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Jesus : RELIGIÃO
Enviado por alexandre em 21/02/2015 21:10:00

RELIGIÃO

“Gostaria de saber através de
qual religião uma pessoa má,
um mau cidadão, pode se
tornar uma pessoa boa.”

Jerônima – Belo Horizonte

 Antônio Roberto e você

Há uma diferença entre ter religião e ser religioso. Ter religião é fazer parte de uma igreja determinada seguir e praticar seus rituais, cumprir com suas normas externas. Ser religioso é cultivar valores fundamentais de bondade, verdade, amor e solidariedade. É estar em comunhão com Deus e com seus semelhantes. É estar na trilha do autodesenvolvimento procurando ser cada dia um pouco melhor.


A diferença entre essas duas coisas é importante porque podem existir pessoas que, mesmo pertencendo a alguma religião, não sejam religiosas e outras, mesmo não tendo uma religião, se ligam a Deus, ao universo e caminham no esforço dos valores universais da vida. O grande objetivo de uma religião é facilitar e encaminhar a pessoa para essa descoberta íntima da religiosidade.


Respondendo à pergunta da leitora, podemos dizer que qualquer pessoa má se converterá ao bem através da religiosidade e do amor, mas isso não implica necessariamente em pertencer a uma religião. São inúmeros os caminhos que nos levam à paz interior e ao amor às outras pessoas. Como diria Jesus Cristo: “Na casa do meu Pai existem muitas moradas.”
Cada um escolhe seu caminho, são muitos. Querer que as pessoas sigam o caminho que nós escolhemos é achar que o único meio de desenvolvimento humano-espiritual é o nosso. Essa crença leva ao fanatismo religioso, à intolerância religiosa, uma das piores formas de violência.


Já houve na história do mundo, momentos em que se matavam aqueles que não professassem uma determinada religião. E o amor da religiosidade onde fica?

Jesus : Vaticano recebe católicos gays em audiência com Francisco
Enviado por alexandre em 19/02/2015 01:02:13

Vaticano recebe católicos gays em audiência com Francisco


O Vaticano fez algo sem precedentes nesta quarta-feira ao dar a um grupo de lésbicas e gays católicos assentos especiais na audiência geral semanal com o papa Francisco. Porém, em um sinal que a recepção não era total, os peregrinos do ministério New Ways foram identificados na lista de assistentes como um "grupo de laicos acompanhados por uma freira de Loreto". E nem sequer foram anunciados: quando o monsenhor a cargo da cerimônia leu a lista dos diferentes grupos de peregrinos presentes na Praça de São Pedro, não foi mencionado o New Ways. Tampouco o papa Francisco os citou. Apesar disso, os representantes da New Ways se mostraram satisfeitos de terem sido convidados para se sentar à frente da audiência pelo monsenhor Georg Gaenswein, o prefeito da Casa Pontifícia, que entrega os cobiçados bilhetes reservados para as audiências com Francisco. Durante anos, Gaenswein foi o principal assistente do papa emérito Bento XVI. Quando Bento dirigia a Congregação para a Doutrina da Fé, proibiu permanentemente os fundadores do Ministério New Ways, a freira Jeannine Gramick e o padre Robert Nugent, de celebrar para gays depois de determinar, em 1999, que não eles não haviam absorvido suficientemente os ensinamentos da Igreja sobre o "mal intrínseco" dos atos homossexuais. Nugent, que morreu no ano passado, obedeceu a diretiva. Gramick, no entanto, continuou seu ministério e mudou para a ordem religiosa Irmãs de Loreto, e na quarta-feira estava presente na audiência. "O papa Francisco me dá esperanças", disse Gramick à Associated Press. "Para mim, é um exemplo da classe de sacerdotes que procuram dar apoio aos que estão alijados do centro de poder na Igreja." O diretor executivo do grupo, Francis DeBernardo, disse que o New Ways já havia tentado sem sucesso obter assentos exclusivos para os seus peregrinos que viajam a Roma.

Jesus : Análise das "Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011-2015”.
Enviado por alexandre em 24/01/2015 20:22:06


Análise das "Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011-2015”.

