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Mais Notícias : Remédio à base de maconha é eficiente, mas acesso é difícil
Enviado por alexandre em 17/01/2025 11:13:27

O canabidiol ou CBD é uma substância extraída da planta Cannabis, que atua no sistema nervoso central e apresenta potencial terapêutico para o tratamento de doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas (Foto: Reprodução)
Óleo extraído da Cannabis é usado em tratamento de várias doenças (Imagem: YouTube/Reprodução)
Agência Pública selo
Por Leandro Aguiar, da Agência Pública

SÃO PAULO – Bárbara Mello, de 25 anos, moradora de Diadema, região metropolitana de São Paulo, é a mãe de Maria Clara, que completou 3 anos em 2024. Em seus primeiros dias de vida, a menina teve a primeira convulsão. Passou nove meses internada, uma série de exames foi feita e os médicos tentaram diferentes medicações para controlar as crises: barbitúricos, benzodiazepínicos e anticonvulsivantes, muitos de alta potência, os chamados “tarja preta”. Nenhum surtiu efeito por muito tempo, até começar a se tratar com a maconha medicinal.

Maria Clara chegava a ter 20 crises por mês, algumas com duração de 45 minutos. Durante as crises mais severas, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) tinha de ser acionado, pois a bebê precisava ser levada ao hospital para que seu quadro estabilizasse. Em maio de 2024, Maria Clara foi diagnosticada com uma epilepsia de difícil controle, decorrente da síndrome de Lennox-Gastaut. Como os tratamentos convencionais fracassaram, a médica receitou a Maria Clara um medicamento à base de canabidiol, um dos derivados da planta cannabis, a popular maconha.

 medicação custaria R$ 1,2 mil mensais. Bárbara não trabalha fora de casa, pois passa o dia cuidando da filha, e não teria condições de arcar com a despesa. Graças a uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo no início de 2023, implementada em junho de 2024, Maria Clara foi uma das primeiras crianças a receber o canabidiol gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Desde então, suas crises diminuíram bastante: no último mês, teve apenas uma. Mas o acesso gratuito de Maria Clara à medicação é exceção, e não regra.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, até o momento apenas 255 pessoas receberam produtos à base de canabidiol via SUS paulista, que só fornece o medicamento para os portadores de três doenças raras: as síndromes de Dravet, de Lennox-Gastaut e o complexo da esclerose tuberosa.

Outros quadros, como os de pacientes quimioterápicos, portadores de dor crônica e Alzheimer, por exemplo, não foram contemplados pela lei paulista. Nesses casos, a saída é obter o remédio com recursos próprios, processar o estado para recebê-lo pelo SUS ou recorrer a alguma das associações voltadas à produção de medicamentos à base de cannabis que forneçam o produto a preço mais acessível ou gratuitamente para pessoas de baixa renda.

“Ela tá bem mais esperta e ativa. Hoje consegue sentar e brincar, o que antigamente não acontecia – ela era bem dispersa, não concentrava em nada”, comemora Bárbara.

O que é a maconha medicinal

A cannabis, popularmente conhecida como maconha, é o nome científico do gênero de plantas do qual se extraem os canabinoides, cujos efeitos medicinais vêm sendo estudados pela ciência. Os mais conhecidos desses canabinoides são o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabidiol (THC).

Justiça rejeita pedidos

A base de dados e-NatJus, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), dá uma ideia da procura, pela via judicial, dos medicamentos derivados da cannabis. Somente em São Paulo, entre 2021 e 2024, 279 famílias processaram o estado ou planos de saúde para conseguir o remédio – e apenas 44 obtiveram ganho de causa. Em todo o Brasil, foram ao menos 2.050 processos, com 257 desfechos favoráveis aos pacientes.

“Esses casos, em geral, envolvem pessoas de baixa renda”, explicou à Agência Pública o advogado e professor da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto Elton Fernandes, 41 anos, especialista em litígios na área da saúde. Ele atua ainda em contendas contra planos de saúde privados, que também dificultam o acesso à cannabis medicinal. “A judicialização é o caminho de quem quer acessar o CBD”, avalia.

