A proposta de integrar o sistema de compensação de crédito de carbono às apólices de seguro rural no Brasil deu seu primeiro passo na quinta-feira (17.10), com a escolha da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), em Minas Gerais, como projeto piloto. O objetivo é promover práticas agrícolas sustentáveis na produção de café e oferecer benefícios socioeconômicos e ambientais aos produtores.
A iniciativa é parte do projeto “Cafeicultura Brasileira Sustentável”, desenvolvido em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Conselho Nacional do Café (CNC) e a ONG ProNatura Internacional. Produtores cooperados da Cocatrel, que conta com cerca de 8,5 mil membros, poderão compensar emissões de carbono com créditos, que serão utilizados para obter bonificação nas apólices de seguro rural, em parceria com instituições financeiras internacionais.
O projeto visa incentivar práticas que já fazem parte do cotidiano dos cafeicultores, como adubação verde, ampliação do uso de compostos orgânicos e a preservação do solo e da biodiversidade. Tais práticas auxiliam na mitigação dos impactos ambientais e na adaptação das atividades produtivas às mudanças climáticas, tornando a produção de café mais sustentável.
Além disso, a iniciativa também visa promover a adoção de tecnologias de precisão, que permitem um uso mais eficiente de recursos como água e fertilizantes. Essa abordagem, conforme estudos da Embrapa, pode reduzir o uso de insumos em até 30%, colaborando para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa.
O agronegócio brasileiro, que em 2023 cresceu 15,1% e foi responsável por impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB), enfrenta agora o desafio de equilibrar o aumento da produção de alimentos com a sustentabilidade ambiental. Nesse contexto, o sistema de compensação de crédito de carbono oferece uma oportunidade para os produtores gerarem benefícios econômicos enquanto contribuem para a redução do impacto ambiental.
O projeto também busca fortalecer a integração entre produtores, indústrias e consumidores, promovendo a rastreabilidade e transparência na cadeia produtiva do café. A demanda por produtos certificados como sustentáveis cresce, e essa proposta reforça a importância de práticas agrícolas regenerativas e inovadoras para garantir um futuro sustentável para o agronegócio.
O sucesso dessa iniciativa dependerá do comprometimento dos produtores, do investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, e da capacitação contínua no campo, possibilitando que o setor se adapte e cresça de maneira sustentável, alinhando produção e preservação ambiental.
Sorriso mantém sua posição de destaque no cenário agrícola brasileiro, liderando o ranking nacional de produção agrícola em 2023, segundo os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município alcançou um valor impressionante de R$ 8,3 bilhões em produção, superando todos os outros municípios do país. O estado de Mato Grosso como um todo se sobressaiu, abrigando seis dos dez municípios mais ricos em produção agrícola, com Sapezal ocupando a terceira posição do ranking nacional.
A produção agrícola brasileira somou R$ 814,5 bilhões em 2023, e os 100 municípios mais produtivos contribuíram com R$ 260 bilhões, ou 31,9% do total. O Centro-Oeste se consolidou como a região mais relevante, com Mato Grosso à frente, abrigando 36 dos municípios de maior valor de produção agrícola no país.
Além de Sorriso e Sapezal, outras cidades de Mato Grosso também aparecem com destaque no ranking, reforçando o protagonismo do estado no agronegócio brasileiro. A produção em Sorriso é impulsionada principalmente pelas culturas de soja e milho, que continuam a ser os principais motores econômicos do município. A soja, que representou R$ 348,6 bilhões no valor total da produção agrícola nacional, e o milho, com R$ 101,8 bilhões, são culturas centrais que têm sustentado o desenvolvimento da região.
Os dados do IBGE também ressaltam a diversificação da produção agrícola no Brasil, com culturas como algodão, cana-de-açúcar, café e laranja desempenhando papéis importantes. Sapezal, por exemplo, destaca-se pela sua participação na produção de algodão, assim como São Desidério, na Bahia, contribuindo juntas com mais de 30% da produção nacional dessa cultura.
A área colhida pelos 100 municípios mais produtivos somou 33,1 milhões de hectares, representando 34,5% da área total colhida no Brasil. Essa alta produtividade demonstra a importância da agricultura na economia brasileira, especialmente em estados como Mato Grosso, que continuam a se consolidar como líderes nacionais no setor.
Com esses números expressivos, Sorriso reafirma sua posição como um dos maiores polos agrícolas do Brasil, trazendo não apenas crescimento econômico para a região, mas também consolidando a importância do estado de Mato Grosso no cenário agrícola mundial.
Safra 2024/25 pode chegar a 322,47 milhões de toneladas
Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção de grãos no Brasil terá crescimento recorde de 8,3% na temporada 2024/25, chegando a 322,47 milhões de toneladas. Se confirmado, o resultado representa acréscimo de 24,5 milhões de toneladas na comparação com o ciclo anterior.
