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Coluna Meio Ambiente : Pesquisa monitora qualidade da água em reserva biológica da Amazônia
Enviado por alexandre em 27/04/2023 00:33:34

Pesquisa realizou o monitoramento detalhado da qualidade da água de rios localizados na Reserva Biológica do Uatumã, em Presidente Figueiredo, no Amazonas.Os dados já alcançados indicaram que os parâmetros utilizados para checar as características de cursos d'água, como pH, turbidez e transparência, por exemplo, possuem pouca variação temporal e espacial, na região. 

As informações foram obtidas após a realização de cinco campanhas de coleta de dados nos rios Uatumã e Pitinga, além de afluentes e no lago de Balbina. A pesquisa também utilizou imagens de sensores, instalados em satélites, para mapear a qualidade ambiental da água na Reserva Biológica do Uatumã, demonstrando que é possível fazer o monitoramento remoto da região.

De acordo com o coordenador do projeto e doutor em Clima e Meio Ambiente, Rogério Marinho, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), foram analisadas diferentes características físico-químicas da água.

"O projeto pretende gerar produtos na forma de mapas multitemporais da distribuição espacial da concentração de sólidos em suspensão, turbidez e profundidade do Disco Secchi (transparência da água). Esses mapas podem ser utilizados para o monitoramento e avaliação da qualidade da água na região estudada, e podem contribuir para o desenvolvimento de estratégias de gestão ambiental", informou.
Foto: Rogério Marinho/Acervo pessoal

Monitoramento 

Com esses dados e ferramentas, será possível identificar fontes de degradação da qualidade da água no local e contribuir com a preservação da biodiversidade aquática na região estudada, garantindo a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas.

Além disso, as informações disponibilizadas na pesquisa tornam possível fornecer explicações úteis para a população em geral, permitindo que as pessoas acompanhem a qualidade da água na Reserva e seu entorno e, por consequência, contribui para gestão das atividades de ecoturismo no Lago de Balbina.

Foto: Rogério Marinho/Acervo pessoal

O estudo é realizado por uma equipe de dez pesquisadores vinculados à Ufam, à Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade de São Paulo (USP) e à Universidade Federal de Pelotas (UFPel), de diferentes áreas de atuação, como Geografia, Geologia, Química, Biologia e Sensoriamento Remoto. Conforme o coordenador, a diversidade de conhecimentos e habilidades contribui de forma significativa para este projeto multidisciplinar.

O estudo é fomentado pelo Governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), no âmbito do Programa Biodiversa/Fapeam. Iniciado em 2021, a previsão atual é que seja finalizado no segundo semestre de 2023.

 

Coluna Meio Ambiente : Longe da fama do Drácula: morcegos são dispersores de sementes na Amazônia
Enviado por alexandre em 25/04/2023 09:49:53


Um mamífero voador, com hábitos noturnos, capaz de se localizar através dos sons. Essas são algumas das características que tornam os morcegos um grupo fascinante e único de animais.

Embora eles tenham sido associados a mitos, personagens lendários e medos infundados, a maioria das espécies não são perigosas aos seres humanos. Na realidade, muitas delas são benéficas e com papel importante para o ecossistema.

Na Amazônia, mais precisamente em Presidente Figueiredo, no Amazonas, está uma das áreas de importância para a preservação de morcegos: a Caverna do Maroaga. 

"Dentro da caverna existe uma fauna vivente. Até o momento, foram catalogadas 20 espécies de morcegos dentro da Maroaga", 

afirmou o guia turístico Judeilson Trindade.
Morcegos são importantes para o ecossistema. Foto: Reprodução/Amazon Sat

O guia turístico informou que o acesso à caverna é restrito, mas os visitantes podem acessar 18 metros a partir da porta, pois no interior da caverna está localizado o salão dos morcegos. 

De acordo com o mestre em ciências ambientais Marcos Santos, as cavernas são ideais para os morcegos. "É um local escuro e que dá proteção contra os predadores", explicou.

Foto: Reprodução/Amazon Sat

Alimentação 

Sangue é a primeira coisa que vem à mente das pessoas quando se trata da alimentação dos morcegos. Sim, existem espécies que se alimentam de sangue, porém a maioria consome frutas, néctar, insetos e sapos. Das 20 espécies viventes no Amazonas, três têm em sua alimentação sangue e apenas uma costuma 'tomar' o sangue de mamíferos.