No início da Via Appia Antica, na saída de Roma, se encontra a pequena Igreja Quo vadis, Domine ("Aonde vais, Senhor?”). Ela lembra a lenda de uma fuga e a história de uma perseguição. Segundo a lenda, o apóstolo Pedro teria fugido das perseguições do imperador Nero (54-68) e se encontrou, no perímetro da Quo-vadis-Domine, com Jesus ressuscitado. À pergunta de Pedro "Aonde vais, Senhor?”, Jesus teria respondido "vou a Roma para ser novamente crucificado”. Neste exato momento, em que o afrouxamento do espírito de pertença à Igreja Católica aponta a diferentes razões de fuga, a CNBB procurou em suas "Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011-2015” (DGAE 2011) responder à pergunta: "Aonde vais, Igreja?”

1. Do objetivo geral

Para nossa reflexão sobre caminhar histórico e direção contemporânea da Igreja no Brasil pode ser fecundo comparar o objetivo da XVII Assembleia Geral da CNBB, de abril de 1979, com os objetivos das DGAE de 2008 e de 2011. O Objetivo geral de 1979 rezava:

1979

Evangelizar
a sociedade brasileira em transformação,
a partir da opção pelos pobres,
pela libertação integral do homem,
numa crescente participação e comunhão,
visando à construção de uma sociedade fraterna,
anunciando assim o Reino definitivo.

Se colocarmos o novo Objetivo geral das Diretrizes de 2011 ao lado do Objetivo de 2008 e compararmos ambos com o de 1979, temos uma informação "objetiva” sobre mudanças significativas e continuidades a longo e curto prazo. Nos Objetivos de 2008 e 2011, com ênfase no discipulado missionário, percebe-se a influência de novos setores e movimentos. Estes, nos últimos anos, ganharam força na Igreja Católica, influenciaram fortemente o evento de Aparecida (2007) e se sintonizaram mais com o discurso universal, genericamente romano, do que com os contextos geográficos, onde deveriam estar enraizados:

2008

Evangelizar,
a partir do encontro com Jesus Cristo,
como discípulos missionários,
à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres
promovendo a dignidade da pessoa,
renovando a comunidade,
participando da construção
"para que todos tenham vida
e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

2011

Evangelizar,
a partir de Jesus Cristo,
na força do Espírito Santo
como Igreja discípula, missionária e profética,
alimentada pela Palavra de Deus
e pela Eucaristia,
à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres
para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10)rumo ao Reino definitivo.

A continuidade verbal das DGAE está na própria evangelização, na opção pelos pobres e no anúncio do Reino de Deus e da Vida. As mudanças significativas que se percebem nos Objetivos gerais de 2011 se encontram em seu cunho nitidamente introvertido. A Igreja das Diretrizes gira em torno de si mesma e perdeu, aparentemente, o horizonte da "libertação integral do homem” (1979) e da "construção de uma sociedade justa e solidária” (2008) de outros tempos. As palavras-chave, na ordem das Diretrizes de 2011 são: evangelizar, Jesus Cristo, Espírito Santo, Igreja discípula, missionária e profética (sem respaldo significativo no próprio texto das Diretrizes), Palavra de Deus, Eucaristia, (finalmente!) a opção preferencial pelos pobres, vida e Reino.

Há uma divergência sobre o ponto de partida para a evangelização: evangelizar "a partir da opção pelos pobres” (1979) ou evangelizar "a partir de Jesus Cristo” (2011) que alguns bispos consideram uma tautologia. Evangelizar a partir da realidade social ou da revelação e doutrina? O "a partir de” pode apontar para um ponto de partida geográfico-social ("a partir do lugar dos pobres”) ou para uma fonte doutrinal ("a partir de Jesus Cristo”). Não devemos confundir "lugar” com "fonte”. Para definir o uso da fonte doutrinal, precisa-se dizer antes a partir de que lugar sociogeográfico se faz uso daquela fonte. A fonte é um instrumento a serviço da causa dos pobres. "Fonte” e "lugar” apontam para níveis diferentes. Uma solução atenuante se oferece através da aproximação de Jesus Cristo aos pobres, portanto, da "fonte” ao "lugar”, como está implícito no "julgamento das nações”, de Mt 25,31-46.

O Objetivo geral das DGAE 2011 aponta para essa discussão de fundo, que é uma discussão semântica e metodológica. Ela procura esclarecer o conceito de realidade e versa sobre a aceitação da metodologia do ver, julgar, agir e da precedência do "lugar social” ante a "fonte doutrinal”.