A projeção consta do 1º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, divulgado nesta terça-feira (15). Em termos de área, o crescimento estimado é de 1,9%, totalizando 81,34 milhões de hectares a serem utilizados nesta safra.
Segundo a Conab, a área destinada à produção de arroz é 9,9% maior do que a utilizada no ciclo anterior. Essa alta foi percebida em todas as regiões do país, sendo de forma mais intensa no Centro-Oeste (33,5%) e no Sudeste (16,9%).
“Só em Mato Grosso, os produtores vão destinar mais de 133 mil hectares para cultivo do grão, elevação de 39,3% quando comparada com a área registrada na temporada de 2023/24. Em Goiás, o aumento chega a 24%, índice pouco menor que o registrado em Minas Gerais, onde se verifica alta de 25,1%”, informou a Conab.
Principal região produtora de arroz no país, a Região Sul também ampliará sua área de cultivo, devendo chegar a 1,16 milhão de hectares. “Esse cenário influencia na expectativa de maior produção, com a colheita estimada em 12 milhões de toneladas, recuperando o volume obtido na safra 2017/2018”, segundo a companhia.
De acordo com o presidente da Conab, Edegar Pretto, a previsão é que o Brasil volte ao patamar das maiores safras de arroz da sua história. “Isso é resultado do trabalho de produtores em parceria com o governo federal, que voltou a elaborar políticas para todo o campo agrícola, contemplando pequenos, médios e grandes produtores”, justificou.
A Conab prevê aumento de área semeada para a produção de feijão. No caso, passando de 2,86 milhões de hectares em 2023/24 para 2,88 milhões de hectares no atual ciclo. “Cultivado ao longo do ano, a maior elevação é esperada para a área semeada na primeira safra da leguminosa, com alta de 2,3%, sendo estimada em 881,3 mil hectares, resultando em uma produção de 947,3 mil toneladas”, informou a Conab.
A produção total de feijão o grão no país, considerando os três ciclos de cultivo, chegará a 3,26 milhões de toneladas, resultado 0,5% maior do que o registrado na safra anterior.
A previsão é de aumento também da área destinada ao cultivo de soja. A Conab estima que essa elevação, entre a safra atual e a anterior, chegará a 2,8%. Este aumento, no entanto, é o terceiro menor percentual de incremento desde o ciclo 2009/2010. Isso se deve ao atraso do início das chuvas este ano, principalmente no Centro-Oeste. A produção estimada é de 166,05 milhões de toneladas.
Já a expectativa com relação ao milho é de recuperação estimada em 3,5% da safra. A colheita total deve ficar em torno de 119,74 milhões de toneladas, com a área se mantendo em 21 milhões de hectares.
“Na primeira safra do cereal, tanto a produção como a área cultivada a expectativa é de redução de 1,1% e 5,4% respectivamente, passando para 3,76 milhões de hectares semeados, com a produção estimada em 22,72 milhões de toneladas”, detalhou a Conab.
No caso do algodão, a previsão sugerida neste primeiro levantamento indica crescimento de 2,9% na área a ser semeada, chegando a um total de 2 milhões de hectares. A produção da pluma está estimada em 3,67 milhões de toneladas.
“A primeira expectativa de produção acima de 12 milhões de toneladas para as culturas de inverno não se confirmou, influenciada principalmente pelas condições climáticas nas regiões produtoras. O trigo, principal cultura dentre os cultivos de inverno, teve a previsão de safra reduzida para 8,26 milhões de toneladas”, explicou a Conab.
Segundo a companhia, o resultado se deve a problemas no clima, em especial no Paraná, onde ocorreram estiagens, e à “falta de clima frio predominante”. Foram observadas ocorrências de geadas em agosto, o que prejudicou a produção.
Caso se confirme o aumento da produção – e a consequente oferta interna – de arroz, a tendência é de queda no preço do produto. No entanto, segundo a Conab, mesmo com essa queda, a rentabilidade do produtor deve se manter, uma vez que essa alta deverá vir acompanhada de aumento das exportações, chegando a 2 milhões de toneladas.
No caso do milho, a Conab está atenta à safra de verão do produto na América Latina, para ter uma ideia do potencial exportador do grão que tem Brasil e Argentina, seus principais produtores. Uma menor oferta na América do Sul-americana poderá refletir na recuperação dos preços no mercado externo.
As exportações estão projetadas em 34 milhões de toneladas no ciclo 2024/2025 e a demanda no mercado interno pelo grão deverá se manter aquecida, devido ao bom desempenho do mercado exportador de proteína animal e pela produção de etanol.
Já a exportação de soja neste ciclo devem chegar a 105,54 milhões de toneladas, com base no aumento da produção e da demanda mundial, especialmente da China. Os estoques finais estão estimados em 4,16 milhões de toneladas.
