No dia 18 de julho, o presidente Jair Bolsonaro fez a seguinte reflexão: “Eu posso chegar hoje e falar: Ernesto Araújo está fora, o Eduardo Bolsonaro vai ser ministro das Relações Exteriores. Ele vai ter sob seu comando mais de uma centena de embaixadas no mundo todo”. A frase foi proferida num contexto de críticas da opinião pública à indicação de seu filho para chefiar a diplomacia brasileira em Washington.
A declaração do presidente não foi aleatória. Trata-se de uma opção que está à mesa, hoje. Ainda que o agrément pedindo o aval para a indicação Eduardo tenha sido enviado aos Estados Unidos, cresce no Itamaraty a percepção de que a decisão sobre Eduardo pode sofrer recuo. Em seu lugar, o plano B não seria o embaixador Nestor Foster, cotado para o posto desde o início do governo, mas o atual chanceler Ernesto Araújo.
O gatilho para tal mudança de rumo é a percepção, pelo núcleo duro do presidente Jair Bolsonaro, de que a aprovação do nome de Eduardo no Senado poderia resultar em uma situação de vantagem da Casa em relação ao Palácio do Planalto. Bolsonaro tem reforçado a narrativa de independência de seu governo em relação às demandas do Legislativo – e a indicação de seu filho, que não tem qualquer afinidade com a diplomacia, poderia romper o discurso. Um exemplo: o governo tem pressionado os estados para que privatizem suas distribuidoras de gás. Mas os governadores, em sua maioria, não compartilham da mesma vontade. O aval do Senado para Eduardo reduziria a pressão da equipe econômica sobre os estados.
Outro ponto que joga contra a nomeação do deputado é a sua recente proximidade com Steve Bannon e os filhos de Donald Trump. Na avaliação do núcleo militar e de alguns embaixadores, caso Trump não se reeleja, a presença de Eduardo em Washington atrapalharia os rumos da política externa do país em razão de sua imagem atrelada à do presidente americano. Ainda que Ernesto Araújo também subscreva à agenda de alinhamento automático com os Estados Unidos, há uma percepção de que seu pragmatismo prevaleceria, sobretudo em relação às negociações comerciais e ao relacionamento com um governo democrata. Ernesto serviu na embaixada brasileira em Washington durante todo o governo de Barack Obama. No caso de Eduardo, em razão de sua inexperiência, o sentimento é de que a política externa estaria refém da reeleição do político republicano. Esse temor tem sido aventado nas conversas com o presidente.
Eduardo, por sua vez, prefere Washington ao Ministério das Relações Exteriores. Ernesto Araújo também prefere ficar onde está a ser rebaixado ao posto de embaixador. Mas há a avaliação no governo de que nenhum dos dois recusaria a oferta, caso fosse essa a vontade do presidente.
Sem contrato, o lateral-direito Daniel Alves está tão livre no mercado que ofereceu seus serviços na sua conta de Instagram.
Tido como o jogador mais vitorioso do futebol pelas 40 taças que acumula na carreira profissional até hoje, o baiano de 36 anos postou em sua conta na rede social:
“Busco emprego, onde coloco meu currículo?”.
O contrato do lateral com o paris Saint-Germain acabou durante a Copa América deste ano, que ele conquistou como capitão da seleção brasileira de Tite. Há rumores de que Juventus e Internazionale estudam contratar o jogador, que já triunfou na Juve.
Irreverente, Daniel Alves já havia brincado na semana passada a respeito de entrar em contato com o Flamengo.
Criado há quase 15 anos com a missão de aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário do País, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu promover um salto de qualidade nas suas instalações físicas. Menos de três anos depois de uma reforma na atual sede que custou R$ 7 milhões, o órgão se organiza para transferir sua estrutura em Brasília para um novo prédio de 30,9 mil metros quadrados ao custo anual de R$ 23,3 milhões. A principal justificativa é a necessidade de dar mais “espaço” aos funcionários e garantir maior “proximidade” com o Supremo Tribunal Federal. O atual prédio fica a dez minutos da Corte e custa R$ 16,8 milhões/ano.