"Gado, cavalos e aves são os alimentos favoritos do Desmodus rotundus, também conhecido como morcego-vampiro", explicou Marcos. "Porém existem muitos mitos associados aos morcegos e isso transmite informações erradas sobre os animais", completou. 

Foto: Reprodução/Amazon Sat

Reflorestamento 

Atualmente são conhecidas mais de 1.460 espécies de morcegos em todo o planeta. Na região amazônica são cerca de 170 espécies. Isso torna o Brasil o segundo maior país em número de espécies de morcegos, perdendo apenas para outro país amazônico: a Colômbia.

Os únicos lugares que não se encontram morcegos são os polos, por isso, seu principal papel na região de florestas é de auxiliares no reflorestamento. Os morcegos são responsáveis pela dispersão de sementes nas florestas, tornando-se responsáveis por mais de 80% do reflorestamento natural do mundo.  

Coluna Meio Ambiente : Desmatamento na Amazônia triplica em março e a perda de floresta é de quase mil campos de futebol por dia
Enviado por alexandre em 22/04/2023 19:40:17

O campeão no aumento do desmatamento foi o Amazonas, passando de 12 km² em março de 2022 para 104 km² em março de 2023, uma alta de 767%.


A devastação da floresta amazônica triplicou em março e fez o primeiro trimestre de 2023 fechar com a segunda maior área desmatada em pelo menos 16 anos. Segundo o monitoramento por imagens de satélite do Imazon, implantado em 2008, foram derrubados 867 km² nos três primeiros meses deste ano. Área que equivale a perda de quase mil campos de futebol por dia de mata nativa. Essa destruição só não foi maior do que a registrada em 2021, quando foram postos abaixo 1.185 km² de floresta de janeiro a março.

Cenário que mostra o quanto é preciso adotar com urgência ações de proteção aos territórios mais pressionados. Em março, oito dos nove estados que compõem a Amazônia Legal apresentaram aumento no desmatamento, com exceção do Amapá. Com isso, 42% do desmatamento previsto pela plataforma PrevisIA para o período de agosto de 2022 a junho de 2023, de 11.805 km², já ocorreu.
Imagem: Reprodução/Imazon

"Os governos federal e dos estados precisam agir em conjunto para evitar que a devastação siga avançando, principalmente em áreas protegidas e florestas públicas não destinadas. Há casos graves como o da unidade de conservação APA Triunfo do Xingu, no Pará, que perdeu uma área de floresta equivalente a 500 campos de futebol apenas em março. Será preciso também não deixar impune os casos de desmatamentos ilegais e apropriação de terras públicas", alerta o pesquisador Carlos Souza Jr., do Imazon. 

Derrubada cresceu 9 vezes no Amazonas

O campeão no aumento do desmatamento foi o Amazonas. No Estado, a devastação passou de 12 km² em março de 2022 para 104 km² em março de 2023, uma alta de 767%. Ou seja: quase nove vezes mais. Com isso, o estado também assumiu a liderança como o que mais desmatou na Amazônia no mês, concentrando 30% de toda a devastação na região.

Em território amazonense, a situação mais crítica tem sido no sul, em municípios próximos à divisa com o Acre e com Rondônia, na região chamada de Amacro. Em março, porém, a região próxima às divisas com o Pará e o Mato Grosso também foi muito afetada pelo avanço do desmatamento.

O Amazonas também teve o município que mais derrubou a Amazônia em março: Apuí, com 49 km². As outras duas cidades do estado que ficaram entre as 10 que mais desmataram foram Novo Aripuanã (14 km²) e Lábrea (11 km²). Ou seja: somados, esses três municípios tiveram 71% de toda a destruição registrada no estado em março. 

"Quando analisamos as categorias de territórios onde está ocorrendo o desmatamento na Amazônia, o Amazonas também tem sido destaque negativo em relação aos assentamentos e às terras indígenas. Em março, seis dos 10 assentamentos e quatro das 10 terras indígenas mais desmatados na região ficam no estado",

 afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.

