamente suas razões para aprovar a permissão para que suas bancadas apoiem os candidatos do establishment governista às presidências da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira.
Essas razões, muito provavelmente, vão além dos cargos nas mesas das duas casas que os petistas e sua tropa varrida da Esplanada fica ameaçada de perder se apresentar candidaturas próprias. De fato, não tem jeito de ganhar.
Mas o que a cúpula do PT tem que avaliar neste momento é se o desgaste provocado pela divisão interna em torno desse assunto, e por sua exposição pública, não será maior do que as possíveis vantagens.
É claro que ficar de fora das mesas, um espaço importante no parlamento, é ruim. Pior ainda, porém, podem ser as consequências do barraco que o PT está vivendo publicamente. No Senado, os mais aguerridos defensores da ex-presidente Dilma Rousseff contra o impeachment, Lindbergh Farias e Gleisi Hoffman, estão inconformados, assim como parte da bancada na Câmara e a maioria da militância que ainda resta.
Na semana que vem, retorno oficial dos trabalhos do Congresso, o assunto vai ecoar e, certamente, será intensamente explorado pelos adversários e pela imprensa. Vai virar uma questão de imagem, justamente num momento em que a dos petistas deixa a desejar. Depois da corrupção, virá de novo a velha acusação de “partido da boquinha”.
Será que vale a pena? São remotas, mas existentes, as chances de o partido voltar ao poder se o governo de Temer e seus aliados fracassar. Mas a premissa básica para isso é reconquistar um mínimo de respeito e simpatia da população. O que não acontecerá de forma alguma se a agenda oposicionista do PT, em vez de se concentrar na denúncia do desmanche de seus programas e políticas sociais, acabar sendo um desgastante e infrutífero bate-bocas em torno da adesão que pode lhes garantir uma secretaria da Câmara ou do Senado.
Donos do Senado armam golpe contra a moral pública Postado por Magno Martins
Jorge Bastos Moreno – O Globo
Está sendo urdido nos escaninhos do Senado, pelos donos da Casa, um duro e escandaloso golpe contra a moral pública.
Renan e sua turma querem nomear um candidato da ala deles para o lugar de Teori, com o compromisso de tirar a prisão da segunda instância.
Por isso, trabalham contra Alexandre de Moraes e outros candidatos sérios.
E estão pressionando Temer a atendê-los. Temer resiste e não quer entregar os dedos.
Mas vai ter que dar a mão: indicando, como pretende, um candidato com notório saber jurídico e reputação ilibada, em contrapartida, o presidente terá que entregar o ministério da Justiça para eles tentarem controlar a PF.
Será um escárnio.
Recentemente, Temer, tão zeloso com as palavras, irritou-se com o vazamento de uma conversa sua, na qual dizia que pretendia escolher o sucessor de Teori o mais rápido possível. Achou que poderia ter sido mal interpretado, pois naquele momento o corpo do ministro nem havia sido encontrado.
A conversa e a intenção de escolher rapidamente o novo ministro eram verdadeiras. Depois, mudou de estratégia
Janot pede agilidade na delação da Odebrecht Postado por Magno Martins
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou, hoje, um pedido ao Supremo Tribunal Federal para que a Corte dê agilidade ao processo de homologação da delação dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato.
O documento apresentado por Janot está sob sigilo e ainda não há mais detalhes do pedido do procurador-geral. Pela manhã, a GloboNews adiantou que Janot tinha intenção de pedir urgência para os processos da Lava Jato.
Ontem, Cármen Lúcia recebeu Janot em seu gabinete por cerca de 30 minutos. A reunião, que não estava na agenda pública de ambos, oficialmente foi marcada para o procurador prestar condolências.
Ainda na noite de segunda, a ministra autorizou que os juízes auxiliares do gabinete de Teori prossigam os trabalhos nas delações premiadas de executivos da Odebrecht. Eles poderão retomar a checagem dos acordos, questionando cada colaborador se não houve coação para prestar os depoimentos.
Além da reunião com Janot, a presidente do Supremo passou a segunda-feira conversando com outros ministros do tribunal e com assessores para decidir, até o final do recesso do Judiciário, sobre as próximas etapas da Lava Jato.
Com a morte, os juízes, que tinham delegação do ministro para atuarem no caso, tiveram os trabalhos paralisados. Para esta semana, uma série de depoimentos de delatores já estava marcada. Com a decisão de Cármen Lúcia, a agenda será retomada e ficam mantidos depoimentos que estavam previstos.
A presidente do STF ainda terá que decidir sobre o que fazer em relação à relatoria da Operação Lava Jato. Ou seja, quem será o ministro que vai substituir Teori na função para analisar pedidos de prisão, abertura de inquérito ou buscas envolvendo políticos, por exemplo.
Pelo regimento interno da Corte, há diversas possibilidades sobre o relator, como sorteio entre os ministros que atuam atualmente no Supremo.
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