Flor de Maconha Cannabis
A flor de cannabis é usada para o alívio de doenças crônicas, como epilepsia e fibromialgia (Foto: Divulgação)

Os processos, porém, costumam levar tempo, que, para determinados pacientes, é um bem escasso. Uma decisão liminar favorável pode demorar um mês, via plano de saúde, ou vários meses, quando o processado é o SUS. No entanto, a liminar tem caráter provisório – uma decisão definitiva da Justiça tarda às vezes mais de dois anos.

Mesmo assim, diz Fernandes, as chances de vitória são razoáveis apenas para pacientes oncológicos, em que já existe um entendimento da Justiça a favor. Para outras condições de saúde, diz o advogado, “não há ainda um conjunto de decisões favoráveis à liberação de canabidiol”.

Segundo dados da Kaya Mind, startup especializada em dados referentes à maconha, há cerca de 430 mil pessoas no país que utilizam o medicamento.

O deputado estadual Caio França (PSB), autor da lei que incluiu a cannabis medicinal no SUS paulista, disse à Pública que seu projeto de lei era inicialmente mais abrangente, não se limitando a patologias específicas.

França explicou que, por ocasião da regulamentação da lei, sociedades médicas alegaram “não ter encontrado indicações claras para aplicação dos canabinoides em uma série de doenças cujos pacientes já fazem uso da cannabis medicinal e vêm apresentando resultados surpreendentes”. Por consequência, “muitos artigos foram vetados no momento da sanção pelo governador [Tarcísio de Freitas]”, lamenta.

Em outubro de 2022, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma resolução em que restringia a prescrição da cannabis medicinal justamente aos casos contemplados pela lei paulista. Em razão da repercussão negativa da medida, a resolução foi temporariamente suspensa poucos dias depois. Questionado pela Pública, o CFM não deu uma previsão de quando uma nova norma sobre o tema será publicada.

No entanto, o deputado Caio França disse que a Secretaria de Saúde não exclui a possibilidade de, neste ano, incluir pacientes com outras epilepsias e pessoas no espectro autista no rol dos beneficiados com a cannabis medicinal no SUS. A reportagem questionou a Secretaria de Saúde, que não respondeu até a publicação da reportagem.

O governo federal não elaborou ainda uma política nacional para a inclusão da cannabis medicinal no SUS, embora iniciativas isoladas tenham despontado em alguns estados brasileiros. Questionado pela reportagem, o governo federal confirmou ainda não ter a política e explicou que há longo processo burocrático para inclusão de medicamentos no SUS.

A Lei Pétala, aprovada na Assembleia Legislativa do Paraná em março de 2023 e regulamentada no fim do ano passado, é uma dessas iniciativas. Como a legislação paulista, ela é restritiva: apenas pessoas diagnosticadas com esclerose múltipla estão aptas a receber a cannabis medicinal pelo SUS paranaense. Uma lei semelhante foi aprovada em dezembro do ano passado em Santa Catarina, mas, como ela ainda não foi regulamentada pelo Executivo, não se sabe quais serão as condições para o acesso à medicação.

Helen Araújo, 22 anos, vive em Belo Horizonte, onde não há legislação a respeito do fornecimento da cannabis medicinal pelo SUS. Aos 16, ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) – e, nos anos seguintes, enquanto recuperava a fala e os movimentos, desenvolveu um quadro grave de depressão e ansiedade. Depois de internações e remédios que não fizeram efeito, em 2022 um médico lhe receitou o óleo à base de cannabis. O valor era inviável para ela: importado, o remédio custaria R$ 600 por mês.

Foi quando ela conheceu a Flor da Vida, uma das diversas associações terapêuticas brasileiras que produzem remédios à base de maconha, além de oferecer acompanhamento médico aos associados. Para pessoas de baixa renda, como Araújo, a Flor da Vida fornece a medicação mais barata e, em certos casos, gratuitamente.