2. Da realidade

Na 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em Aparecida (2007), o papa Bento XVI assumiu essa questão e tranquilizou o ambiente, dando, aparentemente, razão a gregos e a troianos. Deve-se, antes de tudo, saber que a metodologia do ver-julgar-agir não é uma invenção da Teologia da Libertação. Trata-se de uma herança da Juventude Operária Católica (JOC), da Bélgica, assumida pelo papa João XXIII, em sua Carta Encíclica Mater et Magistra, de 1961 (MM 236). Por conseguinte, Bento XVI, em Aparecida, não teve mais a possibilidade de rejeitar a metodologia do ver, julgar, agir, mas introduziu nela acréscimos significativos.

A análise da realidade, em documentos eclesiais latino-americanos, está muito ligada ao lugar da "opção preferencial pelos pobres”. No Objetivo geral das DGAE 2011, a opção preferencial pelos pobres está no último lugar possível e seu conteúdo fica aquém da proposta de Aparecida que deu um novo peso a essa opção explicando o significado do "preferencial”, nas DGAE apenas formalmente citada (69): "Que seja preferencial implica que deva atravessar todas as nossas estruturas e prioridades pastorais” (DAp 396).

A opção pelos pobres e pelos "outros” nos coloca em meio a conflitos centrais da humanidade, conflitos que exigem discernimentos e "análise da realidade”. Discernir quer dizer distinguir entre diferentes níveis dessa realidade. Nas Diretrizes de 2011, essa realidade é descrita com certo pessimismo. As "marcas de nosso tempo”, segundo as Diretrizes, são transformações profundas. Em tempos desnorteadores (20) perdemos valores, referenciais e critérios. Tudo isso produz: relativismo, fundamentalismo, laicismo militante contra a Igreja, irracionalidade midiática, amoralismo generalizado (20). Somos dominados por leis do mercado, lucro, bens materiais, hedonismo, sucesso pessoal, individualismo. As Diretrizes acrescentam ainda como "marcas de nosso tempo”: corrupção, violência, narcotráfico, emocionalismo, sentimentalismo, utilitarismo (21 e 22).

O tópico dos "sinais dos tempos”, as Diretrizes mencionam duas vezes (24, 140), sem apontar para seu conteúdo. Quais são esses sinais dos tempos? Qual é seu significado? De fato, a Igreja das Diretrizes não soube nomear os sinais do tempo de hoje. Preocupações internas dificultam a percepção daquilo que Deus nos quer dizer através do mundo. Essa incapacidade de ver Deus atuar fora da Igreja nos faz lembrar a gigantesca coragem de João XXIII que, em sua Carta Encíclica Pacem in Terris (1963), soube ler os "fenômenos [que] caracterizam a nossa época” como "sinais dos tempos”: a emancipação da classe operária, das mulheres e dos países colonizados (cf. PT 39ss), o reconhecimento crescente dos "laços comuns da natureza” que unem a humanidade (PT 126-129) e a Declaração Universal dos Direitos do Homem (PT 142ss).

Em seu Discurso Inaugural (DI) da Conferência de Aparecida, Bento XVI sublinhou a base cristológica da opção pelos pobres. Repetidas vezes o DAp cita essa parte do DI (148, 392, 405, 505). A articulação cristológica e, em sua consequência, trinitária da opção pelos pobres faz dessa opção, e de seus desdobramentos concretos, não só imperativos pastorais irrevogáveis, mas premissa da teologia latino-americana e de sua análise da realidade. Isso nos permite escutar as perguntas de Bento XVI sobre a realidade em geral, a partir da nossa realidade latino-americana e caribenha: "O que é esta `realidade´? O que é o real? São `realidade´ só os bens materiais, os problemas sociais, econômicos e políticos?” Os sistemas marxistas e capitalistas "falsificam o conceito de realidade com a amputação da realidade fundante, e por isso decisiva, que é Deus”. E o papa continua: "Só quem reconhece Deus, conhece a realidade e pode responder a ela de modo adequado e realmente humano”.

Pelo bem da verdade temos que acrescentar que não só sistemas ateístas, mas também religiões e, inclusive o cristianismo, podem responder inadequadamente aos reclamos da realidade. Em seguida temos de admitir que nessa visão da realidade se trata de uma mescla de dois níveis de realidade, de uma teológica sobreposta a uma sociológica.

