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Brasil : Bolívia está à beira de catástrofe ambiental devido a incêndios
Enviado por alexandre em 12/09/2024 00:14:55

Governo declarou emergência nacional


Fumaça de incêndios florestais atinge cidade de La Paz Foto: EFE/Luis Gandarillas

A Bolívia atravessa uma crise climática devido aos incêndios florestais que levaram o governo a declarar “emergência nacional” por causa dos efeitos negativos sobre a qualidade do ar, algo que se tornou um problema regional junto com os incêndios em Brasil e Paraguai.

O Laboratório de Física Atmosférica da estatal Universidad Mayor de San Andrés (UMSA), em La Paz, advertiu que os incêndios florestais “estão produzindo uma catástrofe ambiental” com efeitos sobre a flora, a fauna e a saúde da população.

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O relatório também menciona que a quantidade de fumaça na atmosfera pode “inibir” a chegada das chuvas, levando a um “círculo vicioso que pode adiar as condições de má qualidade do ar”.

Os incêndios têm se concentrado no leste do país e, de acordo com algumas fundações privadas, como a Tierra, o número de hectares de florestas e pastagens afetadas ultrapassa 4 milhões. No entanto, o último relatório do governo estima que esse número seja de 3,8 milhões de hectares.

Há alguns dias, várias cidades, como Santa Cruz, no leste; Cochabamba, La Paz, no oeste; e Cobija, no norte, apresentaram uma densa camada de fumaça, o que alertou as autoridades locais sobre os efeitos negativos para a saúde da população.

A maioria dos incêndios é resultado de “chaqueos” ou queimadas permitidas no campo a fim de preparar a terra para o plantio ou criação de gado, mas ficaram fora de controle devido aos ventos fortes e à seca prolongada.

Nesta semana, o Ministério da Educação ordenou que as aulas fossem virtuais em departamentos como Santa Cruz, Beni e Pando.

Organizações ambientais e de direitos dos animais afirmam que os incêndios estão “piorando” e causando danos a milhares de animais selvagens, como onças, tamanduás, aves tropicais, veados e outras espécies típicas de florestas amazônicas ou semiamazônicas.

O fogo tem causado danos à atividade econômica de populações dependentes da produção de leite e seus derivados, como a Chiquitania boliviana, onde estão localizadas as Missões Jesuíticas, declaradas Patrimônio da Humanidade.

PROBLEMA CRESCENTE
No início de junho, o governo do país alertou sobre a entrada no território nacional de incêndios originários do Brasil, que afetaram principalmente o Pantanal, compartilhado por ambos os países, e o município fronteiriço de San Matías, um dos mais afetados até o momento.

Na época, o vice-ministro da Defesa Civil, Juan Carlos Calvimontes, alertou sobre a existência de mais de 2.800 focos de calor que corriam o risco de se transformar em incêndios florestais se não fossem controlados.

Posteriormente, em julho, a situação piorou, pois os incêndios atingiram algumas áreas de proteção.

As queimadas e a fumaça no leste do país afetaram a operação de aeródromos em várias cidades e algumas operações de decolagem no Aeroporto Internacional Viru Viru, em Santa Cruz, o mais importante do país, foram canceladas devido à baixa visibilidade.

Nos últimos dias, ambientalistas e grupos de oposição parlamentar, como a Comunidade Cidadã (CC), do ex-presidente Carlos Mesa, pressionaram o governo a declarar “emergência nacional”, que o Poder Executivo finalmente determinou no fim de semana.

Nos últimos dias, foi anunciada a chegada de grupos de bombeiros e especialistas em incêndios florestais de Brasil, Chile e França, e o governo também anunciou que alugará aviões-tanque para apagar os incêndios.

Também nas últimas horas, grupos ambientalistas se mobilizaram para pedir ao Executivo e ao Parlamento a revogação das chamadas “leis incendiárias”.

Tratam-se de um conjunto de pelo menos dez leis e decretos presidenciais aprovados entre 2013 e 2019, que incentivam ou legalizam a expansão da fronteira agrícola, o desmatamento e a queima de florestas e pastagens, segundo a Fundação Solon.