Pará teve alta de 176% na destruição da floresta 

O segundo estado que mais destruiu a Amazônia foi o Pará, que concentrou 27% de toda a derrubada na região. No estado, a devastação passou de 33 km² em março de 2022 para 91 km² em março de 2023, um aumento de 176%.

Foto: Imazon

Os municípios com a situação mais crítica foram Altamira (31 km²), Moju (10 km²) e Novo Progresso (9 km²), que somaram 55% de toda a devastação ocorrida no Pará. Já entre as áreas protegidas, os destaques negativos foram para a APA Triunfo do Xingu e para a APA do Tapajós (PA), unidades de conservação estaduais que perderam, respectivamente, áreas de floresta equivalentes a 500 e a 300 campos de futebol apenas em março. Elas foram a primeira e a segunda UCs mais destruídas na Amazônia no mês.

"Nem os municípios e nem essas unidades de conservação são novidade nos rankings de desmatamento. São territórios que enfrentam pressões históricas em suas florestas, onde é preciso ter atenção especial nas ações de conservação",

 lembra Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.

Devastação aumenta 51% em Mato Grosso

Depois de liderar por dois meses seguidos como o estado que mais desmatou na Amazônia, Mato Grosso caiu em março para a terceira colocação. Porém, ainda não há motivos para comemorar: a derrubada da floresta cresceu 51% em solo mato-grossense. A devastação passou de 57 km² em março de 2022 para 86 km² em março de 2023, representando 25% de todo o desmatamento na Amazônia.

No estado, a devastação vem avançando pela metade norte. Em março, os municípios de Mato Grosso campeões de desmatamento foram União do Sul (9 km²), Feliz Natal (9 km²) e Aripuanã (8 km²). Além disso, o estado teve a terra indígena com a maior área desmatada da Amazônia: a Piripkura. O território perdeu em março uma área de floresta equivalente a 100 campos de futebol.

Desmatamento avança 115% em Roraima

O quarto estado que mais desmatou a Amazônia foi Roraima. A derrubada passou de 13 km² em março de 2022 para 28 km² em 2023, uma alta de 115%. O município que mais desmatou no estado foi Caracaraí (8 km²).

Além disso, o estado teve quatro das 10 terras indígenas mais desmatadas na Amazônia em março, incluindo a Yanomami (cujo território também fica no Amazonas), que ganhou atenção internacional no início do ano devido à grave crise humanitária. Também sofreram com o avanço do desmatamento as terras indígenas São Marcos, Raposa Serra do Sol e Santa Inês.

"A volta do desmatamento na terra indígena Yanomami e o avanço da destruição em outros territórios dos povos originários de Roraima indicam a necessidade de ações permanentes de combate ao desmatamento nas áreas protegidas do estado. Além disso, precisamos acabar com a impunidade aos desmatadores ilegais", comenta Raíssa Ferreira, pesquisadora do Imazon.

Rondônia perdeu seis vezes mais floresta

Embora tenha sido o quinto estado que mais desmatou a Amazônia, Rondônia teve o segundo maior aumento na destruição. A derrubada passou de 4 km² em março de 2022 para 22 km² em março de 2023, uma alta de 450%. Ou seja, quase seis vezes mais.

O estado foi destaque negativo em relação às unidades de conservação, tendo quatro das 10 com as maiores áreas devastadas na Amazônia. Ocupando a terceira, a quarta e a quinta colocação estão a Resex Jaci Paraná (2 km²), a Resex Rio Preto-Jacundá (1 km²) e o PES de Guajará-Mirim (0,4 km²). Essa última se trata de uma unidade de conservação de proteção integral e já passou por uma tentativa de redução do seu limite territorial em 2021. Em sétimo ficou a Resex Angelim (0,3 km²). Somados, esses quatro territórios perderam 370 campos de futebol de floresta em março.

Maranhão, Acre e Tocantins também tiveram altas

No Maranhão, o desmatamento passou de 4 km² em março de 2022 para 9 km² em março de 2023, uma alta de 125%. Já o Acre e o Tocantins, cuja derrubada da floresta não foi detectada em março do ano passado, registraram neste ano destruições de 3 km² e de 1 km², respectivamente

Coluna Meio Ambiente : Tradicional bar em Rio Branco sofre com fenômeno de erosão devido à cheia do rio Acre
Enviado por alexandre em 21/04/2023 00:49:46

O Jiquitaia's bar, popularmente conhecido como Bar Zé do Branco, fica localizado no bairro do Base, em Rio Branco, no Acre. O local, frequentado por políticos, celebridades e clientes de diversas regiões da capital, leva o nome do aposentado José Antônio Veras, de 65 anos, mais conhecido por Zé do Branco e segundo dono do estabelecimento.

