O presidente Jair Bolsonaro costuma dizer que a cadeira de presidente da República é como a criptonita para o Superman. A metáfora não é a mais precisa. Nos quadrinhos do “homem de aço” a criptonita tira-lhe a invulnerabilidade, a força descomunal, a visão de raio-X e outros atributos do super-herói, tornando-o um homem comum. A melhor definição da cadeira do presidente da República talvez seja a de que ela não é eterna. Mesmo que feita do couro mais legítimo, com o tempo se desgasta. Se a metáfora de Bolsonaro não se encaixa bem para a cadeira presidencial, ela acaba por ser perfeita para os superministros. Com o detalhe de que a criptonita deles é Jair Bolsonaro. O economista Paulo Guedes sabia, ainda na eleição, que a vitória de Bolsonaro o transformaria no superministro da Economia, aquele que teria carta-branca para fazer o que quisesse na economia. Tanto era verdade que Bolsonaro quase nunca respondia sobre questões relacionadas a crescimento econômico, reformas estruturais, busca do equilíbrio fiscal. “Pergunta lá para o meu Posto Ipiranga”, costumava dizer. E acrescentava: “Não entendo nada de economia. Não tenho vergonha de dizer”. Na campanha eleitoral, o juiz Sérgio Moro tinha a informação de que seria ministro da Justiça. Não de Bolsonaro, mas do candidato do Podemos, Alvaro Dias. “Sérgio Moro será meu ministro da Justiça”, repetia o candidato, sem cessar. Trunfo tão poderoso, dada a popularidade de Moro, não serviu de nada para Dias, que obteve apenas 0,8% dos votos. Vencedor, Bolsonaro confirmou Paulo Guedes na Economia. O convite a Moro veio logo depois da eleição, no início de novembro. Assim como fez com Guedes, o então presidente eleito disse ao ainda juiz da Lava Jato que, na Justiça, ganharia também a Segurança Pública, seria autônomo para fazer o que quisesse. De cara, garantiu a Moro que lhe daria o Coaf. Cumpriu a palavra. A medida provisória da reforma administrativa, que reduziu o número de ministérios, fundindo alguns e extinguindo outros, tirou o Coaf da Economia, passando-o para a Justiça. Moro montou lá uma estrutura de investigação e pôs na chefia do órgão Roberto Leonel, de sua absoluta confiança. Nasciam, com a MP, dois superministros. Um para fazer tudo na economia; outro, para tudo fazer na área da Justiça, combate ao crime organizado, à corrupção e ao crime violento. Já postos em suas funções, e derramando poderes, os dois logo começaram a trabalhar. Guedes convidou aqueles que melhor achou que poderiam ajudá-lo; Moro também, principalmente aqueles com os quais trabalhara na Lava Jato. Continue reading →
O Ministério das Relações Exteriores pediu à ONU a inclusão de dois aliados de Juan Guaidó, um dos líderes da oposição na Venezuela, na delegação brasileira que participará da Assembleia Geral, em Nova York. Com a medida, o governo do presidente Jair Bolsonaro quer garantir a presença de representantes de Guaidó na ONU, na próxima semana. A informação sobre o credenciamento de opositores venezuelanos na delegação brasileira foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo Itamaraty na noite desta sexta-feira (20). Segundo o jornal, foram indicados os nomes de Carlos Vecchio e Isadora Guevara na comitiva brasileira. Vecchio faz papel de embaixador de Guaidó em Washington. Isadora Guevara tem função similar em Paris. “O Itamaraty confirma o pedido de credenciamento de representantes do governo legítimo venezuelano. Essa medida excepcional foi tomada como forma de assegurar a devida representação na ONU, que aceita apenas nomes indicados pelo regime ditatorial de Caracas”, informou o ministério. Como representantes de Guaidó entre os brasileiros, os dois, Vecchio e Guevara, poderão participar de diversas atividades da ONU ao longo da semana. O credenciamento dos venezuelanos faz parte de uma série de medidas que o governo Bolsonaro vem adotando desde janeiro para pressionar pelo afastamento de Nicolás Maduro da Presidência da Venezuela. Desde o início de seu governo, Bolsonaro tem atuado como o principal aliado dos Estados Unidos nas articulações contra Maduro. O Brasil, aliás, foi um dos primeiros países a reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela. |