*EFE

Brasil : “Estou apavorado. Ninguém previa isso”, diz referência mundial em estudos sobre aquecimento global
Enviado por alexandre em 12/09/2024 00:08:22


O climatologista Carlos Nobre, eferência internacional em estudos sobre aquecimento global

O renomado climatologista Carlos Nobre, conhecido internacionalmente por seus estudos sobre aquecimento global, expressou grande preocupação em recente entrevista ao Estadão. Segundo ele, a crise climática alcançou um ponto crítico antes mesmo do previsto pelos cientistas, com expectativas de que 2024 registre novos recordes de temperatura.

Nobre, que dedicou grande parte de sua carreira ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foi diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ambos órgãos federais, destacou que as ondas de calor e as secas severas estão castigando o planeta. No Brasil, o cenário é alarmante com mais de 5 mil focos de incêndio registrados em todo o país. Enquanto o Rio Grande do Sul enfrentou inundações em maio, São Paulo sofre com alta poluição em setembro.

O climatologista também ressaltou que todos os biomas brasileiros enfrentam sérias ameaças, com alguns, como o Pantanal, correndo o risco de desaparecer nas próximas décadas. Nobre, agora membro dos Guardiões do Planeta, um grupo que reúne pesquisadores focados na catástrofe ambiental global, observa diferenças significativas entre os incêndios no Brasil e aqueles em regiões como Estados Unidos, Canadá e Europa.

Alguns destaques:

Esse é o máximo que já experimentamos. A crise explodiu. Temos a maior temperatura que o planeta experimentou em 100 mil anos. Desde que existem civilizações, há dez mil anos, nunca chegamos nesse nível, em que todos os eventos climáticos se tornaram tão intensos e muito mais frequentes. São secas em todo o mundo, tempestades, ressacas e, agora, a explosão desses incêndios.

Infelizmente, não é só aqui. No ano passado, tivemos grandes incêndios no Canadá, nos Estados Unidos, no sul da Europa. A diferença é de que lá o fogo foi causado por descargas elétricas. Aqui não: praticamente não teve nenhuma descarga elétrica. Entre 95% a 97% são causados pelo homem. A seca e as temperaturas elevadas estão diretamente relacionadas às mudanças climáticas. Isso ajuda o fogo a se propagar. Mas os incêndios são criminosos. (…)

A Amazônia queima

Sempre, nesta época do ano, enfrentamos o fenômeno da inversão térmica nas cidades muito urbanizadas, que esfriam muito no inverno durante a madrugada e no início da manhã. O ar quente que fica mais acima impede o ar frio de subir, fazendo um bloqueio. A poluição das chaminés, das indústrias, dos ônibus, dos caminhões fica presa nesse bloqueio atmosférico. Isso já traria uma enorme poluição, mesmo que não houvesse queimadas, mas quando somamos a questão meteorológica com um número recorde de queimadas, temos essa situação. (…)

Temos que mudar culturalmente, botando milhões de paulistanos para andar de máscara, como na época da pandemia. É um pouco mais complicado do que isso. Em 2023 e 2024 tivemos, sim, uma grande redução do desmatamento na Amazônia, na Mata Atlântica e até no Cerrado. Aparentemente as políticas (de combate ao desmatamento) estão sendo razoavelmente bem implementadas. Mas, então, por que as queimadas estão explodindo? Porque, tudo indica, os incêndios são criminosos. Aqui no Brasil, menos de 3% foram causados por descargas elétricas. Agora, lógico, quando alguém bota fogo na floresta quando está seco e quente, as chamas se espalham mais rápido. Por mais que o desmatamento tenha sido reduzido, os grupos que fazem desmatamento ilegal e a grilagem de terras, e que estão sendo reprimidos pelo Ibama, ICMbio e polícia, continuam agindo. (…)

O desafio é enorme. O criminoso bota fogo na mata em um minuto. O satélite só detecta o fogo quando ele já atingiu de 30 a 40 metros quadrados, ou seja, entre uma hora e meia a duas horas depois. O sistema detecta o fogo, mas mesmo que a polícia saia correndo, não conseguirá prender o criminoso, ele já não estará mais lá. Os próprios produtores agrícolas contrários às queimadas terão de se envolver, usar mais drones, tecnologia. A polícia precisa ter mais eficácia em atacar o crime organizado. E o número de brigadistas precisa aumentar. É uma guerra e temos de começar a combatê-la. (…)

