O Papa Francisco disse neste sábado que o rápido desmatamento e a redução da biodiversidade em cada país não devem ser tratados como assuntos locais, pois ameaçam o futuro de todo o planeta.
Francisco fez seu apelo em visita a Madagascar, a quarta maior ilha do mundo, que institutos de pesquisa e agências de ajuda humanitária dizem ter perdido cerca de 44% de floresta nos últimos 60 anos, estimulada pelas exportações ilegais de pau-rosa e ébano.
O papa falou sobre corrupção endêmica, associando-a à pobreza igualmente endêmica, bem como à caça ilegal e exportação ilegal de recursos naturais. Ele disse que alguns estavam lucrando com o desmatamento e acrescentou:
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— A deterioração dessa biodiversidade compromete o futuro do país e da Terra, nosso lar comum.
Após o grande número de focos de queimada na região amazônica gerar uma crise internacional, o presidente Jair Bolsonaro rejeitou as críticas sobre suas políticas, dizendo que eram questão doméstica, e fez diversas declarações reforçando a soberania brasileira sobre a região.
— As últimas florestas são ameaçadas por queimadas, caça furtiva, o corte irrestrito de árvores valiosas. A biodiversidade de plantas e animais está ameaçada pelo contrabando e pela exportação ilegal — afirmou.
Para o papa, é preciso criar empregos para afastar os responsáveis por ações prejudiciais ao meio ambiente, para que eles não o vejam como seu único meio de sobrevivência.
— Não pode haver uma abordagem ecológica verdadeira ou esforços efetivos para proteger o meio ambiente sem a obtenção de uma justiça social capaz de respeitar o direito ao destino comum dos bens da Terra, não apenas das gerações atuais, mas também daquelas que estão por vir.
As queimadas na Amazônia deram nova urgência aos apelos de Francisco para proteger a natureza, combater as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável — todos os temas consagrados em sua encíclica de 2015 sobre proteção ambiental.
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Madagascar é um dos países mais pobres do mundo. O Programa Mundial de Alimentos da ONU estima que mais de 90% de sua população de 26 milhões vive com menos de US $ 2 por dia, com desnutrição infantil crônica generalizada.
O Globo