BRASÍLIA – Após 14 anos da promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305, de 02/08/2010), que em seu artigo 54 estabelece prazos para a implementação da disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, 31,9% dos municípios brasileiros ainda utilizam lixões como unidade de disposição final de resíduos sólidos, considerada a forma menos adequada de destinação final do resíduo.
Em 28,6%, a disposição final era feita em aterros sanitários, enquanto aterros controlados eram utilizados em 18,7%, sendo que um município pode possuir mais de uma forma de destinação de resíduos sólidos.
Entre as grandes regiões, os lixões ainda eram utilizados em 73,8% dos municípios na Região Norte, 51,6% no Nordeste, 52,9% no Centro-Oeste, 12,1% no Sudeste e 5,7% no Sul. Os dados são do Suplemento de Saneamento da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) 2023 e foram divulgados nesta quinta-feira (28/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
“O lixão e o aterro controlado são muito semelhantes, mas ambos se diferenciam do aterro sanitário. O lixão não possui nenhum tipo de controle, enquanto o aterro controlado, como o nome sugere, apresenta algum nível de gestão, porém sem garantir total adequação ambiental. Já o aterro sanitário foi construído para isso, portanto possui toda a estrutura necessária, como o tratamento do chorume, por exemplo”, explica a gerente da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, Fernanda Malta.
O Art. 54 da Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece prazos para a implementação da disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, ou seja, fim dos lixões:
Até 2/08/2021, para capitais e municípios em Regiões Metropolitanas ou Regiões Integradas de Desenvolvimento – RIDE;
Até 2/08/2022, para municípios com população superior a 100.000 habitantes ou que estão a menos de 20 km da fronteira com países limítrofes;
Até 2/08/2023, para municípios com população entre 50.000 e 100.000 habitantes; e
Até 2/08/2024, para municípios com população inferior a 50.000 habitantes
Levando em consideração o período da coleta da pesquisa (setembro de 2023 a março de 2024), os municípios com população superior a 50.001 habitantes deveriam implementar disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos e dar fim aos lixões. Entretanto, 21,5% desses municípios ainda contava com lixões como unidade de disposição final dos resíduos sólidos.
Entre as grandes regiões, a situação dos municípios com mais de 50.000 habitantes é distinta. Na Região Norte, 57,7% desses municípios contavam com lixão como unidade de disposição final dos resíduos sólidos. A proporção cai para 38,3% no Nordeste e 29,5% no Centro-Oeste e se aproxima da meta no Sudeste (7,0%) e no Sul (1,8%).
Coleta seletiva estava presente em 60,5% dos municípios brasileiros
No Brasil, 3.364 (60,5%) dos municípios com algum serviço em manejo de resíduos sólidos tinham coleta seletiva, enquanto 56,7% implementaram instrumentos legais que tratam sobre coleta seletiva, indicando que há uma aproximação entre a legislação e a prática em pouco mais da metade dos municípios brasileiros
Regionalmente, houve uma grande variação. A Região Sul liderou em ambas as categorias, com 81,9% dos municípios possuindo coleta seletiva e 74,5% com legislação específica. Em contraste, a Região Norte apresentou os menores valores, com 33,5% e 42,2%, respectivamente, destacando a necessidade de expandir a cobertura do serviço, uma vez que os instrumentos legais estão mais presentes do que a implementação do serviço.
No Nordeste, também houve uma diferença entre municípios com instrumentos legais e com a oferta do serviço de coleta seletiva, 38,2% e 33,5%, respectivamente, sugerindo que ainda há um esforço necessário para implementar as políticas públicas de coleta seletiva.
Três em cada quatro municípios com serviço de limpeza tinham catadores informais de material reciclável
Dos 5.557 municípios com serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, 4.093 (73,7%) indicaram presença de catadores informais. Já as entidades de catadores que atuaram na coleta seletiva estavam presentes em 1.498 (27,0%) municípios.
Na Região Norte, 72,5% dos municípios contaram com catadores informais e 16,7% tinham entidades de catadores atuando na coleta seletiva. No Nordeste, 71,8% e 18,7%, respectivamente. O Sudeste, que foi a região com maior percentual de municípios com catadores informais (78,0%), liderou em termos de entidades de catadores, prestando serviço de coleta seletiva em 33,5% dos municípios. O Sul tinha 70,2% e 35,5%, respectivamente, e o Centro-Oeste, 75,3% e 23,2%.
