Período de chuvas só normaliza a partir de fevereiro no Amazonas, afirma Laboratório Climático da UEA
Nos meses de dezembro e janeiro as chuvas deverão permanecer abaixo da média no leste e norte do Amazonas.
Com informações da UEA
O período de chuvas deve voltar a normalizar a partir de fevereiro de 2024 no Estado do Amazonas. Essa é a previsão emitida pelo Laboratório de Modelagem do Sistema Climático Terrestre da Universidade do Estado do Amazonas (Labclim/UEA), por meio do Boletim Prognóstico Sazonal Hidroclimático do Amazonas. O laboratório fica localizado na Escola Superior de Tecnologia (EST/UEA).
O doutor em meteorologia e coordenador do Labclim, Francis Wagner Correia, explicou que o objetivo do boletim é disponibilizar informações diagnósticas e prognósticas de precipitação, descargas e níveis dos rios, atualizadas que influenciam no padrão da estiagem no Amazonas.
"Nos meses de dezembro e janeiro as chuvas deverão permanecer abaixo da média no leste e norte do Estado, enquanto na região centro-oeste do estado do Amazonas as chuvas deverão ficar dentro da média climatológica",
revelou o professor do curso de Meteorologia da EST/UEA.
Foto: Alex Pazuello/Secom AM
Os dados do Boletim têm a finalidade de serem utilizados em diversas áreas, incluindo a navegação, agricultura, indústria, transporte, pecuária, gestão de obras, entre outros setores do Estado do Amazonas. Outra previsão do boletim revela que as temperaturas estão acima da média climatológica em todo o Amazonas.
Sobre os níveis dos rios, a previsão indica que as principais sub-bacias do Amazonas experimentarão atrasos na normalização de seus níveis nos próximos meses, com exceção do Rio Madeira, onde é projetado que seus níveis permaneçam abaixo da normalidade.
Em relação às queimadas, o boletim indica que os déficits de chuva na porção centro-leste do Amazonas e na porção oriental da Amazônia, associado a temperaturas acima da média, podem favorecer a ocorrência de queimadas.
O cientista explicou ainda que diante da gradual persistência das anomalias no oceano Pacífico central-leste e da contínua presença do fenômeno El Niño nos próximos meses, com intensidade moderada, especialmente no início e durante a estação chuvosa na região Amazônica, o prognóstico climático considera também o aquecimento fora do normal no Atlântico Norte.
Foto: Reprodução/UEA
Labclim/UEA
O Labclim corresponde a três Sistemas de Processamento Alto Desempenho Cluster Computing, formados pelos Cluster Tambaqui (CPU), Aruanã (CPU) e Jaraqui (GPU). Esses sistemas (clusters) permitem a integração de modelos físicos - matemáticos que representam o sistema climático terrestre e as suas variações em diferentes escalas espaciais e temporais.
A aquisição do Labclim em 2016, financiado com recursos provenientes da Agência Nacional de Águas (ANA), por intermédio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), correspondeu a um marco no desenvolvimento de pesquisas científicas nas áreas Ambiental, Hidrologia, Climática, Variabilidade e Mudanças no Clima, entre outros, realizadas por alunos de graduação e pós-graduação na universidade.
Desde a sua implantação, o Labclim tem sido fundamental na formação e qualificação de alunos ao nível de graduação (iniciação científica e Trabalho de Conclusão de Curso - TCC) e no apoio ao desenvolvimento de dissertação de mestrado e teses de doutorado por alunos de pós-graduação da Universidade do Estado do Amazonas. Além disso, diferentes projetos de pesquisas vêm utilizando a estrutura computacional do laboratório para a geração e processamento dos dados climáticos e hidrológicos na Bacia Amazônica.
Mais de 60% dos ovos de tartarugas não resistiram ao período de estiagem no Amapá, afirma Ibama
As chances de sobrevivência destes animais na natureza são reduzidas devido aos predadores e ações prejudiciais causadas por seres humanos.
Com informações do G1 Amapá
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) afirmou que mais de 60% dos ovos de tartarugas não resistiram ao período de estiagem no Amapá. Os dados foram observados pelo Projeto Quelônios da Amazônia (PQA), que é uma ação do Ibama, e atua em Pracuúba no Amapá, e Afuá, no Pará, e realizou a soltura de aproximadamente 4,5 mil quelônios, no Lago da Ilha da Ponta, localizado no município de Pracuúba.
Essa é a segunda soltura de quelônios em 2023 no município de Pracuúba, a primeira aconteceu em junho, com a soltura de 7 mil filhotes.
Segundo o Ibama, as chances de sobrevivência destes animais na natureza são reduzidas, devido aos predadores e ações prejudiciais causadas por seres humanos.
