Vestido dos pés à cabeça de verde e amarelo para ver seu “Donald Trump brasileiro” passar no desfile cívico de 7 de setembro em Brasília, Marconi Rosa, 50, mantém-se atento a tudo que Jair Bolsonaro fala. Contou que se sente instigado a cada nova frase do presidente. “Quando ele abre a boca, já é conhecimento. Ele provoca você. Te estimula a mais”, disse o entusiasta do presidente da República.
Há exatamente uma semana, o bolsonarista relatou ter se interessado em estudar sobre como a França trata a questão ambiental após os desentendimentos protagonizados por Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron, devido aos incêndios que tomaram a Amazônia desde meados de agosto.
O mandatário francês acusou o brasileiro de ter mentido sobre as medidas do governo para a preservação ambiental. Macron colocou o assunto como central na reunião do G7. Para o presidente do Brasil, a iniciativa da França visava a uma “intervenção” na Amazônia. Ele usou a rede nacional de televisão para dizer que “incêndios florestais existem em todo o mundo” e “não podem ser pretexto para sanções internacionais”.
Questionado sobre as falas de Jair Bolsonaro – inclusive as postagens em redes sociais e a polêmica envolvendo a primeira-dama da França, Brigitte Macron – Marconi Rosa completou: ”É bom que ele [Bolsonaro] continue respondendo a tudo que perguntam e se posicionando. Até porque as perguntas da imprensa são provocativas. Se ele ficar calado, ele vira uma marionete. E foi com ele desse jeito que ele chegou lá”.
Eleito com 57,7 milhões de votos, apesar das pesquisas apontarem queda na popularidade — Datafolha divulgado na primeira semana de setembro apontou aumento de cinco pontos percentuais na reprovação a Jair Bolsonaro —, é para eleitores como Marconi que o presidente fala quase diariamente, ao contrário de seus antecessores.
A postura pode passar um impressão atabalhoada, mas conta com uma estrutura por trás: o filho Carlos e o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, indicado pelo 02. E, claro, o próprio presidente que, como já disse, ”é o rei do xadrez”.
Estratégia de comunicação de Bolsonaro
De repente, desde o início de agosto, Bolsonaro deu início a falas diárias aos jornalistas. Em geral, independentemente do que se pergunta, a pauta é ele próprio quem comanda. Foram poucas as vezes em que o presidente respondeu, de fato, a uma pergunta. “O objetivo era pautar o noticiário. Tanto que, perceba, ele mudava de assunto de repente”, afirmou uma fonte do Palácio do Planalto. Continue reading →
Em 9 meses de governo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi recebido apenas uma vez para um encontro particular com o presidente Jair Bolsonaro no Planalto. Em reuniões com outros participantes, foram 11 vezes em que o ministro esteve com o presidente.
Depois dele, os menos prestigiados foram Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), duas vezes, e Tarcísio Freitas (Infraestrutura), 4 vezes.
Na comparação, o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) foi mais prestigiado ao ser recebido 5 vezes sozinho no Planalto desde janeiro. Ele foi um dos fiadores da indicação de Augusto Aras para a PGR (Procuradoria Geral da República) e, inclusive, acompanhou uma reunião entre Aras e Bolsonaro.
Na outra ponta, o ministro a ter mais conversas particulares com Bolsonaro no Planalto é Onyx Lorenzoni (Casa Civil). Desde o início do ano, foram 34 encontros, segundo a agenda oficial do presidente.
Na sequência, aparece o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, com 19 encontros, e 3 ministros empatados com 18 encontros exclusivos com Bolsonaro: Paulo Guedes (Economia), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Fernando Azevedo (Defesa).
Um dos superministros do governo, Sergio Moro teve 9 encontros sozinho com Bolsonaro no Planalto. Ele fica atrás de colegas como Abraham Weintraub, que assumiu apenas em abril e já teve 15 encontros particulares com Bolsonaro na agenda.