Entretanto, é possível, numa teologia contextual articular os dois níveis da realidade, nos termos cristológicos de Calcedônia, sem confusão (inconfuse) e sem separação (indivise). O Cristo da fé assumiu como Jesus de Nazaré a cruz, que nos protege "da fuga para o intimismo”, como disse o papa, e de interpretações ideológicas da realidade. A análise da realidade com a premissa da opção pelos pobres, que significa "ver Deus nos rostos dos pobres”, não permite o abandono da realidade sociológica nem a sua redução aos grandes problemas econômicos, sociais e políticos. Mas, igualmente, não permite voltar a um Credo desencarnado ou a um Pai-Nosso sem pensar o "pão nosso” de toda a humanidade.

O prefixo de uma cristologia gloriosa em documentos oficiais recentes da Igreja, quase paralelo à realidade das vítimas dos sistemas e dos crucificados da história, se torna repetitivo, cansativo e distante do povo de Deus. Esse povo de Deus que, provavelmente, não se reconhece nas Diretrizes, ama Jesus e se reconhece, sobretudo, em Jesus crucificado. A Igreja precisa reaprender a falar de Jesus crucificado nos pobres. Nos DGAE 2011, a cruz aparece duas vezes (5, 69) e apenas uma vez essas Diretrizes falam do martírio (3).

3. Da estrutura

A 49ª Assembleia Geral, de 2011, considerou sumariamente "a mudança de época como maior desafio” (27). O tópico da "mudança de época” faz, no mínimo, dez anos que aparece em documentos eclesiais. Na estrutura das DGAE 2011 não somos mais confrontados com desafios do mundo, mas com cinco urgências da Igreja na ação evangelizadora, urgências que representam escolhas caseiras e reparos institucionais dos estragos que a mudança de época causa às Igrejas. Eis as cinco urgências que no IV capítulo das Diretrizes se tornam cinco "perspectivas de ação”:

(1) Igreja em estado permanente de missão;
(2) Igreja: casa de iniciação à vida cristã;
(3) Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral;
(4) Igreja: comunidade de comunidades;
(5) Igreja a serviço da vida plena para todos.

Como a "opção preferencial pelos pobres” no Objetivo geral, também a verdadeira razão de ser da Igreja, estar "a serviço da vida plena para todos”, se encontra em último lugar nas perspectivas de ação. O quê é realmente urgente na Igreja? Urgente é o grito dos pobres, a dor dos excluídos, a cruz dos injustiçados! O resto são tarefas permanentes (estado permanente de missão, iniciação à vida cristã, animação bíblica, construção de comunidades). Com as urgências, os autores das DGAE não conseguem, como é a sua intenção, "ultrapassar uma pastoral de mera conservação ou manutenção para assumir uma pastoral decididamente missionária, numa atitude que, corajosa e profeticamente, [Aparecida] chamou de conversão pastoral” (DAp 370, DGAE 2011 n. 26).

Não podemos trocar desafios por urgências! E as Diretrizes admitem que as urgências elencadas nem sempre correspondam aos desafios reais (131). A urgência das DGAE 2011 aponta, como uma espécie de PAC (Programa de Aceleração dos Católicos) eclesial apenas para a velocidade, não para o caminho. Pela falta de recursos e agentes de pastoral nas periferias das nossas grandes cidades, os ministros que restam se tornaram, muitas vezes, missionários e missionárias de Fórmula 1, sobrecarregados com tarefas e distâncias. Estão "na onda” da aceleração exigida pelo mercado e agora pelas DGAE.

No conjunto das Diretrizes não falta uma cesta básica de desafios. O que falta é a devida priorização. Todos os desafios são subordinados à "mudança de época como o maior desafio a ser atualmente enfrentado” (27, cf. 26): educação na fé (40, 98), ambientes virtuais (59), mundo plural, globalizado, urbanizado e individualista (60), diversificação dos ministérios leigos, a vida dos abandonados, excluídos, ignorados em sua miséria e dor (66). As Diretrizes elencam ainda outros desafios: juventude (81), ecumenismo (82), diálogo interreligioso (83), missão ad gentes (84), testemunho de Cristo e dos valores do Reino (91), aproximação entre fé e razão (117).

Como já mencionamos, as urgências, que representam as partes centrais das DGAE (capítulo III e IV), são precedidas por uma reflexão cristológica, como ponto de partida (capítulo I), e por "Marcas de nosso tempo” (capítulo II). O capítulo V propõe a operacionalização dessas urgências nas Igrejas particulares através de "um processo de planejamento”. Para este propõe sete passos metodológicos, que as próprias DGAE nem sempre seguem.