Por estes fatores, o processo até a liberação dos quelônios é supervisionado desde quando ainda são ovos. A equipe busca as covas e os transfere para uma área chamada "berçário", que consiste em covas protegidas para o desenvolvimento. O superintendente do Ibama, Bernardino Nogueira, explica sobre.
"Há 20 anos temos esse projeto na região, levando os ovos para a incubadora e protegendo os filhotes frágeis dos predadores",
disse.
A liberação dos filhotes usualmente acontece em março ou junho, quando os ovos se chocam e cascos já estão resistentes. As tartarugas nasceram precocemente neste fim de ano por conta do período de estiagem.
O superintendente informou também que os filhotes devem ser liberados até um mês após o nascimento, pois nesse período ainda estão com instinto de sobrevivência aguçados.
"O período de estiagem foi tão forte que eles nasceram muito cedo. Se a gente passar três ou quatro meses com eles no cativeiro, ele não vai mais ter resistência, não vai saber viver. Ele fica atrofiado e não sabe procurar comida, sendo uma presa mais fácil para os predadores", disse o superintendente do Ibama.
Inicialmente a meta consistia na liberação de mais de 11 mil quelônios. No entanto, por conta deste período de estiagem mais de 60% dos ovos das tartarugas não resistiram ao calor, a espécie também apresentou dificuldades de reprodução.
Foto: Serena Vitória Freitas/Arquivo pessoal
A próxima liberação acontece no município de Afuá e pretende liberar um maior número de animais da espécie.
Acadêmicos de Ciências Ambientais da Universidade Federal do Amapá colaboraram no projeto, realizando a operação juntamente aos técnicos profissionais em meio ambiente. A estudante universitária Samela Martins destacou a importância deste momento para a sua vida profissional.
"Isso vai ser muito importante para a nossa profissão no futuro, já que temos que ter esse contato e temos pessoas que ajudam a gente a lidar com isso. E o Ibama tem feito com a gente uma ótima ação para a nossa profissão. Esse contato de imediato é muito importante", disse.
*Por Josi Paixão e Isadora Pereira, do Grupo Rede Amazônica
Nova espécie de planta é encontrada na Floresta Nacional de Carajás e está ameaçada pela mineração
Estudo da Jacquemontia ferricola, descoberta em 2022, pode embasar políticas públicas de conservação da espécie potencialmente afetada pela extração de minério de ferro.
Com informações da Agência Bori
Jacquemontia é um gênero de plantas que tem aproximadamente 120 espécies de trepadeiras ou arbustos com flores em formato de cone. Em um estudo inédito publicado na segunda (4) na revista 'Acta Amazonica', pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) descrevem uma nova espécie de Jacquemontia encontrada na Floresta Nacional de Carajás, no Pará.
Os pesquisadores realizaram diversas expedições de campo, incluindo visitas a herbários brasileiros e internacionais, que possuem coleções de plantas. Em uma dessas expedições, realizada em julho de 2022 na Floresta Nacional de Carajás, a equipe de pesquisa se deparou com um exemplar de Jacquemontia com características diferentes das descritas para as outras espécies do gênero.
Após análises refinadas com microscopia eletrônica de varredura, que produz imagens em alta resolução da amostra, os pesquisadores chegaram à conclusão de que estavam diante de uma espécie ainda desconhecida pela ciência, e a batizaram como Jacquemontia ferricola. O termo "ferricola" foi escolhido em homenagem ao solo rico em minério de ferro, comum no local onde a planta foi encontrada.
Foto: Deibson Belo/Arquivo do pesquisador
Segundo os pesquisadores, na Floresta Nacional de Carajás, até o presente momento só existia uma espécie de Jacquemontia reconhecida, a Jacquemontia tamnifolia, que tem a flor azul e presença de indumento, como se fossem pelos que podem ser vistos a olho nu, densamente distribuídos na base da flor. Já a nova espécie, Jacquemontia ferricola, mede 10 milímetros e tem a flor branca como uma de suas características, além de não possuir indumentos.
"As plantas do gênero Jacquemontia ocorrem em quase toda América do Sul, sendo amplamente distribuídas no Brasil, principalmente na Caatinga", explica Deibson Belo, o principal autor do estudo e estudante de doutorado em Biodiversidade na UFRPE.
A nova espécie foi localizada em uma região de mineração, o que pode ameaçar sua conservação.
"O nível de ameaça à Jacquemontia ferricola é preocupante, pois apenas um indivíduo foi localizado, e em uma área onde a extração de minério de ferro afeta a natureza. As medidas de conservação serão, portanto, necessárias para garantir a preservação desta espécie e de espécies ainda desconhecidas pela ciência",
conclui Belo.
A descrição da nova espécie amplia o número de espécies nativas conhecidas pela ciência em uma região com grande biodiversidade, no Norte do Brasil. Segundo o pesquisador, "o estudo pode inspirar a criação de políticas públicas de conservação tanto de plantas como de animais em regiões impactadas por atividades como a mineração".