Acho que o Pantanal acaba até 2070, sem falar nos outros biomas. A Amazônia, o Cerrado, a Caatinga: todos os biomas estão em risco. Se o desmatamento continuar desse jeito, a Amazônia vai perder pelo menos 50% da floresta até 2070. Para ter ideia, a Caatinga já avançou 200 mil quilômetros quadrados pelo Cerrado. Há uma região no norte da Bahia que já é tão seca que poderá ter, em futuro próximo, um clima semidesértico, com precipitações abaixo de 400 milímetros por ano. O Pantanal já reduziu 30% nos últimos 30 anos; está secando. E agora o fogo destrói sua vegetação. Se continuarmos com emissões altas e só conseguirmos zerá-las em 2050, o que já é um enorme desafio, poderemos chegar a 2100 com temperatura a 2,5ºC da média. Se isso acontecer, o Pantanal não terá mais lago. (…)

O que mais mata no mundo, muito mais do que as chuvas, são as ondas de calor. Praticamente todo o nosso País está enfrentando ondas de calor. Idosos e crianças menores de cinco anos são muito vulneráveis. São dezenas de milhões de pessoas em risco. Precisamos ter uma política de adaptação. No sul da Europa, em 2022, 65 mil pessoas morreram por conta do calor. Desde 2023, em Barcelona, quando há ondas de calor, o governo leva a população mais vulnerável para lugares com ar-condicionado, piscina, alimentos e atendimento médico, para que não morram. Nossa agricultura não é preparada para essa seca. Ou seja, todas as medidas de adaptação precisam ser muito aceleradas em todo o mundo – e no Brasil mais ainda. (…)

Continuamos aumentando as emissões. Batemos recorde em 2022, em 2023, e, tudo indica que bateremos de novo este ano. A instabilidade política provocada pelas guerras da Rússia na Ucrânia e de Israel na Faixa de Gaza está fazendo com que mundo não enfrente a emergência climática. A Rússia simplesmente ignorou a redução de emissões.

O Pantanal queima

Mesmo que começássemos a reduzir amanhã e conseguíssemos zerar as emissões líquidas até 2050, nós, basicamente, já atingimos 1,5ºC acima da média (registrada no século 19, no período anterior à Revolução Industrial). Foram dois anos seguidos com essa temperatura. Se tivermos mais um ano, a ciência talvez já possa dizer que alcançamos a marca de 1,5ºC. Mesmo que aceleremos as reduções, o aumento da temperatura média do planeta vai ultrapassar os 2ºC, podendo até chegar a 2,5ºC em 2050. Mesmo que começássemos a remover 5 bilhões de toneladas de gás carbônico por ano da atmosfera, lá por volta de 2100 voltaríamos a um aumento de 1,5ºC. (…)

O objetivo era não deixar o aumento passar de 1,5ºC e, a partir de 2050, já começar a remover, no mínimo, 5 bilhões de toneladas de CO2 por ano da atmosfera, para chegar em 2100 com aumento de 1ºC. Mas infelizmente já estamos atingindo 1,5ºC. Estou apavorado. Ninguém previa isso; é muito rápido.

Brasil : La Niña: fenômeno que pode diminuir calor tem 60% de chance de ocorrer
Enviado por alexandre em 11/09/2024 15:06:30


Termômetro marca 34º em SP. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A OMM (Organização Meteorológica Mundial), agência da ONU (Organização das Nações Unidas), afirmou que há 60% de probabilidade das condições da La Niña surgirem no final deste ano. O fenômeno ocorre quando há resfriamento da faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico, com uma diminuição da temperatura igual ou maior a 0,5ºC nas águas do oceano.

O fenômeno acontece a cada três ou cinco anos e, no Brasil, costuma causar aumento das chuvas no Norte e no Nordeste, tempo seco no Centro-Sul e chuvas mais irregulares na região, tempo mais seco no Sul e condição mais favorável para entrada de massas de ar frio e maior variação térmica.

A organização aponta que as condições do fenômeno estão “neutras”, mas alertou que o aquecimento a longo prazo do planeta ainda ocorrerá. As previsões mais recentes apontam que as condições da La Niña devem aparecer entre setembro e novembro de 2024 e entre outubro deste ano e fevereiro de 2025.

O pico da La Niña deve ocorrer entre novembro e janeiro, mas o fenômeno não deve ser intenso ou prolongado, segundo a previsão mais recente da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).