Aos sete passos metodológicos correspondem sete perguntas: Onde estamos (1)? Onde precisamos estar (2)? Quais são as urgências pastorais (3)? O que queremos alcançar (4)? Como vamos agir (5)? O que vamos fazer (6)? Como renovar as estruturas (7)? Infelizmente, as perguntas bem feitas não podem romper o círculo de giz eclesiocêntrico previamente estabelecido.

4. Nas entrelinhas

O que não pode ser dito na praça pública, atravessa as Diretrizes nas entrelinhas. Queria destacar algumas dessas palavras quase clandestinas que permitem uma leitura mais profunda do que funcional das DGAE. Na esteira de Aparecida, as DGAE desenvolvem um guia de densa espiritualidade para o discípulo missionário universal em torno dos substantivos "alteridade” e "gratuidade”. Aparecida nos lembrou que "na generosidade dos missionários se manifesta a generosidade de Deus, na gratuidade dos apóstolos aparece a gratuidade do Evangelho” (DAp 31). As DGAE 2011 continuam: "As atitudes de alteridade e gratuidade marcam a vida do discípulo missionário de todos os tempos. Alteridade se refere ao outro, ao próximo, àquele que, em Jesus Cristo, é meu irmão ou minha irmã, mesmo estando do outro lado do planeta” (8). As DGAE, quando falam do outro como irmão e do apostolado como graça, enfatizam, em determinados enxertos, a fonte cristológica: "Gratuidade e alteridade são, portanto, modos de compreender o que há de mais decisivo em Jesus Cristo: a saída de si, rumo à humanidade [...]” (12).

Na acolhida do outro acolhemos Jesus e na acolhida de Jesus, que se fez Palavra do Pai, acolhemos o outro (cf. 50s). As diferenças nos convidam "ao respeito mútuo, ao encontro, ao diálogo, à partilha e ao intercâmbio de vida e à solidariedade” (ibd.). O intercâmbio da vida é prefigurado em Jesus e se resume nas palavras "doação”, "desprendimento” e "esvaziamento” (16). Por conseguinte, "todo relacionamento é [...] chamado a acontecer na gratuidade. À semelhança de Cristo Jesus que, saindo de si, foi ao encontro dos outros, nada esperando em troca (cf. Fl 2,5ss)” (9). O discípulo missionário "é chamado a profeticamente questionar, através de suas escolhas e atitudes, um mundo que se constrói a partir da mentalidade do lucro e do mercado” (DGAE n. 9). A gratuidade corta "a raiz mais profunda da violência, da exclusão, da exploração e de toda discórdia” (9). Ela é a "vitória sobre a ambição” (69). Num mundo dominado por lucro e mercado, por vingança e ressentimento, a acolhida gratuita do outro significa despojamento e perdão. São atitudes proféticas que fazem parte de um mundo novo, do outro mundo que é possível, do Reino de Deus no meio de nós (cf. 9s, 140).

Gratuidade e alteridade lembram o que já foi dito no documento "Evangelização e missão profética da Igreja” da 43ª Assembleia Geral, de 2005: "Evangelizar é uma ação eminentemente profética, anúncio de uma Boa-Nova portadora de esperança. A profecia será, pois, a forma mais eficaz de anunciar a Boa Nova” (Evangelização e missão, cap. 1).

Aonde vais, Igreja? Não estamos indo por aí, sem rumo. As reais urgências e os verdadeiros anseios do povo de Deus revelam-se nas entrelinhas das DGAE: a Igreja profética, o reconhecimento da alteridade, a gratuidade da missão e a fidelidade a Jesus Cristo crucificado e ressuscitado no meio do povo. Aí se encontra a possibilidade de a Igreja no Brasil interromper a fuga e ser, o que deve ser: "expressão da encarnação do Reino de Deus no hoje de nossa história” (141).

(O Autor é missiólogo e assessor teológico do Cimi. Fonte: Adital, 05-08-2011)

Jesus : Vocação: busca e convite
Enviado por alexandre em 24/01/2015 20:19:07

Vocação: busca e convite

 

1ª leitura: (1Sm 3,3b-10.19) Vocação de Samuel – Samuel, desde seu nascimento, em agradecimento pelo favor de Deus a sua mãe estéril, foi dedicado ao serviço de Deus, no templo de Silo (cf. 1Sm 1,21-28). Mas este serviço não esgotou sua missão. Antes que ele fosse capaz de o entender, Deus o chamou para a missão de profeta. “Fala, teu servo escuta”, responde Samuel. Escutar é a primeira tarefa do porta-voz de Deus. * Cf. Ex 25,22; Is 6.