96,0% dos municípios tinham algum dispositivo de drenagem
A existência de algum dispositivo de drenagem e manejo de águas pluviais foi informada em 5.348 (96,0%) municípios em 2023. A Região Sudeste apresentou o maior percentual de municípios com o serviço (99,6%) e o Nordeste, o menor (89,3%).
O baixo percentual de municípios com serviço de drenagem no Piauí (47,8%) influenciou o total da região Nordeste. Chama a atenção que, do total de municípios piauienses, 50,4% estão inseridos na área do Polígono das Secas, no Semiárido brasileiro. Ampliando essa observação para toda a Região Nordeste, tem-se que, dos 191 municípios nordestinos sem o serviço de drenagem, 174 fazem parte do Polígono das Secas.
“A drenagem se divide em dois tipos: microdrenagem e macrodrenagem. Microdrenagem disciplina a água das chuvas na área urbana através dos pavimentos das ruas, guias e sarjetas, bocas de lobo, poços de visita etc. Já a macrodrenagem é compreendida por canais que recebem as águas da microdrenagem e são responsáveis pelo escoamento final das águas através dos canais naturais ou artificiais, galerias pluviais, igarapés, córregos, rios e grandes dispositivos de drenagem”, salienta Fernanda.
Soluções baseadas na natureza para drenagem e manejo de águas eram adotadas em 24,5% dos municípios
No Brasil, 24,5% dos municípios informaram ter soluções baseadas na natureza como estratégias de drenagem sustentáveis, enquanto 57,5% não tinham e 18,0% não souberam informar.
“Soluções baseadas na natureza são abordagens para resolver desafios sociais, econômicos e ambientais usando processos e elementos naturais de forma sustentável. Como essa pergunta é uma inovação na pesquisa, também foi importante a opção ‘Não sabe’, pois a desinformação também é informação nesse caso, as vezes nem se sabe que uma estrutura dessa é um equipamento de drenagem sustentável”, destaca a gerente da pesquisa.
Com o objetivo de mapear as ações de manejo de águas pluviais voltadas para a drenagem sustentável, foi questionado ao informante se adotava alguma das Soluções Baseadas na Natureza: alagados construídos (wetlands); corredores verdes urbanos (greenways); ruas verdes (green streets); canteiros pluviais; jardins de chuva; bioengenharia de solos ou engenharia natural; parques lineares urbanos; e valas de infiltração.
Os tipos de infraestruturas verdes que predominaram no país em 2023, segundo informações dos órgãos gestores do serviço de manejo de águas pluviais, foram as valas de infiltração (40,8%), seguidas pelos parques urbanos (35,3%). Os municípios podem informar a adoção demais de uma solução baseada na natureza.
Falta de incentivos financeiros e áreas construídas consolidadas são os principais entraves para a implementação da drenagem sustentável A pesquisa também investigou possíveis motivos e dificuldades que os municípios estariam enfrentando para implementar as Soluções Baseadas na Natureza, sendo que os informantes puderam registrar mais de uma resposta.
A falta de incentivos financeiros/fiscais e/ou previsão orçamentária foi a maior dificuldade relatada, informada por 2.872 municípios. Áreas construídas consolidadas (áreas urbanizadas densas ou ocupadas há mais de 10 anos) foram relatadas por 2.296 municípios, ocupando o segundo lugar em dificuldades para expansão ou implementação de drenagem sustentável. Falta de pessoal qualificado (2.162) e ausência de legislação (2.152) seguem a lista.
Proporção de municípios com Política de Saneamento Básico cresce de 38,2% em 2017 para 55,9% em 2023
Em 2023, 3.112 municípios (55,9%) informaram contar com Política Municipal de Saneamento Básico finalizada, número significativamente superior aos 2.126 (38,2%) com a mesma informação em 2017. Já 833 municipalidades (15,0%) declararam estar em processo de elaboração de sua respectiva política. Em 2017, esses eram 1.342 (24,1%).
Em todas as classes de tamanho da população dos municípios, mais da metade informou ter concluído a elaboração desta política. Os 1 370 municípios com mais de 10 000 a 20.000 habitantes teve o menor percentual dos com Política (51,1%) e o maior dos com a política em elaboração (17,3%).
“Para efeito de se obter percentuais mais substantivos e garantir maior base à análise foram combinados os números de municípios com política existente e em elaboração e, na comparação dos períodos, é possível concluir que os municípios brasileiros foram capazes de seguir produzindo suas Políticas Municipais de Saneamento Básico em bases regulares de 2017 até 2023”, complementa a gerente.
