Regionais : EUA vão investigar denúncias sobre cirurgias de retirada de útero sem consentimento em imigrantes
Enviado por alexandre em 17/09/2020 01:42:58


Alegação foi feita por ex-enfermeira de um centro de detenção do estado da Geórgia

Funcionários da Imigração dos EUA anunciaram que as autoridades federais iriam investigar as denúncias feitas por uma enfermeira de que imigrantes em um centro de detenção no estado da Geórgia estariam sendo submetidas a histerectomias — cirurgia para retirar o útero — e outros procedimentos ginecológicos de maneira indevida.

 

A denúncia foi feita por Dawn Wooten, ex-enfermeira do Centro de Detenção do Condado de Irwin (ICDC, na sigla em inglês), e faz parte de uma queixa apresentada ao inspetor-geral do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês), na segunda-feira, pelos grupos Project South e Government Accountability Project.

 

A Reuters entrevistou Wooten, mas não conseguiu confirmar de maneira independente as alegações sobre as cirurgias de remoção de útero.

 

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Políticos americanos, como a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, e o líder democrata do Senado, Chuck Schumer, se manifestaram sobre as alegações.

 

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"Se forem verdadeiras, as condições terríveis descritas na queixa da denunciante — incluindo alegações de procedimentos de histerectomias em massa sendo feitos em mulheres imigrantes vulneráveis — são abusos de direitos humanos absurdos", disse Pelosi em comunicado, continuando: "O inspetor-geral do DHS deve investigar imediatamente as alegações dessa queixa."

 

A Agência de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês) negou as acusações. Ada Rivera, diretora médica da equipe do serviço de saúde da ICE, disse em um comunicado que, desde 2018, apenas duas pessoas no centro de Irwin, na Geórgia, foram encaminhadas para histerectomias após recomendações de especialistas que "foram revisadas pela autoridade clínica da instalação e aprovadas".

 

Enfermeira diz que imigrantes em centro de detenção nos EUA tiveram útero  retirado sem consentimento | HuffPost Brasil

Fotos: Reprodução

 

LaSalle Corrections, a empresa privada responsável pela administração do local, disse em comunicado que "refuta veementemente essas alegações e quaisquer insinuações de má conduta" no centro de Irwin.

 

Wooten disse à Reuters nesta segunda-feira que as mulheres que reclamavam de fluxo menstrual intenso ou que pediam anticoncepcionais eram enviadas a ginecologistas fora do centro. Algumas delas, então, passavam por histerectomias, mas, segundo a enfermeira, muitas não tinham ideia de quais procedimentos médicos estavam sendo feitos.

 

— Muitas delas disseram que não entendiam o que estava sendo feito com elas. Ninguém explicou a elas — disse Wooten.

 

Os advogados que defendem os detidos em Irwin disseram à Reuters que várias mulheres reclamaram sobre o tratamento ginecológico feito por prestadores de serviço de fora do local.

 

Sarah Owings, uma advogada que trabalha com casos de imigração, disse à Reuters que ela e outros colegas estavam coletando informações sobre histerectomias realizadas em imigrantes e ligaram para outros advogados para revisar seus arquivos. Ela disse, no entanto, que não havia nenhuma evidência para sugerir que essas cirurgias eram feitas de maneira generalizada.

 

— Eu realmente acho que as condições para tratamentos não são adequadas nesses lugares e que há falta de supervisão — afirmou Owings.

 

Elizabeth Matherne, outra advogada especializada em imigração, lembrou que já fez reclamações aos funcionários do centro de detenção sobre o tratamento que suas clientes disseram estar recebendo de um ginecologista externo.

 

 

Em um comunicado, o ICE disse que "um procedimento médico como uma histerectomia nunca seria realizado contra a vontade de uma pessoa".

 

O Globo

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