Se você começou a ler este texto, confie: está no caminho certo para ajudar o seu adolescente nesse momento da vida. Não, este blog não é solução mágica para ninguém, mas o fato de se interessar pela adolescência do seu filho é um passo decisivo para a saúde mental dele. Segundo a terapeuta de família Gisele Aleluia, adolescentes com sintomas mais graves, em geral, são filhos de pais que estão isolados e são inflexíveis. Aqui organizei quatro dicas dela, que incluem respeitar os youtubers preferidos dos seus filhos, para se conectar com o adolescente que você tem em casa.
1. INTERESSAR-SE PELO TEMA
O primeiro passo é a família ler sobre a adolescência, se interessar pelo tema, conhecer quem tem em casa e entender para onde o seu filho a está levando.
“Filho nos leva para um lugar que não conhecíamos. Eles também não sabem para onde estão indo, mas os pais, como adultos, precisamos querer ir, aprender, querer conhecer o novo”, diz.
2. PERMITIR-SE SER UMA ‘FAMÍLIA ADOLESCENTE’
A família com um adolescente é também uma família adolescente, diz Gisele. É chegado o momento de pais e mães “traírem” antigos valores de suas famílias de origem pelos seus filhos. A palavra-chave é flexibilidade.
“A gente tem que ter mais coragem, arriscar mais. Porque o adolescente está perdido e, por isso, tende a ficar mais inflexível em seu comportamento. Então, o adulto precisa ser flexível. Não é deixar de ser tradicional. Às vezes, a pessoa é muito moderna, mas é inflexível. Às vezes, o filho precisa de limites, e os pais não sabem dar. Ou o filho precisa ser ouvido, e os pais não sabem ouvir. Não existe um modelo que funcione para toda família.”
3. OUVIR – E RESPEITAR - OS YOUTUBERS PREFERIDOS DOS FILHOS
Dizer que tudo o que o seu filho faz não presta diminui a autoestima do adolescente e aumenta a distância entre gerações.
“Os adolescentes hoje se orientam muito pelos youtubers. Nós, que temos uma formação acadêmica, acreditamos que é preciso estudar para saber e achamos horrível os youtubers formarem opiniões. Mas não deveríamos. Deveríamos ouvi-los, pelo menos para saber o que os nossos filhos ouvem. Como abrir uma ponte de comunicação se a gente só critica e olha com aquela cara de desprezo, dizendo ele não sai do celular e vive ouvindo esse pessoal que influencia mal a sua cabeça?”, diz Gisele.
O adolescente vê essa atitude como desrespeitosa:
“Se eu estou vendo alguma coisa e meu filho fica criticando, vai me incomodar também. E nós fomos muito desrespeitados quando adolescentes”, lembra.
4. SER MAIS CURIOSO
Ontem, minha filha mais velha falava sobre racismo e comentava que havia uma palavra que era considerada ofensiva se falada por brancos, mas não por negros. Eu logo reagi com uma opinião cheia de crítica. É claro que o assunto se encerrou ali e perdi uma oportunidade de ouvi-la e mesmo aprender com ela.
“A gente não pode desqualificar o que dizem, tem que ser curiosa. Tem que dizer: ‘É mesmo? Não sabia. Que palavra é essa?’”, aconselha Gisele.
“O mais importante é não ter medo do seu filho, conhecê-lo, chamá-lo para sair, conversar. Não tentar passar coisas para eles. Ele precisa saber que você está falando com ele, e não com a sua expectativa de filho. A gente só deve dar opinião quando pedem. Se não, ela não é aceita. Para você orientar, precisa trazer para perto. Se não, você vai ser descartado”.