69,1% dos municípios forneciam acesso à informação e participação dos usuários no serviço de saneamento básico
Em relação ao acesso à informação e participação do usuário, a pesquisa contou com três perguntas no questionário: se tinha sistema público de informação sobre os serviços de saneamento; se tinha ouvidoria; e se tinha central de atendimento ao cidadão para o recebimento de reclamações ou manifestações sobre os serviços de saneamento. Em 69,1% dos municípios brasileiros, o gestor informou a existência de pelo menos um dos três serviços citados.
30,8% das municipalidades tinham Política Municipal de Educação Ambiental Em relação à Política Municipal de Educação Ambiental, observou-se que essa política enfrentou uma significativa falta de representação nos municípios, pois a pesquisa registrou que, em 2023, havia 1.120 municípios com ela em vigor, 597 com a mesma em elaboração e 3.848 cidades não a possuíam e tampouco a estavam construindo. Portanto, apenas 30,8% das administrações municipais brasileiras afirmaram ter concluído o processo para emissão desse documento ou estar com ele em elaboração.
Entre as regiões, é interessante observar que no somatório de municípios com Política Municipal de Educação Ambiental existente e em elaboração, o menor percentual se localizou no Sul do país (20,9%), sendo ainda menor naqueles com até 5.000 habitantes (13,8%), que representam a maior parcela de localidades da região, 37,0% do total.
A Região Nordeste tinha a segunda menor prevalência desta política nas circunstâncias conjuntas (29,0%). O Centro-Oeste se destacou com 38,1% dos seus municípios com Política Municipal de Educação Ambiental, seja com a existência da Política, ou com ela ainda em elaboração.
Mais sobre a pesquisa
O Suplemento de Saneamento da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) 2023 apresenta informações sobre a gestão dos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais dos 5.570 municípios do Brasil.
Traz também informações sobre a caracterização e infraestrutura do órgão gestor do serviço de saneamento, legislação e instrumentos de gestão, soluções baseadas na natureza, coleta seletiva e catadores, logística reversa, regionalização, educação ambiental e cobrança.
Resumo
Em 2023, 31,9% dos municípios brasileiros ainda utilizam lixões como unidade de disposição final de resíduos sólidos, considerada a pior maneira de destinação final do resíduo. Em 28,6%, ela era feita em aterros sanitários enquanto aterros controlados eram utilizados em 18,7%. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os municípios com população superior a 50.001 habitantes deveriam implementar disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos e dar fim aos lixões até agosto de 2023. Entretanto, 21,5% desses municípios ainda contava com lixões como unidade de disposição final dos resíduos sólidos. No Brasil, 3.364 (60,5%) dos municípios com algum serviço em manejo de resíduos sólidos tinham coleta seletiva, enquanto 56,7% implementaram instrumentos legais que tratam sobre coleta seletiva, indicando que há uma aproximação entre a legislação e a prática em pouco mais da metade dos municípios brasileiros. Dos 5.557 municípios com serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, 4.093 (73,7%) indicaram presença de catadores informais. Já as entidades de catadores que atuaram na coleta seletiva estavam presentes em 1.498 (27,0%) municípios. A existência de algum dispositivo de drenagem e manejo de águas pluviais foi informada em 5.348 (96,0%) municípios, em 2023. A Região Sudeste apresentou o maior percentual de municípios com o serviço (99,6%) e o Nordeste, o menor (89,3%). No Brasil, 24,5% dos municípios informaram ter soluções baseadas na natureza como estratégias de drenagem sustentáveis, enquanto 57,5% não tinham e 18,0% não souberam informar. A falta de incentivos financeiros/fiscais e/ou previsão orçamentária foi a maior dificuldade relatada para a implementação da drenagem sustentável, informada por 2.872 municípios. Em 2023, 3.112 municípios (55,9%) informaram contar com Política Municipal de Saneamento Básico finalizada, número significativamente superior aos 2.126 (38,2%) com a mesma informação em 2017. Já 833 municipalidades (15,0%) declararam estar em processo de elaboração de sua respectiva Política. Em 2017, esses eram 1.342 (24,1%).
A maior reserva de urânio do brasil, localizada na Mina de Pitinga, interior do Amazonas, foi vendida para a China Nonferrous Trade (CNT), empresa estatal do país, por US$ 340 milhões (cerca de R$ 2 bilhões). A Mineração Taboca S.A., responsável pelo local, fechou a negociação nesta terça (26).