*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Bori
As tartarugas são fundamentais para o ecossistema pois desempenham um papel crucial no equilíbrio ambiental e na potabilidade dos rios.
Com informações da Agência Pará
Quase 4 mil filhotes de tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa) foram soltos, no último final de semana, no Refúgio de Vida Silvestre (Revis) Tabuleiro do Embaubal. A Unidade de Conservação (UC) do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) é considerada a maior área de desova da espécie no mundo.
A soltura marcou o início das primeiras atividades de reintrodução desses animais na natureza em 2023. O evento contou com a presença de turistas de diversas regiões do país e por moradores da região, que se mostraram entusiasmados em acompanhar o fenômeno natural e contribuir para a proteção dos quelônios.
Até o final deste ano, a expectativa é que 600 mil tartarugas sejam soltas, contribuindo para a preservação da biodiversidade local. De acordo com especialistas, essa é uma das espécies que estão ameaçadas de extinção na região amazônica.
Neste sentido, o Governo do Estado, por meio do Ideflor-Bio, não tem medido esforços para ampliar a população desse importante animal aquático.
Foto: El Elyon - Xingu Adventure
Ecossistema amazônico
As tartarugas são fundamentais para o ecossistema amazônico porque desempenham um papel crucial no equilíbrio ambiental e na potabilidade dos rios. Por se alimentarem de plantas aquáticas e peixes mortos, a espécie acaba fazendo uma verdadeira ação de limpeza nos cursos d'água. Dessa forma, garantindo a qualidade desse recurso natural aos seres humanos e também para si mesma.
A ação humana, como a caça predatória e a destruição de habitats naturais, tem colocado em risco a sobrevivência dessas tartarugas. Por isso, ações que garantem a conservação e a reintrodução da espécie têm se mostrado essenciais para reverter esse quadro.
Foto: El Elyon - Xingu Adventure
Segundo o diretor de Gestão e Monitoramento das Unidades de Conservação, Clésio Santana, a soltura dos filhotes de tartarugas-da-amazônia no Revis Tabuleiro do Embaubal é apenas uma das muitas ações que serão realizadas ao longo do ano para recuperar a população desses animais.
"O Ideflor-Bio, em parceria com outras instituições e organizações não governamentais, trabalha incessantemente para garantir um futuro sustentável para essas espécies ameaçadas", afirmou.
O dirigente acredita que a soltura das tartarugas seja um marco para a conscientização da importância da conservação ambiental e da preservação da vida selvagem. "A participação dos turistas e a divulgação desse evento contribuem para a disseminação dessa mensagem, incentivando a sociedade a se engajar em ações de proteção ao meio ambiente", concluiu Santana.
Foto: El Elyon - Xingu Adventure
O dirigente acredita que a soltura das tartarugas seja um marco para a conscientização da importância da conservação ambiental e da preservação da vida selvagem. "A participação dos turistas e a divulgação desse evento contribuem para a disseminação dessa mensagem, incentivando a sociedade a se engajar em ações de proteção ao meio ambiente", concluiu Santana.
Para o engenheiro de pesca, Átilla Mello, a iniciativa reafirma o compromisso do Governo do Estado, por meio do Ideflor-Bio, com a preservação da biodiversidade e se torna um exemplo para o país.
"A esperança é de que, por meio de ações como essa, as futuras gerações possam desfrutar de um ambiente saudável e equilibrado, onde a fauna e a flora sejam protegidas e respeitadas",
pontuou.
Sobre a UC
Criado em 2016, o Revis Tabuleiro do Embaubal é uma UC de Proteção Integral do Ideflor-Bio com mais de 4 mil hectares. Além da tartaruga-da-amazônia, outras espécies de quelônios desovam na área, como os Pitiús (P. sextuberculata) e Tracajás (P. unifilis). No local, também são encontrados com abundância aves migratórias como a Águia pescadora (Pandien haliaeteus), o Biguá (Phalacrocorax brasilianus), o Maçarico (Tringa solitaria), entre outras espécies.
A biopirataria é a apropriação, exploração, manipulação, exportação e/ou comercialização de recursos biológicos ou conhecimentos em desacordo com as normas da Convenção sobre Diversidade Biológica de 1992.
O termo se refere desde o contrabando de espécies da flora e da fauna até o desmatamento de madeira e apropriação de conhecimentos tradicionais sem repassar os lucros. Empresas patenteiam processos ou mesmo espécies vegetais e animais com objetivo único de favorecer o lucro, explorando, muitas vezes de forma ilegal, os recursos naturais.
A Amazônia é alvo constante da biopirataria, principalmente por conta de sua vasta fauna e flora, com artigos que são valorizados tanto por sua raridade quanto por sua utilidade, sejam plantas medicinais, alimentos regionais ou animais que não podem ser encontrados em outros locais.