O bar, há mais de 40 anos, fez história na rua Barbosa Lima. O Portal Amazônia conversou com a filha de José, Vanusa Veras, que contou sobre a importância do estabelecimento.

"Meu pai era funcionário público, mas o salário não dava para suprir as necessidades da nossa família e comprou o bar pra ter uma segunda renda. Hoje meu pai é aposentado e por receber um salário mínimo não dá pra se manter, porque ele é o único que ajuda a família", explica Vanusa.

Com seus filhos e o sobrinho, Vanusa ajuda o pai no funcionamento do bar, que fica às margens do rio Acre.

Foto: Reprodução / Redes sociais

José Antônio Veras nasceu no seringal Novo Andirá, em Boca do Acre, no Amazonas. Ele chegou ao Acre em 1970 com os pais e mais 11 irmãos dentro de um barco do tipo batelão em uma viagem que durou três dias pelo rio Acre. Segundo Vanusa, em 1975 ele começou a trabalhar no Serviço de Transporte Fluvial do Deracre e com isso ajudou a dar assistência durante muito tempo aos ribeirinhos que chegavam à cidade e se hospedavam no flutuante do governo. Desde que assumiu o bar, Zé do Branco já recepcionou diversas figuras importantes do Estado.

Desmoronamento

Apesar da localização com vista para o rio, foi exatamente esta característica que gerou problemas. No dia 14 de abril, parte da estrutura do bar foi levada pelo rio Acre, devido a enchente que afetou o bairro. 

Por estar na margem do rio, o estabelecimento foi atingido pelas enchentes ao longo dos anos. O bairro da Base é um dos primeiros a ser afetado pelas águas do Rio Acre durante o inverno.

"Por volta das 15h, com a enchente do rio Acre, o barranco quebrou e houve um desmoronamento de terra. Meu pai estava lá quando aconteceu, ele viu tudo desabando. O bar não caiu todo, apenas uma parte, mas por conta do buraco que se abriu, não tem como trabalhar, ficou arriscado" 

explica Vanusa.
Foto: Ramon Aquim/Rede Amazônica Acre

O Rio Acre está registrando a maior enchente dos últimos oito anos. O nível do rio chegou a 17,72 metros no dia 2 de abril. Mais de 75 mil pessoas foram atingidas pela enchente. Vanusa conta que seu pai se sente arrasado com a perda de parte do bar e que eles terão que se instalar em outro lugar e recomeçar. 

"Ele 'tá' sem chão, depressivo, sem saber o que fazer. A associação de moradores da Base cedeu um espaço para gente refazer o bar, mas precisando realizar uma reforma", disse

Para arcar com os custos, uma vaquinha solidária está sendo realizada para levantar recursos para a reforma. "Queria pedir ajuda, estamos sem chão,  sem saber o que fazer, precisamos urgente começar a trabalhar porque já estamos com quase um mês parados", conta Vanusa.

 Veja o antes e o depois do que aconteceu:

Processos erosivos às margens do rio Acre

Segundo um artigo realizado por Frank Oliveira Arcos, Waldemir Lima dos Santos e Kelma Dayan de J. Vieira Lima, da Universidade Federal do Acre (Ufac), intitulado 'Processos erosivos às margens do Rio Acre: o caso área central do município de Rio Branco, Acre, Brasil', aponta que com o processo de urbanização, ocupação e uso do solo, a vegetação natural, às margens do rio Acre foram desaparecendo e cedendo lugar às construções e moradias irregulares, porém consentidas pelo poder público. 

Com a retirada da vegetação o solo ficou exposto e diante da alta pluviosidade na região, iniciou-se um processo de erosão na área, além da instabilidade provocada pelo movimento de massa que já danificou a rua principal da área de estudo, rede de esgoto, água potável, rede elétrica na região central.