“No caso do trigo, os danos causados pelas adversidades climáticas no Paraná influenciam na valorização dos preços do cereal no mercado doméstico. O clima adverso em outras importantes regiões produtoras no mundo, bem como os conflitos geopolíticos enfrentados também foram fatores para a alta nas cotações verificadas”, informou a Conab.
Por Prensa Mercosur A GPSA Agropecuaria, do Grupo Pereira, assinou um contrato com o Governo do Paraguai para o usufruto de uma parte da Estância Pedernal, propriedade pertencente às Forças Armadas, para o desenvolvimento da produção de arroz. A fazenda militar está localizada ao norte de Presidente Hayes, percorre cerca de 20 quilômetros ao norte do rio Paraguai e tem um total de 46 mil hectares.
Atualmente 7 Puntas possui 7.000 hectares produtivos, dos 10.000 hectares contemplados no projeto final. Com ambos os desenvolvimentos. A Agropecuária GPSA posicionar-se-á como uma das maiores unidades de produção de arroz do mundo.
Em janeiro passado, durante uma Jornada Técnica do Arroz na Estância 7 Puntas, onde são colhidos entre 8.000 e 9.000 quilos de arroz por hectare, o Presidente Peña ratificou o apoio do Governo ao setor arrozeiro. Disse que se pensava que o Chaco não tinha potencial agronómico, mas que hoje se estima que tem potencial para ser a maior bacia arrozeira do país com 500 mil hectares.
O acordo assinado tem uma duração de 20 anos, constituindo um marco na colaboração entre o sector privado e o Estado no domínio agrícola. O acordo foi assinado pelo presidente do Grupo GPSA e juntamente com seus diretores, com o Presidente da República, Santiago Peña, e o Ministro da Defesa, Oscar González.
SÃO PAULO – A exportação brasileira de carne bovina atingiu um novo recorde em setembro de 2024, com o embarque de 286.750 toneladas, o que corresponde a um aumento de 7,12% em relação ao recorde anterior, registrado em julho deste ano, e 15,6% maior ante o mês de agosto de 2024.
A receita cambial no mês passado foi de US$ 1,258 bilhão (R$ 6,8 bilhões), representando a terceira maior da história das exportações do setor e 17,4% superior ao mês anterior, ficando atrás apenas de agosto e setembro de 2022, quando os preços médios da carne, influenciados pela pandemia, atingiram picos de US$ 5,9 mil e US$ 5,7 mil a tonelada, respectivamente.
Os números são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compilados pela Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).
Entre janeiro e setembro de 2024, as exportações brasileiras somam 2,1 milhões de toneladas de carne bovina, com um faturamento de US$ 9,16 bilhões. Na comparação com os primeiros nove meses de 2023, os embarques aumentaram 28,3%, enquanto o faturamento cresceu 20%.
A China, que respondeu por 44,5% das exportações brasileiras de carne bovina no acumulado do ano, aumentou suas compras em 10%. Contudo, o faturamento recuou 0,9%, reflexo de ajustes nos preços médios.
Os Estados Unidos apresentaram um crescimento expressivo de 58% no volume de importações e de 48,7% na receita, totalizando 147 mil toneladas e US$ 867,4 milhões em faturamento.
Segundo a Abiec, outro destaque foi o mercado dos Emirados Árabes Unidos, consolidado como um importante hub para a região do Oriente Médio. Os embarques para o país cresceram 162%, saltando de 45,7 mil para 120 mil toneladas no acumulado de 2023 e 2024, respectivamente. O faturamento mais que dobrou, com uma alta de 168%, passando de US$ 203 milhões para US$ 547 milhões.
Os 15 principais mercados de destino da carne bovina brasileira registraram crescimento em volume no acumulado de 2024. Destacam-se os incrementos para México, Argélia e Filipinas, além da Turquia, que refletem parte das exportações ao Irã.
O presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, disse em comunicado que o aumento das exportações reflete os esforços contínuos do setor privado, em parceria com o Governo federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária, do Itamaraty, do MDIC e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
“Estamos empenhados em ampliar a presença da carne bovina brasileira nos mercados internacionais, com foco na diversificação dos destinos e na consolidação em mercados tradicionais, como a China”, destacou Camardelli.
Atualmente, o Brasil exporta carne bovina para mais de 150 mercados ao redor do mundo. O projeto Brazilian Beef continua a ser um dos pilares da estratégia de promoção e expansão, com o objetivo de garantir a competitividade e aumentar a presença da carne bovina brasileira nos principais mercados globais.
“Os números de setembro mostram que o Brasil está não apenas consolidado como um dos maiores fornecedores globais de carne bovina, mas também está preparado para atender à crescente demanda por alimentos de alta qualidade e segurança alimentar. Nossa competitividade vem do investimento contínuo em tecnologia, rastreabilidade e sustentabilidade ao longo de toda a cadeia produtiva”, concluiu Camardelli.