Nasceram na noite desta terça-feira (3) os gêmeos Noah e Maria Flor, filhos do analista financeiro Marcelo das Neves Júnior, de 24 anos, e que foram gerados no útero da avó, mãe de Marcelo, a professora Valdira das Neves, de 45 anos.
Valdira entrou em trabalho de parto ainda durante a tarde e as crianças nasceram às 20h50 no Hospital das Clínicas da USP em Ribeirão Preto (SP). Maria Flor pesa 2,250 quilos e Noah, 2,190 quilos. O menino foi levado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica.
"Logo, logo, ele estará com a gente, com fé em Deus. Minha mãe está ótima", disse Marcelo, que acompanhou o parto e continua no hospital com Valdira. A previsão inicial dos médicos era de que os bebês nasceriam somente em 12 de setembro.
A professora aceitou o convite para ser "barriga solidária" e realizar o sonho do filho, que é homossexual e sempre desejou ser pai. A gestação ocorreu a partir de uma inseminação artificial com espermatozoides de Marcelo e óvulos de uma doadora anônima.
Fertilização in vitro
A professora conta que, após o nascimento de Marcelo, queria dar um irmão a ele. No entanto, a família se mudou da Bahia para São Paulo e, por falta de recursos, os planos foram adiados. Aos 41 anos, após perder um bebê recém-nascido, Valdira procurou uma clínica de fertilização.
Valdira sabia que a idade e problemas na tireoide reduziriam a chance de uma gravidez. Foi então que Marcelo encontrou uma oportunidade para viver o sonho de ser pai e sugeriu que a mãe fosse sua “barriga solidária”, com óvulos doados por uma mulher mais jovem.
Assim, as possibilidades de Valdira engravidar passariam de 3% para 50%.
Segundo o ginecologista Anderson Melo, especialista em reprodução humana que acompanhou a gestação, o principal obstáculo aconteceu durante o processo de fertilização, devido à dificuldade de fixação do embrião no útero.
Melo explicou que o endométrio – camada interior do órgão – era muito fino em Valdira. O problema foi contornado com medicamentos. Após três tentativas sem sucesso, em janeiro de 2019, a fecundação foi bem sucedida.
Na casa da família, em Serrana (SP), tudo já está pronto para a chegada de Maria Flor e Noah. Um dos quartos foi transformado com berços, pintura, papel de parede e até uma gravura com os nomes dos gêmeos. As peças de roupa que os bebês usarão na saída da maternidade também já foram escolhidas.
Homem joga bomba caseira em vizinhos gays
G1
A Polícia Civil investiga um comerciante por suspeita de ameaçar um casal homossexual que mora no prédio ao lado da casa dele no bairro São Joaquim em Franca (SP). Pedro Paulo da Fonseca, de 55 anos, chegou a ser detido na noite de segunda-feira (2), depois de jogar uma bomba na garagem dos vizinhos e tentar agredir um deles com uma faca. Ele foi liberado após prestar depoimento no Plantão da Polícia Civil.
Com medo de que algo pior possa acontecer, o sapateiro Eduardo Rodrigues da Silva, de 35 anos, e o namorado, o cabeleireiro Igor Bellinazzi, de 22 anos, pretendem se mudar e estão procurando uma casa para alugar em outro bairro. “Como a gente vive? Não consegui nem trabalhar direito, a gente tem medo. Nunca passei por isso, não tenho passagem na polícia, sou trabalhador. Nem dormi, fiquei atento. Estamos vendo outra casa para morar. Quem é ele para falar alguma coisa de nós?”, disse Eduardo.
O sapateiro contou que mora no prédio atual há dois anos. Mas, há cerca de oito meses, os dois passaram a ser ameaçados com frequência pelo comerciante, que mora na casa ao lado com um irmão. “Sempre foi verbalmente, ele dizia ‘vocês têm que virar homem’, ‘vou fazer vocês virarem homem’. Na segunda-feira, ele só não partiu para cima porque os policiais seguraram. Ele chegou batendo o podão no nosso portão”, relembrou.
Eduardo disse que não se importou com os gritos e ofensas, mas acionou a PM depois que o vizinho jogou uma bomba caseira na garagem do edifício na noite de segunda-feira. Quando os policiais chegaram ao local, o comerciante ainda tentou agredir o sapateiro. “Parecia que ele estava meio louco, não sei. Ele nem viu os policiais, foi com um canivete para cima de mim. O policial deu um golpe e conseguiu desarmar ele”, relembrou Eduardo, destacando que, nesse momento, Pedro pegou uma faca que levava na cintura.
Um dos PMs tentou imobilizar o comerciante e sofreu um ferimento em uma das mãos. Pedro foi algemado e levado ao Plantão da Polícia Civil, onde prestou depoimento. Ele acabou liberado, mas responderá pelo crime de ameaça. “O delegado me orientou a mudar do bairro, disse que esse cara sempre deu muito trabalho, tem uns 10 boletins de ocorrência registrados contra ele por perturbação, jogar bomba, xingar os vizinhos. Tem muito boletim de ocorrência contra ele”, disse o sapateiro.
Pedro confirmou que jogou uma bomba caseira na garagem do prédio dos vizinhos, alegando que ele e o irmão também são ameaçados. O comerciante disse ainda que os dois têm relação com uma facção criminosa, mesmo reconhecendo não ter provas sobre a denúncia. “O pessoal está ameaçando a gente, eu já tinha postado na internet. A polícia acabou me agredindo, achando que eu ia esfaquear os dois. Mas, eu não ia fazer isso, não. A gente está sendo ameaçado, querem tirar a gente da própria casa”, afirmou.
O comerciante disse que se mudou do Amazonas para o interior de São Paulo em março deste ano e, atualmente, está desempregado, apesar de já ter trabalhado no setor de comunicação visual e também na construção civil. “Eu contei a história, o delegado mandou tirar a algema de mim e me soltar. Eu voltei a pé, sem camisa, para casa. Agora, eu vou responder [ao inquérito] e vou abrir processo contra eles, porque estão ameaçando a gente. Não tenho medo deles, não”, relatou.
O caso está sendo investigado pelo 2º Distrito Policial de Franca.