Apesar de ser extremamente vaidoso, a ponto de receber o apelido de Johnny Bravo — personagem de desenho animado de compleição física avantajada, cabelos grandes, calças pretas apertadas e paquerador inveterado — o chefe do tráfico na Rocinha, John Wallace da Silva Viana, tem pavor de fotografias e vídeos e é extremamente vingativo. Tanto que ameaça matar o autor das imagens que o flagraram no baile funk em que aparece com uma escolta armada com vários marginais e pelo menos 22 fuzis diante de uma multidão de pessoas, inclusive crianças. "Quem gravou a equipe do Bravo na Rocinha no baile vai morrer. quem estava do lado de quem estava gravando vai ser cassado para falar como a pessoa era, entendeu?", diz mensagem postada em redes sociais pela quadrilha.
Numa de suas únicas fotos obtidas pela polícia, ele aparece de roupa preta ao lado de criminosos armados e com roupas camufladas ostentando um fuzil, um colar precioso, que só utilizam os chefes, e anéis que formam o nome Rogério 157, o traficante Rogério Avelino da Silva, preso em 2018 e condenado a 32 anos de prisão. Mesmo preso na penitenciária federal de Porto Velho, em Rondônia, ele continua dando as cartas na Rocinha.
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Rogério 157 destituiu do poder José Carlos de Souza Silva, o Gênio, e colocou em seu lugar Jhony Bravo e Leandro Pereira da Rocha, o Bambu, acusado de ser o pivô da morte do soldado Filipe Santos de Mesquita em 22 de março de 2018. Mesquita abordou Bambu, mas não o identificou na hora. Passados alguns instantes, seguranças do bandido foram socorrê-lo e mataram o militar com quatro tiros.
— Jhony Bravo é um dos piores traficantes de quem eu já tive notícia. Durante a guerra da Rocinha entre o Nem (Antônio Francisco Bonfim Lopes) e o 157, Bravo e os seguranças dele foram os únicos que não saíram da comunidade. Mesmo com a intervenção do Exército e aquela quantidade toda de policiais, ele encontrou uma forma de permanecer na comunidade. É um traficante que tem uma cabeça de “empresário” e de “guerra” ao mesmo tempo, o que é meio difícil de se ver. Geralmente, eles são um ou outro, mas ele tenta unir os dois lados. Jhony é o tipo de bandido que não posta nada, não gosta que tirem sua foto, é reservado e meio neurótico com o corpo. Gosta de malhar. Em cada um de seus esconderijos há uma mini academia de ginástica — contou uma fonte na polícia.
Foto: Divulgação
A fonte disse ainda que Gênio foi afastado por causa de sua relação ostensiva com a população da Rocinha.
— Ele agredia moradores, punha barricadas para controlar os acessos, chegava a pedir a identificação de pessoas. Na cadeia hierárquica do crime, Bravo era o 03 ou 04 sob o comando do 157, mas acredito que por questão de capacidade mesmo acabou assumindo. Bambu, ao que parece, é um idiota e no caso do soldado Mesquita quase foi preso. Nessa, o Bravo ganhou força — contou.
Viagens para o exterior e fuga para a Suíça
O Portal dos Procurados oferece uma recompensa de mil reais por pistas que levem à prisão de Johny Bravo. Um perfil dele no site do portal informa que Jhony assumiu o controle da parte baixa da Rocinha após uma invasão na comunidade, feita a mando de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso num presídio federal.
Ainda segundo o Portal dos Procurados, em 2014 circulou uma informação de que Jhony Bravo teria saído do Brasil e fugido para a Suíça por desavenças com sua quadrilha. Essa não teria sido sua única viagem internacional: Jhony, que fala inglês, viajaria frequentemente para o exterior.
Foto: Reprodução
O que dizem as polícias do Rio
Depois da divulgação do flagrante de traficantes fortemente armados escoltando Jhony Bravo, a Polícia Militar informou que ações na comunidade para prender traficantes não podem acontecer rapidamente, mesmo com criminosos circulando livremente. Os bandidos portavam pelo menos 22 fuzis. A PM disse que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha atua dentro de seus limites operacionais.
"A assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar esclarece que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Rocinha segue atuando considerando os nossos limites operacionais e avaliando possíveis riscos para a vida humana. As ações de patrulhamento, inclusive com baseamentos em pontos estratégicos, estão capilarizadas pela comunidade localizada na Zona Sul do Rio. Uma avaliação a respeito da ostensividade precisa refletir também sobre aspectos como a extensão territorial e a densidade demográfica da Rocinha - a maior comunidade em termos populacionais e uma das maiores em área geográfica no Estado do Rio. Cabe esclarecer ainda que intervenções policiais diante de situações criminosas são pautadas pelo planejamento, incluindo a análise dos potenciais riscos envolvidos. A Polícia Militar segue protocolos de atuação e, dentre as orientações, está a preocupação central de preservar vidas - da população local, de policiais militares envolvidos na ação e demais pessoas que circulam nestas regiões", disse a PM por meio de nota.
Já a Polícia Civil disse que há, através da 11ª DP (Rocinha), "uma investigação em curso acerca da quadrilha que comanda o tráfico de drogas na região".
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