Coluna Meio Ambiente : Ministério do Meio Ambiente volta atrás e libera pesca de pintado após estudo técnico
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Enviado por alexandre em 03/02/2023 09:53:04 |
O ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA) publicou no Diário Oficial da União, nesta última segunda-feira (30/01), portaria que libera a pesca de pintado em Mato Grosso do Sul e outros estados. A nova decisão é diferente da que passou a vigorar em setembro do ano passado, onde colocava a espécie na lista de ameaçados de extinção. A atual decisão levou em consideração pedido da secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). Além da solicitação do governo estadual, a nova portaria do MMA foi baseada em estudos e pesquisas técnicas que reconheceram o pintado como passível de exploração. Ao todo, na bacia dos rios Paraná e Paraguai, cerca de 9 mil pescadores sul-mato-grossenses fazem da pesca a única fonte de renda. Os pescadores não tiveram as finanças comprometidas, já que o período de pesca predatória volta apenas em 28 de fevereiro. Veja também UGPE resgata 37 animais da fauna silvestre, em obras do Prosamin+ Alemanha anuncia cerca de 200 milhões de euros para ações ambientais no Brasil “Primeiro, nós queremos tranquilizar esses pescadores. A partir dessa publicação, a gente consegue agora trabalhar e manter todas as nossas políticas públicas de pesca em Mato Grosso do Sul, principalmente em relação ao pintado, que é uma espécie comercial relevante para os nossos pescadores. A pesca do pintado, portanto, segue todos os normativos já estabelecidos no Estado. Ele é possível de ser capturado normalmente pelos pescadores amadores e profissionais, desde que atendam às cotas e medidas máxima e mínima previstas na legislação estadual. Retornamos à regularidade, pois nossa preocupação era de que, até a abertura da pesca, no dia 28 de fevereiro, nós tivéssemos isso regulamentado”, comentou o responsável pela Semadesc, Jaime Verruck. A presidente da Colônia de Pescadores Artesanais Profissionais de Fátima do Sul (MS), Maria Antônio Poliano, afirmou que “essa é a melhor notícia que poderíamos receber. [...] Foi um presente para os nossos pescadores, tanto da Bacia do Paraná, quanto do Paraguai”. NOVA PORTARIA De forma clara, a portaria de número 355, do MMA, reconhece o pintado como passível de exploração, mediante a estudo e pesquisa. Segundo a normativa, o uso e manejo sustentáveis do pintado deverá atender às medidas propostas no seu Plano de Recuperação que deverá ser publicado no site do ministério. Além da participação do MMA, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Imasul vão avaliar de forma permanente a implementação do plano de recuperação da espécie. Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook, Twitter e no Instagram. Entre no nosso Grupo de WhatApp e Telegram Os pesquisadores devem publicar, no prazo de 24 meses, outro estudo ou pesquisa que mostre de forma técnica a continuidade ou não da portaria que libera a pesca do pintado. Fonte: G1 LEIA MAIS |
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Coluna Meio Ambiente : Retirada de garimpeiros ilegais da Terra Indígena Yanomami é prioridade
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Enviado por alexandre em 02/02/2023 10:54:12 |
Ação é prioritária para reverter crise socioambiental Por Agência Brasil
A retirada de garimpeiros ilegais da Terra Indígena (TI) Yanomami é uma ação prioritária para reverter a crise socioambiental gerada ao longo dos últimos anos, defendem especialistas e lideranças da região. Os yanomami são considerados um povo de recente contato e a Terra Indígena (TI) Yanomami tem 30 anos de demarcação e homologação. São os yanomami quem protegem a maior reserva indígena do país. Para quem começa a se inteirar agora das notícias sobre os yanomami, a situação que eclodiu parece novidade, mas os danos causados pela mineração prolongam-se no tempo. Entre 1987 e 1990, uma centena de pistas clandestinas de garimpo foi aberta em torno dos principais afluentes do Rio Branco, o que permitiu que o número de garimpeiros, estimado entre 30 mil a 40 mil, chegasse a ser cinco vezes maior do que a população indígena. Atualmente, calcula-se que haja cerca de 20 mil garimpeiros na TI e 26 mil yanomami na parte brasileira e 11 mil, a parte venezuelana. Nesta terça-feira (31), a deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), que toma posse na presidência da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) amanhã (2), afirmou que o país vive uma nova fase, em que o combate ao garimpo ilegal terá prioridade, entre as pautas do governo federal. Assim como a parlamentar e lideranças yanomami, o sociólogo Bruno Gomes concorda que a retirada de garimpeiros deve ser um dos primeiros passos. Para ele, o Estado tem dois papéis a cumprir, no caso dos garimpos ilegais: o de sufocar as ações ilícitas e o de garantir que os povos originários possam viver conforme queiram. "São 30 milhões de brasileiros e brasileiras que vivem nessa região [Amazônica] que precisam ter oportunidade de caminhos da geração de renda, para trabalho", diz ele, que é também fundador da Agência Humana, entidade que coordena o Grupo de Trabalho de Mineração da iniciativa Concertação pela Amazônia. "A gente vê que há um momento propício para, se o governo tiver vontade política, atacar de frente algumas questões de comando e controle, de combate à criminalidade e associar isso a projetos e ações, programas de médio e longo prazo, caminhos, oportunidades, possibilidades para que essas populações possam viver de acordo com seus modos de vida tradicional", emenda. Crise na saúde O presidente da Urihi Associação Yanomami, Júnior Hekurari afirma que "há quatro anos, os yanomami estão lutando para sobreviver" e que, em 2020, observou um aumento significativo da malária e da desnutrição entre a população. Segundo ele, as dificuldades de se acessar a TI Yanomami é algo que atravanca a contagem de casos e dificulta o monitoramento dos pacientes: "quatro anos e as comunidades sempre chorando", lamenta. Na ida de autoridades governamentais ao Polo Base Surucucu, em Roraima, no mês passado, Júnior Hekurari acompanhou tudo de perto. "Tinha muitos pacientes, crianças desnutridas. Foi muito grave, muito tenso. Crianças convulsionando de malária, desnutrição", relata. Os próprios profissionais de saúde estavam adoecendo. Na unidade, uma equipe formada apenas por três técnicos de enfermagem, um enfermeiro e um médico atendiam cerca de 150 crianças com desnutrição. "Ajudamos a equipe de saúde, que estava desgastada, com problema psicológico, porque estava trabalhando dia e noite inteiros. Impossível, isso", sublinha, acrescentando que o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) da área deve passar, em breve, por uma reestruturação, prometida pelo governo Lula. As mudanças já chegam à região. Na semana passada, por exemplo, uma equipe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) visitou outro ponto da TI, na região de São Gabriel da Cachoeira (AM). Segundo relatório da Hutukara Associação Yanomami, divulgado na semana passada, em 2018 foram registrados 9.908 casos de malária, e, no ano seguinte, início do governo Bolsonaro, a soma saltou para 18.187. Em 2020, a entidade contabilizou 19.828 casos e, em 2021, 21.883 casos. A Hutukara tem participado e contribuído em articulações para documentar o que acontece com o povo yanomami. Em abril do ano passado, mês em que, tradicionalmente, o movimento indígena ganha visibilidade com eventos por todo o Brasil, divulgou o relatório Yanomami sob Ataque. O documento reúne testemunhos dos yanomami, que evidenciam como é viver em uma terra invadida e constantemente em disputa. Um dos fatos que se tornaram um escândalo, pela gravidade da denúncia, foi o de que o governo Bolsonaro distribuiu cloroquina na região. O remédio foi apresentado pelo governo anterior como benéfico para tratar a covid-19, mas estudos científicos comprovam que o medicamento não tem eficácia. Somente em julho de 2020, o Exército levou 13,5 mil comprimidos a comunidades indígenas da Amazônia. Falta de diálogo e desinformação Júnior Hekurari comenta que, atualmente, cerca de 60 lideranças têm que dar conta das demandas das comunidades, que habitam o território de 9,6 milhões de hectares. Os problemas antigos misturam-se aos novos, como campanhas em redes sociais e fake news com contribuem apenas para desinformar a população sobre a real situação dos yanomami. Um dos conteúdos de inverdades veiculado, inclusive por parlamentares, acusa organizações não governamentais de serem responsáveis pelo aumento de mortes evitáveis de crianças yanomami, durante o governo