A mudança de sede terá de ser acompanhada de uma nova programação orçamentária do conselho. A proposta de ocupar o edifício com vista de 360 graus do Plano Piloto da capital federal, fachada espelhada, jardins externos e espelhos d’água partiu de Richard Pae Kim, juiz auxiliar do presidente do CNJ, ministro Dias Toffoli.
O órgão tem como atribuição fiscalizar o Poder Judiciário. Os 15 membros, entre juízes, advogados e desembargadores, se reúnem a cada 15 dias. Na nova casa, cada funcionário terá 39 metros quadrados de espaço. Hoje são 15 metros quadrados per capita.
Uma planilha feita por técnicos do conselho prevê que o aluguel e o condomínio (cerca de R$ 1,9 milhão por mês, aproximadamente R$ 63 mil por dia) sobrecarregará o cofre da instituição e vai consumir 16,68% de todo seu gasto, estimado neste ano em R$ 139,6 milhões.
Despacho de 27 de junho assinado pelo chefe de planejamento orçamentário do órgão, Eduardo Campos Gomes, alerta que seria necessário, para a formalização do aluguel, aumentar a captação de dinheiro para os próximos cinco anos, período de vigência do contrato. Trecho do documento destaca que é preciso um “ajuste” na programação orçamentária pelo coordenador de ação.
Atualmente, a sede do conselho e suas dependências funcionam em três blocos de prédios na Asa Norte, região central de Brasília, a menos de 10 quilômetros do Supremo. Dois desses imóveis foram cedidos pela União e não geram custos de locação. Apesar da mudança para um espaço maior, o CNJ vai continuar usando dois dos três prédios que ocupa hoje: num deles mantém uma sala-cofre e no outro um berçário.
CNJ diz que prédios usados são distantes dos tribunais superiores
A assessoria do CNJ afirmou que os prédios usados atualmente como sede são “distantes” dos tribunais superiores e a área de 12 mil metros quadrados está “muito aquém de sua necessidade”. “Como exemplo dessa necessidade, apontamos: insuficiência do espaço destinado ao plenário para atendimento do público externo e interno; insuficiência de espaço para as reuniões das dezenas de grupos e comissões atuantes no órgão; e insuficiência de espaço para a realização de oitivas e audiências pelos Conselheiros da Casa”.
O órgão informou ainda que o processo está em fase de instrução e a mudança “somente” será definida após a tomada das decisões pela administração do CNJ. O conselho ressaltou que, caso se efetive a mudança, o custo por metro quadrado de aluguel gasto cairá de R$ 52,88 para R$ 30,78. A nova sede, no entanto, terá 30,2 mil metros quadrados, o equivalente a três vezes o tamanho do espaço ocupado hoje, com 9 mil metros. Ou seja, o valor sairá mais caro.Continue reading →
A PRF, com ajuda de cães farejadores, descobriu a droga na BR-465
PRF/Divulgação
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) encontrou, neste sábado (27/07/2019), mais de duas toneladas de maconha na caçamba de um caminhão na BR-465, em Seropédica, no Rio de Janeiro. Um homem não identificado foi preso.