"A bacia do rio Acre, tem uma dinâmica geomorfológica muito comum, o deslizamento das suas margens, que está relacionado às variações de regime fluvial de cheias e vazantes. Este fenômeno ocorre no período das enchentes, quando as águas começam a baixar, a pressão hidrostática diminui e a água anteriormente retida nas margens é liberada. Com isso, o deslizamento que ocorre nas suas margens configura patamares desmoronados", explica.

Ainda de acordo com o artigo, "erosão e os desbarrancamentos são amplificados pelo fato do rio Acre ser do tipo meândrico e drenar uma planície sedimentar, fazendo com que seu curso tende a se modificar com frequência por conta da constante erosão natural de suas margens". 

O que acontececu?

O Portal Amazônia entrou em contato com o doutorando e professor do departamento de Geografia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Thiago Oliveira, para saber qual fenômeno ocasionou o desabamento. Com base nas imagens apresentadas do desabamento, Thiago comenta que seja possivelmente uma margem de erosão.

"Boa parte dos rios da Amazônia, como o rio Purus, Madeira e os seus afluentes, que vai até o Acre ou Rondônia, são rios que estão em leito, que não foram escavados como o rio Negro. Então, o leito do canal, conforme os anos, vai mudando e esse processo de mudança gera dois elementos peculiares: de uma margem do rio você vai ter uma intensa deposição e na margem oposta você terá um intenso processo de erosão. Neste caso do bar, o que aconteceu? Ele estava localizado na margem de erosão. Ela corresponde justamente a uma margem de rio de intensa erosão, porque pela forma do canal a gente consegue identificar, se é uma margem que está tendo erosão, tendo a predominância de erosão ou de deposição. Possivelmente onde esse bar desabou, predomina a erosão fluvial", analisa Thiago.

Mas como solucionar a continuidade dessa erosão? Segundo Thiago, uma solução pode ser encontrada: a implantação de 'Defensa Ribereña La Pastora', parecidos com espigões gigantes, para tentar barrar a energia do rio, como visto pelo próprio professor, em Puerto Maldonado, no Rio Madre de Joe, localizado no Peru.

"Quando eu fui em Puerto Maldonado, eles colocaram estruturas metálicas, parecendo uns espigões gigantescos para tentar barrar a energia do Rio, ou seja, reduzir a velocidade do rio nas margens, para não desbarrancar uma área onde passa a principal rodovia que liga o Brasil ao Peru, a Carretera Interoceánica sur", exemplifica. 

Foto: Reprodução / Artigo 'Contra a correnteza: Rio Madre de Dios em Puerto Maldonado – Peru'

Construída em 2016 pela empresa brasileira Odebrecht, a obra conta com 12 estruturas metálicas que partem da margem para o rio, protegendo cerca de 1500 metros da margem. Cada uma dessas estruturas está constituída por dezenas de colunas de ferro com o objetivo de reduzir a da água sobre a vertente e ao mesmo tempo criar um desvio dessas águas para amenizar o processo erosivo. 

As estruturas chamam a atenção daqueles que se aproximam ou transitam pelo rio, pois as estruturas metálicas com mais de 50 metros de compressão adentram o rio e criam uma barreira capaz de dissipar parte da energia da correnteza e consequentemente refletir os processos de descida das margens.

Foto: Reprodução / Artigo 'Contra a correnteza: Rio Madre de Dios em Puerto Maldonado – Peru'

Referências

 

Coluna Meio Ambiente : Pesquisador aponta que degradação da Amazônia afeta sobrevivência de sapos na Mata Atlântica
Enviado por alexandre em 18/04/2023 00:48:55


A existência da Amazônia é fundamental para a manutenção do clima global e afeta diretamente o modo de vida humana, de outras espécies e até mesmo biomas. O avanço desordenado do desmatamento e o aquecimento global prejudicam vários processos ecossistêmicos da natureza que necessitam da região amazônica para funcionarem de maneira adequada.

Você sabia que os rios voadores da Amazônia, que consistem em grandes fluxos aéreos de vapor, são essenciais para a sobrevivência de anfíbios na Mata Atlântica, em especial, nas regiões sul e sudeste do país?