Fundada em 2019, a Flor da Vida tem um salvo-conduto do Tribunal de Justiça de São Paulo para cultivar maconha e produzir medicamentos a partir da planta. Nos últimos anos, o Superior Tribunal de Justiça também vem proferindo decisões favoráveis nessa área – desde 2020, o tribunal já concedeu mais de 400 autorizações de cultivo de cannabis para pessoas físicas e jurídicas.

“Depois de quatro anos numa cadeira de rodas, a medicação mudou a minha forma de ver a vida. A maconha medicinal me deu a força para melhorar a minha parte mental, e a partir daí pude evoluir na parte física – hoje consigo andar, falar e até dar entrevistas”, conta Araújo, que agrega: “Sem a associação, eu duvido que chegaria aonde cheguei”.

Atualmente, o objetivo dela é conseguir um habeas corpus para poder cultivar maconha e produzir ela mesma seu óleo. Quem lhe dá assessoria jurídica gratuita nessa empreitada é a Rede Reforma, um coletivo de advogados que busca reverter as “injustiças provocadas pela atual política de drogas no Brasil”, conforme informa em seu site.

Guerra contra a maconha

Uma das advogadas que compõem a Rede Reforma é Gabriella Arima, 31 anos. Ela vive no estado de Nova York, nos Estados Unidos, onde conclui um mestrado em direito, pesquisando a legislação relativa à maconha do país estrangeiro. Para Arima e os demais integrantes do coletivo, a regulamentação em curso da cannabis medicinal precisa levar em conta as populações historicamente penalizadas pela Lei de Drogas.

Quem foi processado ou preso por tráfico, seus parentes e os que vivem em regiões assoladas pela guerra às drogas, defende a advogada, deveriam ter prioridade no acesso gratuito às medicações e merecem usufruir do mercado que gira em torno dos derivados da cannabis – que, neste ano de 2025, deverá movimentar R$ 1 bilhão no Brasil, estima a Kaya Mind, empresa especializada no setor, no “Anuário da Cannabis Medicinal 2024”.

“Não existirá uma regulamentação justa se ela não passar pela reparação a quem foi marginalizado, morto e preso por conta da política de drogas”, diz Arima. A advogada cita um número bem conhecido: o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, algo em torno de 660 mil pessoas, e quase metade delas foi processada no escopo da Lei de Drogas. O perfil dos condenados é também conhecidíssimo: jovens, negros e pobres.

Quem se encaixa nesse perfil é o jornalista Luan Cândido, 44 anos. Preso por tráfico de drogas em 2017, Cândido prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda no presídio, saindo em liberdade três anos depois. Hoje é responsável pela comunicação e captação de recursos de diferentes movimentos sociais que lutam pelos direitos humanos em Minas Gerais e milita pela legalização da maconha. Em novembro passado, em São Paulo, participou da cobertura jornalística da Expocannabis, em que diversas empresas expuseram seus produtos derivados da planta. O perfil dos empreendedores observado por Cândido, no entanto, era bem outro: a maioria era jovem também, mas em geral ricos e brancos.

“Hoje a maconha é proibida, mas existe um contexto legal de uso medicinal. Isso cria uma situação paradoxal: ao mesmo tempo, há pessoas ganhando muito dinheiro com a produção dos derivados da cannabis e outras criminalizadas pela distribuição da maconha”, diz.

O objetivo do comunicador, que, a partir dos coletivos antiproibicionistas, tem se articulado com as vereadoras belo-horizontinas Cida Falabella e Iza Lourenço, ambas do PSOL, na proposição de um projeto de lei para o fornecimento gratuito da cannabis medicinal na cidade é promover a transição das pessoas consideradas pela lei como traficantes para o mercado legal da maconha medicinal.

Em associações como a Flor da Vida, essa transição já está acontecendo. Ela conta com 72 funcionários, entre cultivadores, psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos, enfermeiros, médicos, químicos e advogados, que atendem a quase 20 mil associados. Um quarto desses funcionários é formado por pessoas processadas pela Lei de Drogas e mães de presos.