Anomalias de temperatura na superfície do mar nesta segunda (9). Foto: NOAA

Em 2024, o El Niño foi um dos mais intensos já registrados e gerou impactos em todo o país. O fenômeno costuma reforçar o calor no verão e abrandar o inverno por dificultar o avanço de frentes frias no país.

Ele também causa secas no Norte e Nordeste e chuvas excessivas no Sul e no Sudeste. Apesar do fim do fenômeno, o inverno no Brasil foi muito impactado por sua influência, principalmente por conta de sua intensidade ao longo dos meses.

Brasil : “Nunca vi nada assim”: como as queimadas afetam a vida de moradores da Amazônia
Enviado por alexandre em 11/09/2024 15:02:38


Focos de incêndio na Amazônia. Foto: Cícero Pedrosa Neto

A devastação causada pelas queimadas na Amazônia atingiu um novo patamar, com mais de 82 mil focos de incêndio registrados entre 1º de janeiro e 9 de setembro deste ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este número já é o dobro do mesmo período de 2023 e se aproxima do recorde histórico de 85 mil focos em 2007.

O prefeito de Novo Progresso (PA), Gelson Dill (MDB), comparou a situação atual com 2019, quando garimpeiros promoveram o “Dia do Fogo”. Para ele, nem mesmo aquela ocasião, no auge do bolsonarismo sobre as políticas ambientais, foi tão prejudicial como a que vivemos em 2024.

“Eu moro aqui há 25 anos e não me lembro de ter vivido uma seca tão grande. A brigada de bombeiros mais próxima daqui fica a 400 quilômetros. Estamos tentando usar os nossos caminhões pipas, mas eles não conseguem acesso às áreas”, disse o prefeito.

Já na cidade de Trairão (PA), à beira da BR-163, uma família foi obrigada a evacuar a casa rapidamente para conter as chamas que avançavam. “A seca deste ano foi a mais severa, não víamos algo assim desde a década de 80”, explicou o prefeito João Cleber de Souza Torres (MDB), ao jornal O Globo, destacando que muitas queimadas são acidentais, causadas pelo uso tradicional do fogo para limpar terrenos.

O município, que abriga a Terra Indígena Apyterewa, enfrenta a ação de grileiros e garimpeiros que, segundo denúncias, ateiam fogo deliberadamente para dificultar as ações de fiscalização do Ibama. As investigações dessas práticas criminosas já resultaram em 19 inquéritos abertos pela Polícia Federal em 2024.

Na região do Parque Nacional do Jamanxim, também no Pará, o fogo avança rapidamente durante a noite, com labaredas que se aproximam das margens da BR-163, transformando a estrada em uma zona de perigo. Em uma dessas ocasiões, a reportagem testemunhou uma casa de madeira ser completamente consumida pelas chamas, enquanto os motoristas reduziam a velocidade com receio de que o fogo se alastrasse até os veículos. A fumaça, intensa e densa, tornava a respiração difícil e provocava ardência nos olhos.

Fogo em floresta no Brasil. Foto: reprodução

No distrito de Jardim do Ouro, em Itaituba (PA), a cena era igualmente desoladora. Bois fugiam do fogo em direção à Transgarimpeira, buscando escapar das chamas que tomavam conta dos pastos. Ao meio-dia, o sol, encoberto pela fumaça espessa, transformou o dia em uma penumbra avermelhada.

Em meio à destruição, troncos de castanheiras se destacavam, sobrevivendo às chamas, enquanto aves como araras azuis e papagaios fugiam em revoada, e buritis ardiam no horizonte.

Em Moraes Almeida (PA), a fumaça densa já afetava a visibilidade na pista de pouso dos pequenos aviões que abastecem os garimpos da região. “Sempre tem fumaça nessa época, mas não tanto como agora”, comentou Emilia Silva, que vive nas proximidades da BR-163. O distrito, conhecido por suas serrarias, madeireiras e fazendas de gado, está no coração da devastação.

Descendo pela mesma rodovia, o município de Novo Progresso (PA) se destaca por uma história de tragédia ambiental recente: em 2019, o “Dia do Fogo” entrou para o noticiário quando fazendeiros organizaram uma vaquinha para financiar queimadas coordenadas. Hoje, o cenário é ainda pior.

