Regionais : Folião vê carro aberto na rua e leva pertences 'para ninguém roubar'
Enviado por alexandre em 28/02/2017 00:20:47


O funcionário público Igor Bezerra, de 27 anos, tomou um susto quando retornou de uma festa do carnaval de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e encontrou parte do vidro do carro aberto.

Mas o que tinha tudo para virar mais um registro de furto na delegacia teve outro final.

No banco do motorista ele achou um bilhete com o recado: “Boa noite. Pegamos seus pertences para ninguém roubar. Amanhã liga, que devolvemos”.

O incidente ocorreu na madrugada do domingo (27).

O fucionário público estacionou o carro na Orla da cidade, local de concentração de um dos polos da festa de carnaval.

No veículo que tem vidro elétrico ficaram pertences de valor como celular, óculos novos, som, camisas, comida, perfumes e documentos.

O equipamento do carro permite o fechamento dos vidros mesmo com o carro desligado e sem a chave no contato.

“Quando saí da festa, fui aonde estava meu carro e encontrei o vidro do passageiro abaixado, Imaginei que, quando travei o carro, os vidros não subiram e eu esqueci de verificar.

Quando vi, pensei logo no pior.

Quando abri a porta do motorista, encontrei um bilhete e verifiquei que tudo que tinha deixado no carro tinha sumido.

A primeira coisa que imaginei foi que tinha sido roubado e que o suposto ladrão tinha deixado um bilhete em tom de deboche para mim”, contou.

Igor disse que só percebeu o que tinha acontecido quando chegou em casa, após falar com os pais.

Ele contou que a mãe havia ligado para o celular, mas quem atendeu foi um outro homem.

Por telefone, o rapaz se identificou, disse que estava no carnaval com a mãe e a namorada e que quando retornou ao carro para ir embora percebeu que o vidro estava abaixado.

Foi quando ele retirou tudo e deixou um bilhete.

“Fiquei assustado quando ouvi o que minha mãe me contou.

Ainda pensei se não seria um golpe ou se o cara estava querendo fazer outro contato.

Mas no outro dia falei com ele por um aplicativo de mensagem e combinamos o encontro em uma igreja católica.

Ele disse que passaria lá e ia me devolver.

Chamei dois amigos para ir comigo, caso fosse uma emboscada.

Gentilmente ele chegou com duas mulheres e me devolveu absolutamente tudo o que eu tinha”, contou o funcionário público.

Quem ajudou Igor foi o estudante Filipe Segatto de 24 anos, que mora na cidade vizinha de Juazeiro, na Bahia .

O jovem explicou que tomou a iniciativa para evitar que o rapaz fosse roubado.

“Observei que estava aberto e a primeira atitude foi deixar minha mãe e minha namorada lá e ir até o palco pedir ao locutor para anunciar a placa e avisar ao dono do carro.

Como não consegui, pensei que seria melhor levar as coisas dele para que outra pessoa não roubasse e resolvi deixar um bilhete para que ele não ficasse assustado ao chegar”, disse o estudante.

Surpreso e grato com a atitude, o jovem disse que ainda ofereceu uma recompensa.

“Eu ofereci uma quantia em dinheiro e os três prontamente recusaram.

Eu ainda argumentei, pedi para eles aceitarem porque me livraram de um grande prejuízo.

Para o meu choque e espanto, a mãe do rapaz disse que não aceitaria e pediu para que eu fizesse o mesmo por outra pessoa” disse Igor.

O caso foi compartilhado em uma rede social, já tem quase 3 mil compartilhamentos e mais de mil comentários.

“Achei uma grandiosidade imensurável.

A gente sabe que atitudes como essa seriam a obrigação de todos.

Porém, nos dias atuais, infelizmente vai se tornando raridade.

Muitas pessoas não roubariam, mas ignorariam e não pegariam os meus pertences para guardar, assim como ele fez”, afirmou, agradecido.

“Pensei em mim que também ando com as coisas no meu carro e que não seria nada agradável chegar e ver tudo roubado.

Resolvi ajudar porque hoje está muito propício para o mal, mas nem todo mundo é assim.

A gente tem que plantar o bem”, disse Filipe.

Em meio à situação, Igor lembrou que, na adolesncência, também ajudou uma pessoa de forma semelhante.

“Quando eu tinha 15 anos encontrei uma conta de energia em um ônibus coletivo.

Enrolado com a conta havia o valor de R$ 75. Como na conta tinha o endereço, fui lá na casa da pessoa e devolvi”, relembrou.

G1

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