Essa constatação foi o resultado de um estudo publicado na revista internacional 'Conservation Biology' intitulado 'Efeitos dos rios voadores amazônicos sobre a biodiversidade e as populações de anuros na Mata Atlântica'.

O Portal Amazônia conversou o autor principal do artigo, o doutor em ecologia e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lucas Ferrante, sobre as consequências para a biodiversidade dos biomas e que políticas podem ser adotadas para diminuição dos impactos nas espécies de sapos.

Foto: Renato Gaiga

Serviços ecossistêmicos

O bioma amazônico é responsável pela realização de vários serviços ecossistêmicos para outros biomas, como a formação de chuvas para a Mata Atlântica. Isso é possível por meio da existência de rios voadores. Mas, afinal, o que é isso?

Ferrante explica que esse é um fenômeno no qual ventos vindos do Oceano Atlântico trazem a umidade oceânica para a Floresta Amazônica. Parte das águas ficam na região e, através da evapotranspiração, a floresta 'recicla' essa umidade, formando vapores aéreos que são transportados com a ajuda de ventos de baixa pressão para a direção sul do Brasil. 

"As chuvas das regiões Sul e Sudeste do Brasil se originam na Amazônia. A região tem um papel importante para esse serviço ecossistêmico fundamental que é responsável por até 70% das chuvas dessas outras regiões. Nós estamos falando de regiões, como o Sudeste, que concentram o PIB do Brasil. Esse serviço tem impacto, por exemplo, sobre a agricultura dessas regiões, sobre a atividade de indústria e abastecimento humano e também sobre a biodiversidade",

explica o pesquisador.
Foto: Reprodução/FunBio

Declínio populacional de anfíbios 

O estudo mostra que, o avanço do desmatamento tem impacto direto na dinâmica dos rios voadores. Com isso, as chuvas da Mata Atlântica também são comprometidas.

Assim, de acordo com o pesquisador, essa dinâmica é essencial para a sobrevivência de anfíbios, pois dependem da umidade transportada para sobreviverem em seus habitats e se reproduzirem.

Ferrante informa que, para evitar esse cenário, é necessário frear o desmatamento na Amazônia e isso precisa ser feito a curto prazo.

"Se nós mantivermos essas taxas de desmatamento, são graves as consequências a curto e médio prazo para outras partes do país. Estamos falando de secas severas no Sul e Sudeste, afetando o abastecimento hídrico nas cidades, a água para a indústrias, para agricultura e também podemos falar de um colapso muito grande para toda a biodiversidade",

alerta o ecólogo.

Um dos exemplos é o efeito em espécies de sapos endêmicas da Mata Atlântica, como é o caso das rãs da correnteza do gêneros Hylodes, que são dependentes de riachos de água corrente no interior da floresta. 

Outras espécies têm papel fundamental na regulação de pragas para a agricultura e de vetores de doenças para seres humanos, o que a longo prazo poderia causar surtos de doenças não tão comuns, o que também preocupa os pesquisadores.

Política de Desmatamento Zero 

Para Lucas Ferrante, é crucial adotar uma política de desmatamento zero para a preservação desses serviços ecossistêmicos que dependem da Amazônia. Ele destaca que o bioma já está no 'turning point', que seria o ponto de inflexão de desmatamento tolerado. "A Amazônia tende a colapsar esses serviços de forma que eles não vão poder mais ser recuperados", diz.

O ecólogo menciona ainda que agentes públicos, os "tomadores de decisões", devem entender que o caminho de desenvolvimento da Amazônia "não deve ser pautado na pecuária, em monoculturas ou extração e sim em agroecologia, turismo comunitário e principalmente na bioeconomia".

Ferrante cita hidrovias como um caminho a ser seguido, ao invés do desmatamento para construção de rodovias, como é o caso da BR-319,  que é um consenso entre pesquisadores que apontam a inviabilidade econômica, ambiental e social da obra, segundo estudos técnicos.

"Através dessas políticas de ressignificar o que é desenvolvimento para o Estado e evitar que essas grandes obras com esse grande impacto caminhem ao mesmo tempo que nós adotamos uma política de desmatamento zero, nós temos condição de conservar a Amazônia e os serviços ecossistêmicos propiciados pelo bioma que são fundamentais para soberania nacional",

finaliza.
Divulgação/Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

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