Por Rondoniadinamica
Porto Velho, RO – As declarações de Evandro Padovani, que comanda a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri/RO) na gestão Coronel Marcos Rocha (PSL), caíram de maneira indigesta nos meandros do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) regional. Padovani é um dos poucos remanescentes das gestões Confúcio Moura (MDB) e Daniel Pereira (PSB) no estafe administrativo liberal. À versão impressa do jornal Diário da Amazônia, Padovani pediu intervenção da bancada federal de Rondônia para que deputados e senadores ajudem a promover a extinção do Incra. O titular da pasta relembrou, inclusive, que foi o próprio governador Coronel Marcos Rocha a articular o tema junto à ministra Tereza Cristina o término do órgão federal. José Félix de Almeida, presidente da Associação dos Servidores do Incra (Assincra), repudiou as declarações do secretário. Ele revelou ao jornal Rondônia Dinâmica que respeita o trabalho da Seagri/RO, mas, por outro lado, lamentou o depoimento público de Padovani sem que este “conhecesse os trabalhos desempenhados no Incra”. No estado, a Assincra tem mais de 300 membros; e o Incra/RO conta com aproximadamente quinhentos servidores. A extinção do órgão sem quaisquer discussões mútuas a respeito do tema, na visão de Félix, acarretaria prejuízos intangíveis à sociedade, ao meio-ambiente, à memória dos profissionais que morreram trabalhando no órgão e inúmeras famílias de trabalhadores remanescentes. “Nós respeitamos o Governo do Estado. Respeitamos o trabalho do governador Coronel Marcos Rocha e também os desenvolvidos pelo secretário Padovani na Seagri/RO. Mas entendemos que o secretário falou sem conhecimento de causa”, declarou José Félix. José Félix de Almeida, ao microfone, durante o seminário "O Incra que Queremos" / Divulgação Na visão do presidente da entidade representativa, o titular da Agricultura no Estado passou “a jogar pedras no Incra sem ter conhecimento de tudo o que o órgão desenvolveu regionalmente nos últimos 45 anos”. “Para que a população saiba, é preciso informar que Rondônia tem, atualmente, quase dois milhões de habitantes espalhados por 52 municípios. Pelo menos 48 cidades foram criadas direta ou indiretamente pelo Incra no início da colonização e ao longo do desenvolvimento do estado com a implementação de assentamentos”, complementou. A Assincra revelou ainda que, atualmente, existem 225 projetos de assentamento em desenvolvimento: e a população agrícola referente à reforma agrária conta com mais de 70 mil famílias assentadas. “Lamentavelmente, esse histórico foi jogado na lata do lixo pelo secretário. E a biografia do Incra/RO não pode ser esquecida por um secretário que desconhece a realidade de Rondônia”, asseverou o presidente. Félix prossegue alegando que a instituição a qual comanda não está se manifestando a fim de “peitá-lo”. A ideia, na realidade, é demonstrar de maneira cabal a importância do Incra/RO para que tanto o órgão federal quanto seus servidores sejam respeitados. “Muitas pessoas morreram porque deram a vida pelo Incra/RO. Chegaram aqui na década de 70, alguns com 18, 19 ou 20 anos, trabalhando para desenvolver serviços imprescindíveis aos assentamentos, à prosperidade agrária”. “Sabemos que o Brasil passa por dificuldades, porém, não há outra interpretação para isso, quando um secretário de Estado pede a extinção de um órgão histórico sem conversas com seus técnicos ou no mínimo tentar compreender todos os lados dos fatos, o caminho trilhado com certeza está errado”, concluiu. Para Almeida, não é exagero afirmar que Rondônia ostenta o título de um dos maiores produtores de grãos e de alimentos, “porque aqui se promoveu uma distribuição de terras de forma equitativa, do pequeno, passando pelo médio e desbocando no grande produtor rural. Além do mais, o Incra/RO respeita a preservação do meio ambiente. Queremos convidar, portanto, o secretário Padovani para que se reúna com os nossos técnicos a fim de que possamos conversar sobre o tema sem atropelar a memória de Rondônia nem as pessoas que deram sangue e suor pelo desenvolvimento do estado”, finalizo. |