A empresa descobriu a reserva em 1979 e a mina também é responsável pela lavra de cassiterita e columbita, além de ser a maior produtora de estanho refinado do Brasil. O urânio é usado como combustível para geração de energia nuclear.
A reserva, vista como uma das mais promissoras do país, é responsável por cerca de 50% da extração de estanho no Brasil e produziu 5,3 mil toneladas do metal no último ano, gerando uma receita de US$ 256 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão).
A empresa chinesa que adquiriu a reserva é uma das maiores estatais produtoras de cobre do mundo e possui foco em mineração, processamento, hidrometalurgia, fundição pirometalúrgica e vendas. Suas principais operações ocorrem na Zâmbia, na África.
O grupo minerador peruano Misur, que detém o controle acionário da empresa brasileira, intermediou a negociação e a Mineração Taboca anunciou que transferiu 100% das ações para a estatal chinesa: “Este novo momento é estratégico e constitui uma oportunidade de crescimento, pois permitirá que ela tenha acesso a novas tecnologias para se tornar mais competitiva e ampliar sua visão e capacidade produtiva”.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o presidente Lula fechou 37 acordos com o presidente do país, Xi Jinping, em reunião na semana passada no Palácio da Alvorada.
O segmento movimentou R$ 853 milhões, quantia que supera em 22% a de 2023, de R$ 699 milhões
Segundo Maria Eugenia Riscala, CEO da empresa Kaya, que abriga a Kaya Mind, há mais de 2.180 produtos de cannabis medicinal, variedade que contempla diversas necessidades. "A expansão da cannabis medicinal é visível no Brasil, não apenas em números, mas na forma como a medicina integra essas opções de tratamento à rotina dos pacientes em todo o país", diz à Agência Brasil.
O segmento movimentou R$ 853 milhões, quantia que supera em 22% a de 2023, de R$ 699 milhões. Em 2021, o montante foi bem inferior, de R$ 144 milhões, passando, no ano seguinte, para R$ 364 milhões. A projeção é de que o faturamento chegue a R$ 1 bilhão em 2025.
À Agência Brasil, o chefe de Inteligência e sócio da Kaya, Thiago Cardoso, afirma que os progressos no campo da regulamentação da cannabis, como a liberação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) quanto ao cultivo da planta têm colocado o Brasil em evidência. Este ano, 413 empresas estrangeiras exportaram produtos para o país, o que significou diversificação dos itens nesse mercado.
"Esse avanço permite que mais pacientes encontrem soluções terapêuticas adequadas às suas necessidades e posiciona o Brasil como um mercado competitivo e inovador no cenário global", avalia Cardoso.
Apesar do crescimento, quase metade dos pacientes medicinais (47%) dependem da importação do produto que necessitam e que conseguem mediante prescrição médica devido aos entraves relativos à legalização. O restante recorre a farmácias (31%) e associações (22%), sendo que estas exercem um papel fundamental para quem não tem condições financeiras de cobrir os gastos.
LIBERAÇÃO DE CULTIVO
NO início do mês, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou, por unanimidade, a importação de sementes e o cultivo de cânhamo industrial para fins exclusivamente industriais e medicinais. A prática deve ser regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em até seis meses.
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O cânhamo industrial é uma variedade com baixos níveis de THC, o principal composto psicoativo da planta, e que é inadequado para uso recreativo, mas pode ser usado para fins medicinais e industriais, como a produção de canabidiol (CBD).
Para a relatora no STJ, ministra Regina Helena, a permissão para o cultivo de “cânhamo industrial” para fins medicinais atende à diferenciação feita pela ciência e pela medicina entre o uso medicinal e recreativo. Ainda segundo a ministra, o alto custo de produção de medicamentos derivados de cannabis se deve, em parte, à necessidade da importação de insumos.
TRATAMENTO COM CANNABIS MEDICINAL
Um crescente número de estudos avalia os benefícios da cannabis medicinal para o tratamento de diversas condições de saúde. Atualmente, os efeitos positivos do canabidiol (CBD) já foram comprovados no tratamento de esclerose múltipla, epilepsia, autismo, doença de Parkinson, fibromialgia, dor crônica, entre outros.
Mas os produtos são indicados também para dezenas de outras doenças, como autismo, câncer, Alzheimer, espasticidade muscular, estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade, glaucoma, lesões musculares, entre outras.