Todo o processo para a produção da cannabis medicinal, desde a plantação ao tratamento laboratorial, é feito na Flor da Vida, sediada em Franca (SP). Para associar-se, basta uma receita médica indicando a necessidade do uso do remédio – não há discriminação de patologias. Uma taxa mensal é cobrada, que varia de acordo com a condição financeira do paciente e a dosagem da medicação. Pessoas em situação de vulnerabilidade social são isentas da cobrança.

Na contramão desse processo de regulamentação do uso da cannabis e da reparação às populações perseguidas pelo comércio da planta, o Senado aprovou, em abril do ano passado, a PEC 45, de autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD), que pretende tornar “crime a posse e o porte, independentemente da quantidade, de entorpecentes e drogas”, e poderia dificultar o acesso aos salvos-condutos (habeas corpus) de cultivo. A medida foi uma resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF), que havia definido na mesma época um limite de 40 gramas para diferenciar os usuários dos traficantes da maconha. A PEC 45 está agora na Câmara dos Deputados, aguardando deliberação.

Para o deputado estadual Caio França, porém, a regulamentação do uso da maconha, ao menos da medicinal, é uma tendência que não será revertida. “Ela está em todas as rodas de conversa. As pessoas falam com naturalidade de uma planta que nunca deveria ter sido estigmatizada justamente por ser uma planta, um fitoterápico. Entendo que é uma questão de tempo a ampliação do atendimento a outras enfermidades”, conclui o deputado.

Mais Notícias : Doenças virais estão relacionadas às mudanças climáticas e medidas de prevenção são adotadas pelo governo de RO
Enviado por alexandre em 16/01/2025 14:38:33

Ações multidisciplinares envolvendo governo e conscientização pública impulsionam combate às doenças virais

Texto: Jackson Vicente Fotos: Esio Mendes Secom - Governo de Rondônia

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Doenças virais estão relacionadas às mudanças climáticas e medidas de prevenção são adotadas pelo governo de RO

O governo de Rondônia está intensificando as ações de combate a possíveis propagações de doenças, reforçando a importância da adoção de medidas preventivas pela população

Com as alterações no clima causadas por chuvas intensas, o meio ambiente é frequentemente afetado, criando condições que favorecem a propagação e intensificação de infecções virais, como: dengue, zika, chikungunya, entre outras. Todas estas infecções ocorrem a partir da picada de mosquito vetor. Prevenir a propagação dessas doenças é uma tarefa coletiva dada a relação que essas infecções têm com as mudanças climáticas que ocorrem no período de inverno amazônico. O governo de Rondônia está intensificando as ações de combate a possíveis propagações de doenças, reforçando a importância da adoção de medidas preventivas pela população.

Segundo a titular da Gerência Técnica de Vigilância Epidemiológica da Agência Estadual de Vigilância em Saúde de Rondônia (Agevisa/RO), Maria Arlete da Gama Baldez, o aumento das temperaturas e as mudanças nos padrões de chuvas afetam os habitats dos mosquitos e outros insetos transmissores, influenciando no risco de doenças. “Climas mais quentes e mudanças na umidade favorecem a proliferação desses vetores, acelerando a disseminação de vírus e tornando as doenças mais prevalentes”, explicou.

Para a gerente técnica, o aumento das temperaturas também altera os ciclos de vida dos patógenos, ou seja, organismos causadores de doenças em seres vivos, encurtando o período de incubação e aumentando a taxa de transmissão. O ciclo mais rápido permite que os vírus se espalhem mais facilmente entre as pessoas, além da possibilidade de alguns deles evoluírem mais rapidamente, tornando-se resistentes aos tratamentos existentes, o que torna o controle das doenças ainda mais complexa.

CONSCIENTIZAÇÃO

Orientações e recursos para o combate doenças virais são repassados pelo governo de Rondônia

Diante da complexidade em questão, é essencial uma abordagem multidisciplinar, que envolva não só ações governamentais, mas também a conscientização da população. O governo de Rondônia tem intensificado as informações e recursos para o combate às arboviroses, com campanhas de prevenção, controle de mosquitos e orientação sobre práticas de higiene e saúde pública.