Bolsonaro. Um dos alvos é a associação Hutukara. Falta na região até mesmo infraestrutura básica para comunicação. A comunidade de Surucucu recebeu ontem (31) a primeira antena de internet, por meio de uma ação feita com o fotógrafo Gabriel Chaim. O objetivo é melhorar a conexão e a comunicação com o DSEI. Assim como no episódio da distribuição da cloroquina, a Funai - então, Fundação Nacional do Índio - isentou-se de culpa também em outros momentos, segundo Júnior Hekurari. O órgão que deveria fazer a defesa de seu povo manteve sempre um diálogo "difícil", o que fez com que as lideranças locais buscassem ajuda de defensores dos direitos humanos, em Boa Vista. "A Funai não fez seu papel, não defendeu os indígenas, não protegeu as terras indígenas. A Funai defendeu o governo Bolsonaro. A gente não via a presença da Funai, era difícil ter contato com a Funai, ela não respondia, proibia os parceiros de trabalhar e combater a desnutrição. Foi isso que aconteceu, violaram nossos direitos", afirma. Agressões e ameaças Júnior Hekurari diz que é preciso garantir segurança aos yanomami e também aos profissionais de saúde, para que possam se proteger dos garimpeiros. Para ele, tanto os yanomami quanto servidores na região são submetidos a vários níveis de violência. "Eu mesmo fui resgatar os corpos que foram assassinados. Crianças", diz, remetendo ao caso de dois meninos que morreram, após serem dragados por balsas de garimpo. "Nós, yanomami, convivemos com o medo. É assassinato, eles apontam pistolas, revólveres para as lideranças. A gente fica com medo. Várias pessoas ameaçam, mandam mensagens [de ameaça] dizendo que eu vou morrer. É muito risco." Júnior Hekurari atua como liderança na região desde 2008 e hoje faz parte de um programa de proteção de testemunhas. Ele conta que já encaminhou provas das intimidações à Polícia Federal, pois o medo não pode paralisá-lo. "Eu tenho que lutar para defender meu povo, porque ele precisa de mim. Crianças precisam de mim. Então, eu me arrisco". Muitos yanomami jovens são coagidos a fazer a segurança dos garimpeiros. "Adolescentes de 14 anos. Ano passado, aconteceu uma coisa muito forte. Adolescentes de 13, 14 anos. Tinha quatro pessoas. Os garimpeiros ofereceram bebida alcoólica. Eles foram beber, todo mundo armado de pistola e se mataram. Foi muito difícil, mas a Polícia Federal não conseguiu investigar. Não tem apoio do governo federal, porque o acesso à Terra Yanomami é muito difícil." Há, ainda, casos de mulheres yanomami que têm filhos fruto de estupros cometidos por garimpeiros. "Tem muitos filhos. Já vi filhos dos garimpeiros e as mães criando. A gente vai cuidar, a criança não tem culpa. A mulher e a adolescente não têm culpa. São muito sofridas as comunidades", pontua. Júnior Hekurari diz que deposita "uma esperança muito grande" no governo que chega. "O Brasil é um país cheio de cultura, de diversidade, um país que não tem guerra, e o próprio presidente do país destruiu o seu povo", finaliza, em alusão a Jair Bolsonaro. Em abril do ano passado, quando o Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça Federal um pedido para obrigar a União a retomar ações de proteção e operações policiais contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, a Funai afirmou que atuava em atividades de monitoramento territorial por meio de cinco bases de Proteção Etnoambiental na região. Na época, acrescentou que promovia ações permanentes de proteção, fiscalização e vigilância territorial. A Funai destacou também que a mineração ilegal era “um problema crônico, fruto de décadas de fracasso da política indigenista brasileira que, no passado, era guiada por interesses escusos, falta de transparência e forte presença de organizações não governamentais”. Leia Também |
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Coluna Meio Ambiente : ANSA/ Timmermans: Vamos ajudar Lula a salvar a Amazônia
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Enviado por alexandre em 01/02/2023 00:26:08 |