 

2ª leitura: (1Cor 6,13c-15a.17-20) Nosso corpo é santo: pertence ao Senhor – Liberdade sim, libertinagem não. “Tudo é permitido”, dizem certos cristãos de Corinto, e Paulo responde: “Mas nem tudo faz bem” (6,12). Quem se torna escravo de uma criatura comete idolatria. Assim, quem se vicia nos prazeres do corpo. O homem não é feito para o corpo, mas o corpo para o homem, e este, para Deus: seu corpo é habitação, templo de Deus, e serve para glorificá-lo. * 6,13 cf. 1Ts 4,3-5; 1Cor 10,31 * 6,14, 1Cor 3,23 * 6,20a cf. 1Cor 7,23; Rm 3,24; 6,15 * 6,20b cf. Fl 1,20.

 

Evangelho: (Jo 1,35-42) Vocação dos primeiros discípulos – João Batista encaminha seus discípulos para se tornarem discípulos de Jesus (cf. Jo 3,22-30). À procura desses corresponde um convite de Jesus, para que eles venham ver e permaneçam com ele. E a partir daí segue uma reação em cadeia (1,41.45). * Cf. Mt 4,18-22; Mc 1,16-22; Lc 5,1-11 * 1,35-36, cf. Jo 1,6-8; 1Pd 1,19; Is 53,7.

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Jesus : O Reino de Deus está aí
Enviado por alexandre em 24/01/2015 20:18:00

O Reino de Deus está aí

 

1ª leitura: (Jn 3,1-5.10) A pregação de conversão de Jonas – No livro de Jonas é mostrado que Deus quer a conversão de todos, e não só do povo de Israel. Por isso, Jonas deve pregar a conversão em Nínive, capital do império dos gentios. Deus oferece como graça o chamado à conversão; quem o aceita é salvo. * 3,1-5 cf. Mt 12,41; Lc 11,32 * 3,10 cf. Gn 6,6; Jr 26,3; 18,7-8.

 

2ª leitura: (1Cor 7,29-31) O “esquema” deste mundo passa – Em 1Cor 7 Paulo responde a perguntas com relação ao casamento. As respostas, cheias de bom senso e sem desprezo algum da sexualidade, revelam um tom de “reserva escatológica”; ou seja: tudo isso não é o mais importante, para quem vive na expectativa da parusia. Porque “o tempo é breve” (7,29), matrimônio ou celibato, dor ou alegria, posse ou pobreza são, num certo sentido, indiferentes: são um “esquema” (literalmente, conforme o grego) que passa. Paulo continua, depois, mostrando o valor de seu celibato como plena disponibilidade para as coisas de Cristo – uma espécie de antecipação da Parusia (7,32). * 7,29 cf. Rm 13,11; 2Cor 6,2.8-10 * 7,31 cf. 1Jo 2,16-17.

 

Evangelho: (Mc 1,14-20) O Reino de Deus está aí: convertei-vos – Mc é o evangelho da “irrupção do Reino de Deus”. Jesus aparece como profeta apocalíptico, anunciando a boa-nova da chegada do Reino e pedindo conversão e fé. Mas ele não apenas anuncia. Ele tem também a “autoridade” (Mc 1,22.27) do Reino, o que se mostra na expulsão de demônios e outros sinais. Ele é o “Filho de Deus” (1,1; 9,7; 15,39; cf. 1,11). Contudo, nem mesmo os discípulos o reconheceram como tal. Somente depois da Ressurreição, entenderiam isso e fariam de Jesus mesmo o conteúdo da “boa-nova” que iam pregar. Para nós, agora, graças ao testemunho deles, fica claro que a atuação de Jesus foi a inauguração do Reino que ele anunciava. Nele, em sua pregação, confirmada por sinais, o Reino tornou-se presente. Por isso, exige conversão e fé (1,15), bem como seguimento incondicional dos que são chamados (1,16-20). * 1,14-15 cf. Mt 4,12-17; Lc 4,14-15; Mc 6,17-18; Dn 7,22; Gl 4,4 * 1,16-20 cf. Mt 4,18-22; Lc 5,1-11.

 

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