Regionais : MP encontra indícios de uso da Igreja Universal para lavagem de dinheiro do ‘QG da Propina’
Enviado por alexandre em 13/09/2020 20:25:54


Crivella em 2017, durante sessão solene na Câmara em comemoração dos 40 anos de fundação da Igreja Universal do Reino de Deus Foto: Givaldo Barbosa / 27/06/2017 / Agência O Globo

O Globo

Nas investigações sobre o “QG da Propina”, o Ministério Público do Rio (MPRJ) diz ter indícios de que a Igreja Universal tenha sido usada para “lavagem de dinheiro fruto da endêmica corrupção instalada na alta cúpula da administração municipal”. Em mensagens apreendidas pelo Ministério Público do Rio, o empresário Rafael Alves, acusado como principal operador financeiro da organização, diz que seria capaz de revelar esquemas de corrupção envolvendo o prefeito Marcelo Crivella e a Igreja Universal. Os detalhes dessas provas foram divulgados pela TV Globo.

O diálogo de Rafael Alves foi com o ex-marqueteiro de Crivella Marcelo Faulhaber. Na troca de mensagens, Alves revela insatisfação com seu espaço no governo e diz que seria capaz de revelar às autoridades esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro no governo, com direta participação de Marcelo Crivella, sua família, e a Igreja Universal. Em uma das mensagens, Alves afirma “Se ele mexer na Riotur destruo ele e a igreja”, em referência ao posto do seu irmão, Marcelo Alves, como presidente da Riotur. Depois, em março deste ano, Marcelo acabou deixando o cargo.

Movimentações de R$5,9 bilhões

Além das conversas de Rafael Alves, o MPRJ está analisando bilionárias movimentações financeiras da Igreja Universal acompanhadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão federal. Nas análises, foram encontradas movimentações de R$5,9 bilhões entre abril de 2018 e maio de 2019.

Na investigação, o MPRJ destaca que o dinheiro atípico não é, necessariamente, um crime, mas concluiu que “é verossímil concluir que a entidade religiosa está sendo utilizada como instrumento para lavagem de dinheiro fruto da endêmica corrupção instalada na alta cúpula da administração municipal”. Outro envolvimento com potencial ilícito no governo municipal, que o MPRJ está investigando, é o de Mauro Macedo, primo de Edir Macedo e que foi tesoureiro da campanha de Crivella. Segundo investigadores, ele aliciava empresários para “participar dos mais variados esquemas de corrupção”.



Rafael Alves

iG.com

“É um falso de duas caras que na frente é uma coisa e por trás é outra. Eu não aceito isso. Não aceito falta de palavra comigo. Fui leal até aqui”. As palavras ríspidas do empresário Rafael Alves, parte delas em letras maiúsculas, que indicam gritos na linguagem da internet, foram capturadas pelo Ministério Público em trocas de mensagens por celular.

São mais de 1.949 diálogos entre o prefeito Marcelo Crivella e Alves, visto pelo Ministério Público como homem-bomba pelo potencial de explodir a gestão municipal.

Irmão de Marcelo Alves, ex-presidente da Riotur, Rafael, em suas mensagens ao prefeito, deixa claro, para os investigadores, que era íntimo de Crivella pela intransigência ao cobrar acordos descumpridos e por falar tão à vontade com ele como se lhe desse ordens.

Às vezes, parecia bronca de chefe. Filiado ao Republicanos (antigo PRB), mesmo partido do bispo licenciado da Universal, Alves, que circula também com desenvoltura no mundo do samba, foi pré-candidato à prefeitura de Angra em 2016.

Mas foi no Rio que, segundo o MP, fincou suas bases. Uma influência cuja extensão ainda está sendo investigada. Acredita-se que haja muito mais entre o céu e a Terra do que podem sugerir as personalidades aparentemente tão antagônicas como as de Crivella e Alves.

Evangélico, o prefeito já disse que não sabe sambar e esteve às turras com o carnaval. O empresário, por sua vez, circula com desenvoltura e, no currículo, traz passagens como dirigente da Viradouro, do Império Serrano e do Salgueiro.

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