"Creio que a União Europeia deve construir uma aliança com o presidente Lula para salvar a Amazônia e interromper o desmatamento". O vice-presidente da Comissão Europeia, o socialista holandês Frans Timmermans, comissário de Ação Climática do bloco, em entrevista à ANSA ao término de sua viagem pelo Brasil, Colômbia e México, alertou. "Se continuarmos nesse ritmo, chegará o momento - não muito distante - em que a Amazônia começará a se transformar em uma savana. Precisamos fazer de tudo para evitá-lo e colaborar, de modo mais intenso, com os países interessados: está em jogo o pulmão do planeta". "Depois dos anos do governo Bolsonaro a situação é extremamente complicada" na Amazônia, "mas o empenho do presidente Lula para colocar fim a destruição da floresta e oferecer oportunidade melhor às pessoas" que vivem e trabalham "tem uma importância política enorme", acrescentou Timmermans. Veja também Ministério do Meio Ambiente volta atrás e libera pesca de pintado após estudo técnico UGPE resgata 37 animais da fauna silvestre, em obras do Prosamin+ "Penso que Lula merece todo o nosso apoio neste esforço e uma cooperação mais estreita", reforça. Em particular, o vice-presidente da Comissão Europeia apoia plenamente a iniciativa do líder brasileiro de unir forças com as outras nações que abrigam sua floresta tropical (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname) em uma Conferência sobre a Amazônia, que provavelmente será realizada no início de maio. "A UE deve se empenhar com os países latino-americanos sobre o desmatamento e para salvaguardar a biodiversidade", afirmou. Nestes 10 dias de viagem pelo Brasil, Colômbia e México, pude ver uma incrível riqueza natural, mas também toda a sua vulnerabilidade. Protegê-la é uma responsabilidade global. As crises da biodiversidade e das mudanças climáticas são profundamente ligadas e, se há um lugar onde isso se vê com clareza, é aqui mesmo", declarou, exortando: "Este é o momento de aproximar a UE e a América Latina". Por outro lado, ambas as regiões "enfrentam exatamente os mesmos desafios, e a transição verde acontecerá quer seja organizada ou não. É nosso dever que ninguém seja deixado para trás. E os governos dos três países que visitei têm no coração políticas contra a pobreza, para garantir que todos encontrem um lugar melhor na sociedade. Na Europa se chama 'transição justa'. Pode ser chamado de outras formas, mas o ponto não muda". Timmermans também analisa a possibilidade de colaborações em energia limpa, do hidrogênio verde à energia eólica, solar, com investimentos e know-how europeu, por meio de um "mais intenso e concreto" com os governos latino-americanos. Mas as políticas de combate ao desmatamento na América do Sul também andam de mãos dadas com a possibilidade de destravar o acordo comercial UE-Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), paralisado por quatro anos, depois de 20 de negociações. "Espero muito que aqueles que ainda têm dúvidas na Europa percebam que há um compromisso sincero de nossos parceiros na Amazônia, e que isso tire as últimas hesitações. Precisamos desse entendimento o quanto antes. Devemos criar as bases para um acordo comercial que não seja de livre comércio, mas justo e sustentável". Por este motivo, Timmermans é a favor também da ideia de enriquecer o tratado UE-Mercosul com um documento. "Que trata-se de um adendo ou de um protocolo, é bom que o compromisso "sobre o meio ambiente" seja codificado. Isso ajudará a remover os temores persistentes do lado europeu de que o acordo possa aumentar o desmatamento. Não é assim. A intenção é combater. E por esta razão espero um pleno apoio." . Fonte: Terra LEIA MAIS |
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Coluna Meio Ambiente : Iceberg gigante do tamanho da cidade de São Paulo se desprende da Antártica
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Enviado por alexandre em 26/01/2023 10:02:55 |
Apesar de a região estar ameaçada pelo aquecimento global, o desprendimento não está relacionada à mudança climática Um iceberg com tamanho equivalente à área da cidade de São Paulo se desprendeu no domingo de uma plataforma de gelo próxima a uma estação científica do Reino Unido na Antártica, anunciou um grupo de cientistas na segunda-feira (23). Apesar de a região estar ameaçada pelo aquecimento global, o desprendimento não está relacionada à mudança climática, afirma o British Antarctic Survey (BAS), um órgão que estuda as regiões polares. O bloco de gelo, de 1.550 km² (a cidade de SP tem cerca de 1.520 km²), se desprendeu da camada flutuante entre 16h e 17h de domingo, no horário de Brasília, depois que a maré forte na região aumentou a fenda que já existia na plataforma de gelo, informou