As queimadas na Amazônia, a Rússia e a economia global devem ser alguns dos temas a serem debatidos no G7, cúpula de potências econômicas que começa neste sábado (23) e vai até a próxima segunda-feira em Biarritz, na França.
Na quinta-feira, o presidente francês Emmanuel Macron convocou os países participantes a discutirem com "urgência" os incêndios na região amazônica, que afirmou serem uma "crise internacional", o que desatou uma série de reações de líderes mundiais, além de réplicas de Jair Bolsonaro.
Participam das reuniões os mandatários de sete grandes economias democráticas mundiais: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, além do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Este ano, o evento tem como convidados o presidente de Ruanda e os primeiros-ministros da Espanha, Austrália e Índia.
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Queimadas na Amazônia
Depois da convocação de Macron, a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, também se manifestou sobre as queimadas na Amazônia, através de seu porta-voz, Steffen Seibert: “A magnitude dos incêndios é preocupante e ameaça não só o Brasil e os outros países afetados, mas também o mundo inteiro”. Os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, e do Reino Unido, Boris Johnson, já haviam concordado com Macron em discutir os incêndios no Brasil durante o G7.
De acordo com o gabinete de Johnson, ele vai dizer no encontro de cúpula do G7 que é preciso renovar o foco na proteção da natureza. "O primeiro-ministro está gravemente preocupado pela alta da quantidade de incêndios na floresta amazônica e o impacto de trágicas perdas nesse habitat", disse um porta-voz do premiê britânico.
Já Trudeau usou o Twitter para responder à mensagem de Macron. "Eu não poderia concordar mais, Emmanuel Macron. Nós trabalhamos muito para proteger o ambiente no G7 no ano passado em Charlevoix, e precisamos que isso continue neste fim de semana. Precisamos agir pela Amazônia e agir pelo nosso planeta — nossos filhos e netos contam conosco", escreveu.
Por causa da Amazônia, a França declarou na sexta que se opõe ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
Já os EUA expressaram preocupação com a situação na floresta e seu presidente, Donald Trump, disse que ofereceu ajuda a Bolsonaro para combater as queimadas.
Rússia
Uma possível volta da Rússia ao G7 foi sugerida por Trump, e o tema também deverá ser debatido, embora uma votação não esteja em pauta. O país foi suspenso do então G8 em 2014, após a anexação da Crimeia, e para seu retorno seria necessária a aprovação unânime dos demais membros.
Mas, na quinta-feira, a chanceler canadense, Chrystia Freeland, disse que seu país rejeita esse regresso até que Moscou libere os territórios anexados no leste da Ucrânia. “A violação da Rússia ao direito internacional ao invadir a Crimeia e anexar Donbass, e ao prosseguir apoiando a guerra (no leste da Ucrânia) não nos dá outra opção”, afirmou. "Todos ficarão muito felizes de convidar a Rússia para voltar ao G7 assim que abandone a Crimeia e Donbass, simples assim", acrescentou.
Economia global, Irã e desigualdade
Segundo assessores de Trump, também a pedido do presidente americano, a economia global foi incluída de última hora na programação e será discutida no domingo, em um dos primeiros encontros oficiais entre os líderes.
De acordo com a revista Time, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que os participantes do G7, juntos, representam 58% da riqueza líquida global, equivalente a US$ 317 trilhões.
Trump terá ainda reuniões bilaterais com praticamente todos os participantes da cúpula e os primeiros-ministros convidados, incluindo o britânico Boris Johnson, com quem se encontrará pela primeira vez desde que este assumiu o cargo.
As tensas relações dos EUA com o Irã também deverão ser abordadas, especialmente em conversas com Macron, que ainda mantém diálogo com autoridades iranianas e tenta salvar o acordo nuclear entre o país e nações europeias.
Oficialmente, o tema central do G7 deste ano é a desigualdade, incluindo as disparidades econômicas e também entre gêneros. Representantes de Burkina Faso, Chile, Egito e África do Sul foram convidados a participar de discussões sobre o tema.
Fotos: Divulgação
Protestos
Milhares de manifestantes já se concentram perto de Biarritz à espera dos líderes que participarão do G7. Mas, diferente de outras edições do evento, este ano os protestos deverão ser pacíficos, segundo Sebastien Baileul, um porta-voz dos acampados que conversou com a agência France Presse.
De qualquer forma, milhares de policiais foram deslocados para pontos de checagem em todos os acessos à cidade litorânea e vistorias estão sendo realizadas também nas praias.
Há acampamentos de manifestantes em cidades perto da fronteira entre a França e a Espanha e serviços de inteligência dos dois países estão trabalhando de forma coordenada contra ameaças, segundo o ministro francês do Interior, Christophe Castaner.
Mais de 13 mil policiais foram destacados para a segurança em Biarritz e as autoridades estão fechando todo o tráfego aéreo, de trens e estradas até a cidade para a chegada dos participantes. A maior praia local também permanecerá fechada.
G1