Noblat: delação deixa mal governo e oposição
A delação de Ricardo Pessoa, da UTC, em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato "deixa mal governo e oposição", escreve Ricardo Noblat em sua coluna neste sábado 27. "Governo e oposição foram dormir, ontem, sob o peso das primeiras informações vazadas pela imprensa", diz ele. Segundo Noblat, "a oposição não terá a chance de partir para cima do governo com gosto de sangue na boca porque dois dos seus membros mais ilustres foram citados por Pessoa como tendo sido contemplados com dinheiro de caixa dois". O jornalista cita o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), ex-relator do processo de cassação de José Dirceu. O colunista acrescenta que a avaliação de gente que cerca Dilma no Palácio do Planalto "é que a Operação Lava-Jato tomou uma dimensão em que os responsáveis por ela perderam o controle. Quer dizer: se não tivessem perdido o controle, ela não alcançaria a dimensão que alcançou. Por dimensão, entenda-se, a suspeição levantada contra tantas e tão importantes pessoas". (Do Portal BR 247) Leia aqui a íntegra.
Delator diz que comprou decisão no TCU Postado por Magno Martins
Da Folha de S.Paulo – Flávio Ferreira, Estelita Hass Carazzai e Mário Cesar Carvalho Na delação premiada, Ricardo Pessoa, da UTC, afirmou ter pago R$ 1 milhão para liberar licitação da usina de Angra 3 Em depoimento de delação premiada, o dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, disse que pagou R$ 1 milhão para o TCU (Tribunal de Contas de União) liberar a licitação da usina nuclear Angra 3. O relator do caso foi o ministro Raimundo Carreiro. Após as pretensões de Pessoa serem atendidas no tribunal, a Eletronuclear contratou um consórcio integrado pela UTC para fazer a montagem da usina atômica. Quem repassava as informações, segundo Pessoa, era o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro da corte de contas Aroldo Cedraz, em troca de pagamento de R$ 50 mil por mês. Cedraz é o presidente do TCU; Carrero, seu vice. A empresa de Pessoa participou do negócio em consórcio com a Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, investigadas na Operação Lava Jato sob suspeita de pagar propina em contratos da Petrobras. O custo total da obra, na qual atua também um outro consórcio, é de R$ 3,2 bilhões.
Políticos acusados: “Doações foram declaradas” Postado por Magno Martins Da Folha de S.Paulo Tesoureiro da campanha de Dilma em 2014 afirma que verbas da UTC vieram de forma espontânea para a sigla As autoridades citadas na delação premiada do dono da UTC negaram ter havido irregularidade nas conversas mantidas com Ricardo Pessoa e disseram que as doações foram legais e declaradas. Por meio de assessoria, Aloizio Mercadante afirmou que todas as contribuições para sua campanha ao governo de São Paulo em 2010 estão registradas na prestação de contas. O chefe da Casa Civil diz ter recebido o presidente da construtora em sua casa depois de o empresário ter manifestado, segundo ele, o desejo de conhecê-lo em razão da corrida eleitoral. "Não houve omissão de quaisquer valores", afirmou. Segundo o ministro, o único encontro com Pessoa teve a participação de Emidio de Souza, então coordenador de sua campanha, hoje presidente estadual do PT-SP. "Posteriormente, a empresa UTC fez uma única contribuição devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil", conclui o ministro. A assessoria do ministro Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma em 2014, disse que ele esteve com Pessoa três vezes para tratar de doações eleitorais, sendo a primeira quando o empresário esteve no comitê da campanha em Brasília. "O empresário, após o primeiro contato, organizou o fluxo de doações em três parcelas que totalizaram 7,5 milhões de reais." O ministro, por meio da assessoria, disse que jamais tratou de assuntos relacionados a Petrobras com o empresário. "As doações ocorreram de forma espontânea", afirmou a assessoria de Silva. O Instituto Lula alega que as declarações sobre contas de campanha cabem ao PT ou ao tesoureiro responsável. Em nota, o PT afirmou que todas as doações ao partido foram legais. O ex-tesoureiro da sigla João Vaccari, que está preso, não se manifestou. O ex-ministro José Dirceu, em nota, disse que "o contrato com a UTC, assinado em fevereiro de 2012, teve o objetivo de prospecção de negócios para a construtora fora do Brasil, em especial no Peru e na Espanha". O prefeito Fernando Haddad afirma que as doações de sua campanha foram devidamente declaradas à Justiça. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) afirma que a quantia declarada na delação de Pessoa, R$ 200 mil, consta de sua prestação de contas da eleição de 2010. Ele disse ainda que nunca esteve com Pessoa. O advogado do senador Edison Lobão (PMDB-MA) disse que a informação de que seu cliente teria recebido R$ 1 milhão já foi feita em outra delação e não foi comprovada. A assessoria do deputado Arthur Lira (PP-AL) informou que todas as doações recebidas por ele foram registradas. A Folha não obteve contato com o senador Benedito de Lira (PP-AL), pai de Arthur, mas ele já disse anteriormente que a doação da UTC foi legal. O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) também negou ilegalidades, assim como os deputados Eduardo da Fonte (PP-PE) e Júlio Delgado (PSB-MG), que é subrelator da CPI da Petrobras. A Folha não conseguiu falar com o senador Fernando Collor (PTB-AL), com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, com o secretário de saúde da prefeitura de São Paulo, José de Filippi (PT-SP), e com o senador Ciro Nogueira (PP-PI). O empreiteiro também afirmou que desde 2012 obteve informações privilegiadas do tribunal de contas no julgamento de contratos da UTC com a Petrobras e nas obras que poderiam ser paralisadas. Na última quinta-feira (25), o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki considerou que a delação de Pessoa atende às regras da lei e homologou o acordo. Ele poderá obter redução de penas se as informações forem confirmadas por provas. No depoimento sobre Angra 3, Pessoa disse que, no final de 2013, conversou com Tiago Cedraz e explicou a ele sobre dificuldades para liberar a licitação. O tribunal apontava uma série de problemas, como sobrepreço de R$ 314 milhões em relação ao orçamento, equivalente a 10% do valor da obra, e de "limitada competitividade" em razão das exigências da Eletronuclear. Técnicos chegaram a propor a suspensão da licitação, o maior pesadelo das empresas em virtude dos gastos que tiveram para apresentar propostas. Na decisão final do TCU, de setembro de 2014, o relator do caso, Raimundo Carreiro, mudou seu entendimento sobre a falta de competitividade e liberou a licitação. Pessoa disse que na conversa com o advogado sobre o assunto, Tiago lhe perguntou quem relatava o caso no TCU. Ele respondeu que era Carreiro. Tiago, então, teria dito que precisava de R$ 1 milhão para liberar a licitação do modo que a UTC queria. Pessoa diz ter repassado R$ 1 milhão a Tiago, mas não sabe se o dinheiro foi entregue a Carreiro ou a outros integrantes do tribunal. A concorrência, porém, foi liberada pela corte de acordo com os interesses da UTC, ainda segundo Pessoa. Tiago disse que teve acesso direto a Carrero, assim como a outros ministros e técnicos do TCU, de acordo com o empresário. Segundo Pessoa, um dos emissários de Tiago que pegava o dinheiro era Luciano Araújo, tesoureiro do Partido Solidariedade. Carreiro afirmou à Folha que nunca recebeu valores indevidos nem Tiago no TCU. Tiago disse que nunca atuou no TCU e que vai processar Pessoa. Também disse que foi contratado pelo consórcio do qual a UTC fazia parte, mas não pode revelar o caso.
Lava Jato: bomba pra todo lado Postado por Magno Martins
Além do conteúdo explosivo para políticos de vários partidos, a delação premiada de Ricardo Pessoa, da UTC, deve complicar também a situação da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, as duas maiores empreiteiras do país e últimas a terem executivos presos na Operação Lava Jato. Nos depoimentos, Pessoa confirma a existência do cartel que dividia contratos na Petrobras e pagava propinas. Ele deve detalhar o funcionamento do clube em novos depoimentos ao juiz Sergio Moro. As informações são de Vera Magalhães, na Folha de S.Paulo deste sábado. Detalha mais a colunista: Quem teve acesso à delação de Pessoa estranhou não ver reproduzida a conversa -que ele narrou em bilhete quando estava preso- em que Luciano Coutinho, presidente do BNDES, teria lhe pedido doação à campanha de Dilma Rousseff. A cobrança teria ocorrido, segundo Pessoa contou no bilhete e repetiu a pessoas próximas, após reunião para tratar de empréstimo ao consórcio do aeroporto de Viracopos, do qual a UTC fazia parte, no prédio do banco, em São Paulo, em outubro de 2014. Além do receio de que a menção à campanha à reeleição reforce a pressão pelo impeachment de Dilma, o governo acredita que a citação a ministros do Planalto por Pessoa aprofunda a instabilidade política e a incerteza do mercado. Ministros e dirigentes do PT lembram que Dilma só nomeou Edinho Silva (Secom) porque ele garantiu que havia um "cordão sanitário" na tesouraria da campanha de 2014.
Revelação de delator amplia pressão sobre o PT Postado por Magno Martins
Depoimentos prestados pelo empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, aos procuradores da Operação Lava Jato ampliaram a pressão sobre o governo da presidente Dilma Rousseff e seu partido, o PT, lançando novas suspeitas sobre doações feitas à sua campanha à reeleição em 2014. Na delação, Pessoa também citou contribuições a políticos de outros partidos, entre eles os senadores Aloysio Nunes (PSB-SP), Fernando Collor (PTB-AL) e Edison Lobão (PMDB-MA). Todos negam irregularidades. Apontado como um dos líderes do cartel de empreteiras acusadas de participar do esquema de corrupção na Petrobras, Pessoa fez acordo com a Procuradoria-Geral da República para colaborar com as investigações em troca de uma pena reduzida. O acordo foi homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (25). |