o BAS. Veja também Maior Iceberg do mundo se separa da Antártica e flutua no Atlântico Maior iceberg do mundo é registrado em voo militar; VEJA FOTOS Há dois anos, outro iceberg de tamanho similar já havia se desprendido nessa mesma região, batizada de plataforma de gelo Brunt, onde está localizada a base científica britânica Halley VI. As grandes fissuras nas plataformas de gelo vêm aumentando na última década, segundo os glaciologistas. Em 2016, o BAS decidiu mover a base Halley VI para outro lugar, a cerca de 20 quilômetros de distância, por temer que a estação ficasse à deriva sobre um iceberg. "Este desprendimento era esperado e é parte do comportamento natural da plataforma de gelo Brunt. Não está vinculado à mudança climática", explicou o glaciologista Dominic Hodgson, citado em uma nota. O continente, no entanto, sofre as consequências do aquecimento global. No ano passado, foram registradas temperaturas recorde na região. Em fevereiro de 2022, a extensão de gelo nessa parte alcançou o mínimo já registrado em 44 anos de observações de satélite, indicou recentemente o relatório anual do programa europeu sobre mudança climática Copernicus. Foto: Reprodução Em 2021, o derretimento de um iceberg, 4.000 km ao norte do lugar de onde se desprendeu, em 2017, liberou mais de 150 bilhões de toneladas de água doce misturada com nutrientes, o que preocupou os cientistas por seu impacto em um ecossistema frágil. Fonte: G1 LEIA MAIS DEIXE SEU COMENTÁRIO |
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Coluna Meio Ambiente : Estudo revela plantas e frutos com capacidade de acelerar o crescimento dos filhotes de quelônios
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Enviado por alexandre em 20/01/2023 00:32:31 |
A pesquisa foi realizada com filhotes e juvenis de tartarugas e tracajás em comunidades de reservas extrativistas no interior do Amazonas, especialmente nos municípios de Carauari e Barreirinha. VICTORIA.MOTTA@AMAZONSAT.COM.BR">VICTORIA MOTTA - VICTORIA.MOTTA@AMAZONSAT.COM.BR Projetos inovadores tem ganhado destaque com o desenvolvimento de estratégias de sustentabilidade, especialmente em comunidades de reservas extrativistas na Amazônia. Uma das pesquisas mais recentes colaborou com o desenvolvimento de uma metodologia capaz de melhorar o manejo alimentar de filhotes e juvenis de quelônios. A pesquisa contou com apoio de cerca de 400 comunitários, entre eles ribeirinhos, agroextrativistas e seringueiros que se dedicaram a aprender técnicas para melhorar a alimentação dos filhotes de tartarugas e tracajás. O estudo foi realizado em comunidades do interior do Amazonas e o resultado mostra plantas, frutos e sementes que foram encontradas e testadas para agregar nessa alimentação com seus valores nutricionais. O Portal Amazônia conversou com o coordenador do projeto, Paulo César Machado Andrade, doutor e pesquisador da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que explicou mais sobre a metodologia, principais resultados e a importância das unidades de conservação comunitária. Foto: Paulo César/Acervo pessoal A pesquisa compõe o projeto 'Pé-de-pincha', idealizado como forma de incentivo a conservação comunitária das populações de quelônios em municípios do Amazonas, as primeiras unidades demonstrativas ficam localizadas em Carauari e Barreirinha. Além da UFAM, desde 2018 o projeto conta com o incentivo da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeam) e colaboração do Instituto Federal do Amazonas (IFAM). Com o desenvolvimento sustentável e a utilização de recursos naturais como as plantas, sementes e frutos, o estudo revelou quais são ricos em nutrientes com capacidade de estimular o crescimento dos filhotes e juvenis de tartarugas e tracajás. Os estudos existentes, até então, mostravam apenas a composição de itens alimentares na alimentação dos adultos. "A escolha dos filhotes foi impulsionada devido a maioria dos estudos sobre itens alimentares que as tartarugas e tracajás consomem na natureza ter sido feita com animais adultos, existindo muitas dúvidas sobre a questão alimentar do filhote na natureza. Nosso trabalho ficou dividido entre identificar o que os filhotes e juvenis comiam na natureza e tentar montar uma dieta para ser utilizada nos filhotes em cativeiro, criados pela comunidade. A ideia era ter uma alimentação local mais próxima de itens e