“Estou aqui há 25 anos e nunca vivi uma seca tão grande”, afirmou o prefeito Gelson Dill (MDB). A cidade, com uma brigada de bombeiros distante a 400 quilômetros, enfrenta enormes dificuldades em controlar as chamas, utilizando caminhões-pipa que muitas vezes não conseguem acessar as áreas mais afetadas.

Brasil : Folha e Estadão alertam para incêndios e inércia do governo
Enviado por alexandre em 11/09/2024 14:55:34

"Chocada está a sociedade brasileira diante da incompetência do governo Lula", disparou Estadão em editorial

Brigadistas do Instituto Brasília Ambiental e Bombeiros do Distrito Federal combatem incêndio em área de cerrado próxima ao aeroporto de Brasília Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo fizeram editoriais apontando para as graves consequências dos incêndios florestais que já encobrem 60% do Brasil em fumaça. Nos textos publicados nesta terça (10) e quarta-feira (11), os periódicos denunciam a falta de mobilização do governo federal em torno do tema.

– O Brasil está pegando fogo. E antes fosse apenas no sentido figurado, como decorrência do acirramento de ânimos típico dos períodos eleitorais. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), queimadas naturais e criminosas cobrem nada menos que 60% do território nacional de fumaça (…). O resultado desse quadro aterrador pode ser sentido por todos, mas sobretudo idosos e crianças, os mais suscetíveis ao agravamento de doenças cardiorrespiratórias causado pelo clima desértico – frisou o Estadão no texto intitulado O Brasil sufoca.

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– O Brasil enfrenta uma crise ambiental não menos impactante que as enchentes do Rio Grande do Sul. Governos e sociedade, entretanto, reagem de forma letárgica à catástrofe. Um dia virá o cômputo de mortes adicionais na tempestade perfeita de fogo e seca recordes, mas isso não é necessário para dimensionar o desastre. Rios amazônicos secam, isolando ribeirinhos; aeroportos e portos fecham; aulas são suspensas; acidentes se multiplicam nas estradas sob visibilidade reduzida – enumera a Folha, no editorial Onde há fumaça há fogo e falta urgência.

Para o Estadão, o ato de respirar se tornou “um ato de resistência”, e embora essa “dimensão apocalíptica” dos incêndios já tenham iniciado há meses, só agora o governo federal “parece ter acordado para a gravidade da situação”, tendo viajado ao Amazonas junto de ministros.

Na avaliação do jornal, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, já dava sinais de estar “perdido” há semanas, tendo chegado a dizer que a tragédia ambiental era uma “coisa nova”.

– Nova, a rigor, não é nem a prostração do governo federal diante de um problema há muito conhecido. (…) “Está todo mundo chocado com essa situação”, lamentou Wellington Dias. Ora, chocada está a sociedade brasileira diante da incompetência do governo Lula da Silva para lidar com as queimadas, no melhor cenário, ou do descaso do presidente da República pela chamada questão ambiental, que jamais foi uma causa que o petista carregou no peito, instrumentalizando-a na medida de suas conveniências políticas de ocasião – criticou o editorial.

A Folha, por sua vez, frisou a responsabilidade do Congresso Nacional.

– O Congresso mal reage ao flagelo. Verdade que aprovou legislação sobre manejo de fogo, porém após seis anos de tramitação e três de queimadas devastadoras. (…) Cortou verbas do Ibama para combate a incêndios, depois recompostas por créditos extraordinários. Barrou a criação de uma autoridade climática por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – escreveu o periódico.

O jornal recordou que, diante do desastre das enchentes gaúchas, os Três Poderes “se uniram pela reconstrução”. No caso dos incêndios, contudo, “faltam planos, metas e articulação no poder público. Cabe ao governo de um país em chamas liderar a mobilização para debelá-las, hoje, e prevenir que o despautério se repita no futuro”.

– O Brasil precisa, de uma vez por todas, avançar na adaptação às mudanças climáticas. Condições meteorológicas extremas, como a seca, as ondas de calor e as enchentes já não são o “novo normal”, mas uma realidade posta. Quando se fala em proteção do meio ambiente, está-se falando de segurança hídrica, energética e alimentar. Está-se falando de vidas, portanto. Ou Lula da Silva acorda para isso e lidera um esforço nacional de adaptação às mudanças climáticas digno do nome – e não só para “inglês ver” – ou o Brasil será consumido por sua incompetência antes que as chamas possam arrasar por completo os seus biomas – completou o Estadão.

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