A população também desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação dessas doenças, e o governo  do estado está expandindo as ações integradas para combater doenças transmitidas por vetores.

No entanto, algumas medidas principais e práticas já podem ser adotadas, como:

  • Eliminação de criadouros (reservatórios de água, como caixas d’água, vasos de plantas e outros);
  • Eliminação de focos de água parada (larvas de mosquistos);
  • Utilização de repelentes;
  • Controle de insetos ou mosquitos em áreas de risco com inseticidas;
  • Manter ambientes limpos;
  • Buscar sempre assistência médica ao surgirem sintomas gripais;
  • Aderir a vacinação contra gripe, covid-19 e entre outras, conforme orientação de especialistas.

Mais Notícias : Teste é capaz de prever risco de queda de idosos 6 meses antes
Enviado por alexandre em 15/01/2025 11:13:30

Meta é fazer exame de equilíbrio e mobilidade em consulta, diz estudo

Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

Cair de escadas ou de telhados, tropeçar nas ruas ou cair da própria altura. As quedas entre idosos são comuns e uma das principais causas de morte dessa faixa etária. Elas são um grave problema de saúde pública, podendo levar a ferimentos e fraturas sem maiores consequências e, em alguns casos, podendo reduzir a mobilidade ou até provocar a morte.

Para evitar essas quedas, recomenda-se que os idosos realizem anualmente testes de equilíbrio e de mobilidade em suas consultas de rotina. Em geral, esses testes consistem em que a pessoa idosa permaneça por 10 segundos em ao menos uma dessas posições: com os pés paralelos (bipodal), com os pés ligeiramente à frente do outro (semi-tandem), com um pé na frente do outro (tandem) ou equilibrado em um pé só (unipodal).

No entanto, um estudo realizado pelo Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (L.A.R.E.) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de são Paulo (FMRP-USP) e publicado recentemente na revista BMC Geriatrics, apontou que ficar 10 segundos em uma dessas posturas é um tempo muito pequeno para identificar problemas de equilíbrio ou de mobilidade.

“A eficácia desse teste para identificar problemas iniciais de equilíbrio e prever quedas futuras ainda era incerta, principalmente porque 10 segundos podem ser insuficientes para uma avaliação completa”, disse Daniela Cristina Carvalho de Abreu, coordenadora do Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (L.A.R.E.) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e do Ambulatório Assistencial de Distúrbios do Equilíbrio do Centro de Reabilitação do Hospital das Clínicas da FMRP-USP, em entrevista à Agência Brasil.

O estudo realizado entre 2015 e 2019 e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi realizado com 153 pessoas entre 60 e 89 anos, residentes nas cidades de Ribeirão Preto, São Paulo e região. Ele apontou que o teste pode ser mais efetivo quando o indivíduo consegue ficar em apenas duas das posições mais desafiadoras (tandem ou unipodal) e por 30 segundos em cada uma delas.

O estudo

Os voluntários foram avaliados por um período de seis meses, fazendo tanto testes convencionais quanto os com o tempo ampliado. Quando essa amostra foi dividida entre os que caíram e os que não caíram seis meses após os testes, os pesquisadores observaram que o grupo que sofreu queda foi capaz de permanecer na posição unipodal por um tempo médio de 10,4 segundos e, na segunda posição tandem por 17,5 segundos, tempo superior aos 10 segundos com que ele é feito atualmente. Isso indicaria, segundo os pesquisadores, que os testes atuais são insuficientes para prever quedas futuras.

Já os voluntários que não caíram conseguiram se manter na posição unipodal por 17,2 segundos e na tandem por 24,8 segundos.

“O estudo demonstrou que o Teste de Equilíbrio [que estamos propondo] é eficaz na previsão de quedas nos próximos seis meses, sendo uma ferramenta valiosa para o rastreio do risco de quedas em idosos. Sua inclusão anual na Atenção Básica é recomendada, pois permite identificar idosos em risco, o que é fundamental para a escolha e o manejo das intervenções adequadas”, falou a coordenadora.