valores nutricionais da dieta da natureza e que também fosse uma ração com valor mais acessível", destacou Paulo César. Além de beneficiar filhotes de 2 anos de idade e juvenis entre 3 e 4 anos, o estudo também barateia o custo com alimentação, devido a utilização de recursos naturais. Com a coleta de sementes e extração de óleo, é gerado um resíduo, formando uma "torta residual", e assim são formados produtos altamente proteicos. "A ideia é ter uma alimentação, dieta a base de ração artesanal que faça eles crescerem mais rápido e em menos tempo, sendo uma ideia para que o animal tenha uma capacidade produtiva maior e com isso baratear o custo de produção desse animal. Com a redução do custo com ração, é gerada uma maior expectativa de renda para as comunidades, e assim também incentivar que elas continuem protegendo a natureza. A criação comunitária serve como uma estratégia de conservação muito importante para esses animais, que vai permitir com que as comunidades continuem fazendo esse trabalho de proteção, gerando renda e garantindo com que essa espécie sobreviva por mais tempo", esclareceu o pesquisador. Fotos: Paulo César/Acervo pessoal Metodologia da pesquisa A primeira etapa do estudo contou com a identificação dos frutos, sementes, flores e folhas, além da participação de comunitários que auxiliaram na coleta das amostras desses frutos e, a partir disso, identificação das suas propriedades científicas e valores nutricionais. "A segunda fase foi a captura desses quelônios, tracajás e tartarugas para ver o que eles comiam, utilizamos uma técnica com uma sonda, no qual os animais vomitavam e analisamos o conteúdo que eles tinham no estômago. Nós identificamos assim, a porcentagem proteica de origem vegetal e animal. O etnoconhecimento local também contribui com a evolução da ciência. Através das informações disponibilizadas pelos comunitários, pudemos avançar na pesquisa", explicou Paulo. A última etapa foi a avaliação das respostas dos filhotes dentro das criações comunitárias, analisando como o fornecimento desses alimentos afetaria o crescimento desses filhotes. Para isso, foi necessário coletar biometria e realizar pesagem mensal dos filhotes durante seis meses para acompanhar o crescimento de cada um. "Para o teste usamos comparação entre os animais que se alimentavam com a ração artesanal e a comercial, dividindo os animais em lotes, e assim analisamos a diferença de crescimento entre eles. Além do experimento em campo nas comunidades, realizamos um experimento de controle no laboratório da UFAM para acompanhar o desempenho desses animais", informou. Fotos: Paulo César/Acervo pessoal Quelônios no Amazonas No Amazonas, dentre os organismos aquáticos mais criados comercialmente, os quelônios assumem o quarto lugar, ficando atrás apenas do Tambaqui, Matrinxã e Pirarucu. Tradicionalmente, os quelônios (tartarugas e tracajás) são utilizados como uma iguaria culinária, tradição que surgiu a partir da chegada dos portugueses, que foram os primeiros a explorar comercialmente este recurso.
"No processo de exploração, eram retirados os ovos para a fabricação de óleo, esse óleo também era utilizado para a iluminação pública nos lampiões de Manaus e Belém. O consumo permaneceu por muito tempo. Assim, algo que ameaçava a preservação dessa espécie era a exploração e saqueamento das praias onde essas tartarugas costumam se reproduzir", revelou o pesquisador Paulo. Com o passar dos anos, em 1967 foi instaurada a lei de proteção à fauna, que passou a proibir a comercialização de animais silvestres, dentre os animais estão as tartarugas, tracajás e quelônios. A lei também estabeleceu a possibilidade da criação desses animais de forma legal. Por meio de registro em órgão ambiental, são permitidos criadouros para a comercialização de quelônios. O artigo 'O conhecimento ribeirinho que vêm do Igapó: Plantas consumidas por quelônios, no rio Andirá, Amazonas', da Universidade Federal do Pará (UFPA), desenvolvido pelo pesquisador Paulo Cesar Machado Andrade em parceria com Paulo Henrique Guimarães de Oliveira, José Ferreira da Silva, Joari Costa de Arruda e Aldeniza Cardoso Lima, aprofunda o tema. Confira: Seu navegador não oferece suporte ao visualizador de PDF<br /> <a href="/images/p/37479/11184-45295-1-PB.pdf">Baixe o arquivo PDF aqui</a> |
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