Distrito FederalAbandonados, prédios usados por PM e PRF viram endereço do crimeEm diversas RAs, há unidades de forças de segurança inativas. Além do desperdício de dinheiro público, pontos passaram a abrigar bandidos
O babalorixá Benedito Vitor dos Santos parece um fabuloso personagem extraído das páginas de uma obra de Lima Barreto. Sua história de vida começa com um desacerto do pai, que no caminho para registrá-lo no único cartório de Colômbia, cidade com pouco mais de cinco mil habitantes no interior de São Paulo, esqueceu o nome que a mãe tinha lhe rogado. Em vez do previamente combinado, o progenitor escolheu Benedito Januário dos Santos, sem comunicar o equívoco aos familiares. Eles só descobriram a verdadeira alcunha na hora de matricular a criança na escola. Até então, no entanto, para o garoto de infância humilde e caçula entre onze irmãos, “Vitão” já fazia parte de sua identidade. Hoje ele acha graça da imprecisão. Ao lembrar-se dela, o semblante é de quem respeita, quase como um estoico, os desígnios do destino. Foi assim que aceitou o convite do ministro José Dias Toffoli para a cerimônia de posse na presidência do Supremo Tribunal Federal, segundo ele, com direito a formar dupla de moda de viola com o ministro Gilmar Mendes, num “after” somente para os íntimos. Não era a primeira vez que Vitão embarcava para Brasília. Ela se deu quando Toffoli ainda era subchefe para assuntos jurídicos do então ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, no primeiro governo Lula. E não foi bem sucedida. Quando convidado, nem passou por sua cabeça que viraria capa de jornal no “escândalo das passagens aéreas” pagas pelo poder público. Por sorte, os problemas acabaram por aí. Hoje, sua presença é mais do que bem-vinda no STF. “Quando vou para Brasília, na surdina, vem o Fachin, os outros… Eles querem saber como é. Eu dou as orientações, faço a energização”, relata, ao mesmo tempo em que pede para que a informação não seja publicada, diante, segundo ele, do preconceito contra as religiões de matriz africana e das implicações que o assunto pode causar dentro do STF.
O trabalho do babalorixá, como explica, não é exatamente o de revelar o futuro do cliente, ainda que isso seja possível. “Faço trabalho para transformar negativo em positivo, e não negativo em negativo. Por mais que paguem, não prejudico ninguém.” Seu ofício é feito no próprio apartamento e não em terreiro. Em troca, cobra o valor, para ele, irrisório, de cinquenta reais, o que já lhe custou brigas com outros babalaôs que o acusaram de dificultar a concorrência. Ele, que já chegou a jogar búzios para a família de ex-prefeito da cidade paulistana Paulo Maluf, afirma que os números podem ser exacerbados, tudo depende do que se pede. “Tem pessoas que vêm até mim com um poder aquisitivo grande, muita gente de Brasília… Eu jogo, oriento, coloco as defesas em dia, porque gente assim é um alvo, tem que revitalizar as energias”.
No começo de sua trajetória, Vitão, também ex-seminarista, tinha dificuldade para aceitar a sua mediunidade por causa do catolicismo. “Achei que estava ficando louco”, confessou. Foi quando os próprios padres intercederam em seu socorro e o ajudaram a compreender as razões da perda de consciência repentina. No Departamento Jurídico XI de Agosto (DJ), da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde trabalha atualmente como coordenador da assistência judiciária, Benedito Vitor dos Santos se aproximou da religião – por meio de contato com comunidades de mesma crença. Lá ele foi apresentado a Toffoli, quando o ex-advogado do Partido dos Trabalhadores (PT) ainda era estagiário do DJ.
No Largo São Francisco, a experiência de Vitão é ainda anterior. Além de babalaô, ex-seminarista e coordenador do DJ, é o Rei da Peruada. Isso mesmo. É ele quem comanda uma das festas mais tradicionais de São Paulo, que passou, recentemente, a fazer parte do currículo da cidade. A primeira foi em 1982, entoando o movimento pelas Diretas Já. Desde então, ele já subia no caminhão da “passeata circense, política e carnavalesca” segurando um peru em seus braços, no horário do almoço, em uma sexta-feira. Hoje, aos 72 anos de idade, ele exerce a mesma função, mas sem carregar o peru. Segundo ele, “por conta das reclamações de movimento em defesa da vida animal”. Para Vitão, a Peruada hoje está esvaziada politicamente. “No início, o pessoal achava que era coisa do PT. Falávamos principalmente sobre lentidão da Justiça.” Sobre o seu amigo de STF, caracteriza-o como alguém de uma humildade fantástica. “Quem sou eu? Quantos não queriam um convite daquele [para participar da cerimônia de posse]? Quantos professores e desembargadores gostariam de ser convidados? E eu fui o primeiro a ser”, jura. Dono de uma voz grave, que pode ser escutada ao longe, e gesticulando com os dedos compridos, afirma que religião é uma “questão de cada um”. “Não precisa ser terrivelmente evangélico [para ocupar o STF]. Tem que ser um bom ministro”, encerra.