Segundo ela, os resultados do estudo indicaram que esse teste pode ser realizado em apenas duas posições (tandem e unipodal), com tempo de 30 segundos para cada uma. “Recomendamos que cada posição seja repetida pelo menos uma vez, para que o idoso se familiarize com o teste. Essa redução no tempo de execução permite incluir outros testes, como o de velocidade de marcha, o que fortaleceria a predição do risco de quedas futuras”, disse a coordenadora.

Como esse teste é simples e de baixo custo, ele poderia facilmente ser incluído na Atenção Básica e em consultas com especialistas ajudando a prever e prevenir quedas futuras, defendeu a pesquisadora.

“O teste de equilíbrio proposto é simples e pode ser realizado em apenas duas posições, em espaços pequenos e sem a necessidade de equipamentos especializados. Ele requer apenas uma capacitação básica da equipe de saúde, podendo ser executado por qualquer profissional. Dessa forma, a implementação do teste na Atenção Básica e em outros serviços de saúde voltados para a população idosa não apresenta grandes barreiras, bastando incluí-lo no rastreio anual obrigatório para idosos. A partir desse rastreio, a estratificação do risco de quedas (baixo, moderado e alto) pode ser feita, permitindo a adoção de medidas preventivas que evitem as quedas, promovam o envelhecimento saudável e reduzam os custos com o tratamento das lesões decorrentes das quedas”, disse ela.

É importante ressaltar que estes testes de equilíbrio, tanto o que funciona atualmente quanto o que está sendo proposto pelos pesquisadores, são apenas uma triagem. O estudo destaca que, além deles, seria ainda preciso fazer avaliações mais detalhadas para entender se o desequilíbrio está associado a fraqueza muscular, comprometimento sensorial ou problemas articulares, entre outros.

Da Agência Brasil

Mais Notícias : Hiperlexia: Conheça as particularidades da síndrome da leitura precoce
Enviado por alexandre em 14/01/2025 11:30:15

Luciana Brites, Mestre e Doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento

Quando uma criança muito pequena tem uma habilidade excepcional de leitura, avançada para a sua idade, ela pode ter um distúrbio chamado hiperlexia. A hiperlexia é um distúrbio que se manifesta através de uma facilidade espontânea e precoce com a memorização de letras e números. Isso pode ocorrer a partir dos 18 meses e, antes dos 4 anos.

 

Embora a leitura precoce não pareça ser algo com que se preocupar, a hiperlexia pode ser um sinal de autismo ou outra síndrome semelhante, quando acompanhada por atrasos nas habilidades de comunicação. A identificação precoce pode beneficiar o desenvolvimento da criança. No entanto, pode se tratar apenas de um traço do desenvolvimento sem ligação com outros transtornos.

 

Na hiperlexia, as crianças conseguem ler letras e números, mas apresentam outros déficits, como dificuldade de socialização e comunicação. Muitas vezes, a hiperlexia pode vir acompanhada de ecolalia, que é a repetição de frases e sentenças sem que haja compreensão do seu significado.

 

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Neste caso, a criança consegue ler, mas de maneira mecânica. Existem estudos que defendem a ideia de que a hiperlexia proporciona à pessoa a capacidade da leitura, porém de uma forma que ela não compreende o que está escrito.

 

Outros sintomas comuns são: déficits na linguagem e comunicação, boa memória, dificuldade para compreensão do contexto verbal, atrasos nas habilidades linguísticas, dentre outros.

 

O apego à rotina e a dificuldade em aceitar mudanças também são particularidades da hiperlexia. Para as crianças hiperléxicas pode ser muito difícil alterar horários de suas atividades e hábitos diários, sendo que ela procura padronizar a sua rotina.

 

Fotos: Reprodução

 

O importante é saber reconhecer esses sinais precocemente e buscar auxílio profissional. Se o seu filho ou aluno apresentar sintomas de hiperlexia, o mais indicado é levá-lo ao pediatra para uma avaliação. Quanto antes for realizado o diagnóstico e a verificação de algum transtorno, como, por exemplo, o autismo, melhor será para o desenvolvimento da criança.

 

O tratamento da hiperlexia se dá por meio de uma equipe multidisciplinar, pois é importante que haja profissionais de áreas distintas para que seja encontrada a alternativa mais indicada à criança com hiperlexia.

 


 

Luciana Brites é CEO do Instituto NeuroSaber, psicopedagoga, psicomotricista, mestre e doutoranda em distúrbios do desenvolvimento pelo Mackenzie, palestrante e autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem. Instituto NeuroSaber? https://institutoneurosaber.com.br

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Mais Notícias : Ozempic natural? Conheça os riscos e contraindicações do psyllium
Enviado por alexandre em 10/01/2025 14:23:10

O psyllium, extraído das sementes da planta Plantago ovata, é amplamente utilizado como suplemento de fibra alimentar para potencializar o emagrecimento. Ingerido antes das refeições, ele se expande no trato digestivo, proporcionando sensação de saciedade e regulando o trânsito intestinal. O consumo, porém, requer cuidados.

O psyllium não é uma planta milagrosa capaz de levar naturalmente à perda de quilos. Ele é apenas um alimento muito rico em fibras que ao entrar em contato com a água, forma um gel que retarda a absorção de gordura e melhora o funcionamento intestinal. O suplemento não causa queima de reservas de gordura.

Por isso, embora seja um alimento saudável ao ser bem incluído nas dietas, o psyllium não faz jus à fama que ganhou de Ozempic natural. Embora ajude a controlar o apetite, a planta não possui os mesmos efeitos do medicamento, que age no GLP-1, também conhecido como hormônio da saciedade.

Contraindicações do psyllium
Apesar de ser uma planta aliada do emagrecimento, o psyllium também tem contraindicações. A farinha ou as cápsulas do suplemento atuam mecanicamente, aumentando a massa intestinal e prolongando a digestão, o que pode ser prejudicial para pessoas com o sistema digestivo naturalmente mais lento ou comprometido.

“Ele deve ser evitado por pessoas com obstruções intestinais, problemas de deglutição ou alergia ao psyllium. Em casos de doenças intestinais ou uso de medicamentos, consulte um nutricionista para evitar interações ou efeitos indesejados”, indica o nutricionista Guilherme Rodrigues Miranda Lopes, do grupo Mantevida, de Brasília

Além disso, mesmo para quem não se enquadra nos grupos listados, os nutricionistas destacam que é preciso ter cuidados no uso. Como a composição da planta é de aproximadamente 85% de fibras, que absorvem água do organismo, ela pode causar ressecamento das fezes caso não seja acompanhada da hidratação correta.

Cuidados no consumo
Para evitar problemas, nutricionistas recomendam manter um limite de até duas doses diárias de cinco a 10 gramas de psyllium, o equivalente a 15% a 40% da necessidade diária de fibras. “Ultrapassar 70 gramas por dia pode resultar em constipação e dores abdominais. Neste nível, a fibra pode causar gases, inchaço e desconforto abdominal”, alertou a nutricionista Tatiane Araújo, professora da Faculdade Anhanguera de de Ipatinga, em entrevista anterior ao Metrópoles.

Ela ainda destaca que o uso do psyllium deve ser feito com cautela quando em conjunto com outros medicamentos, já que ele reduz o ritmo de absorção do intestino, o que pode interferir na meia-vida e na eficácia de remédios.

Hidratação adequada
Para evitar as complicações relacionadas à prisão de ventre, uma hidratação adequada é essencial ao usar o psyllium. Os nutricionistas recomendam que para cada quilo de peso, se consuma entre 35 e 40 ml de água.

“Sem a água necessária, o psyllium pode causar ressecamento das fezes, mas com uma ingestão adequada ele e outras fibras fontes de fibras semelhantes, como o farelo de trigo e a aveia, são excelentes inclusões no cardápio”, conclui o nutricionista Bruno Rua, de Brasília.

Fonte: Metrópoles

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