MANAUS — O feminicídio é o crime dominante contra mulheres em todo o mundo, mostra o relatório ‘Femicídios em 2023: Estimativas globais de feminicídios de parceiros íntimos/familiares’ da ONU (Organização das Nações Unidas) e coordenado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime no Brasil. O documento foi divulgado na segunda-feira (25).
Foram mortas 85 mil mulheres adultas e meninas em 2023. Desse total, 60% desses homicídios — 51.100 — foram cometidos por um parceiro íntimo ou um membro da família. Os dados mostram que 140 mulheres e meninas morrem todos os dias por parceiros ou parentes próximos, o que significa que uma mulher ou menina é morta a cada 10 minutos.
Em 2023, a África registrou as maiores taxas de feminicídio relacionado a parceiros íntimos e familiares, seguida pelas Américas e a Oceania. Na Europa e nas Américas, a maioria das mulheres mortas na esfera doméstica (64% e 58%, respectivamente) foi vítima de parceiros íntimos, enquanto em outros lugares os familiares foram os principais perpetradores.
“A violência contra mulheres e meninas não é inevitável, é evitável. Precisamos de uma legislação robusta, coleta de dados aprimorada, maior responsabilização governamental, uma cultura de tolerância zero e maior financiamento para organizações de direitos das mulheres e órgãos institucionais”, diz Sima Bahous, diretora Executiva da ONU Mulheres.
Ghada Waly, diretora-executiva do Escritório das Nações Unidas, diz ser urgente melhorar os sistemas de justiça criminal para garantir que os agressores sejam responsabilizados e que as vítimas recebam o apoio necessário.
Waly destaca que é essencial existirem mecanismos de denúncia acessíveis, seguros e transparentes para as sobreviventes. Ela menciona a importância de enfrentar e desmantelar preconceitos de gênero, desigualdades de poder e normas sociais que perpetuam a violência contra as mulheres.
O relatório foi divulgado em momento oportuno, pois o 30º aniversário da Plataforma de Ação de Pequim, em 2025, e o prazo de cinco anos para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, tornam-se marcos significativos para ações que busquem a igualdade de gênero e o fim da violência contra mulheres e meninas.
De acordo com o relatório, alcançar esses objetivos exige a eliminação da impunidade e medidas preventivas eficazes, envolvendo todas as partes interessadas na criação de soluções urgentes para garantir os direitos das mulheres.
MANAUS — A Amazônia Legal registrou em outubro aumento tanto do desmatamento, que é a remoção completa da vegetação, quanto na degradação florestal, que é o dano causado pelo fogo ou pela extração madeireira, pelo quinto mês seguido. A degradação atingiu a média de 10 mil campos de futebol por dia de janeiro a outubro, o pior cenário em 15 anos.
Os dados do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento) do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) mostram que apenas em outubro a Amazônia teve uma área degradada de 6.623 km², o equivalente a quatro vezes a cidade de São Paulo. Esse número também foi quatro vezes maior do que o registrado em outubro de 2023, quando foram degradados 1.554 km² de floresta.
O Pará foi o estado com a maior área degradada em outubro, com 2.854 km², 43% do total registado na região. Mato Grosso, com 2.241 km² afetados, 34% do total, ficou em segundo. E a terceira colocação foi do Amazonas, com 1.082 km² degradados, 16% do detectado no bioma.
O Pará também concentrou seis municípios no ranking dos que mais degradaram, atingindo 2.390 km². Outros três, que totalizam 773 km², estão em Mato Grosso.
Nos primeiros 10 meses de 2024, foram degradados 32.869 km², o equivalente a 21 vezes a cidade de São Paulo (ou 10 mil campos de futebol afetados por dia). Área quase três vezes maior do que o recorde de degradação até então, de 11.453 km², registrado em 2017.
Carlos Souza Jr., pesquisador do Imazon, explica que é normal haver aumento da degradação florestal na época de seca, o chamado “verão amazônico”, devido à alta nas queimadas. Porém, as áreas afetadas nos meses de setembro e outubro são superiores às que vinham sendo registradas pelo sistema. “A seca severa de 2024 aumenta o risco às queimadas”.
“Assim como o desmatamento, a degradação também emite gases de efeito estufa, que intensificam os efeitos das mudanças climáticas, como as graves secas que estamos vivendo na Amazônia. Por isso, precisamos de ações mais efetivas de combate a esse dano ambiental, principalmente se quisermos cumprir com a nova meta climática brasileira, a NDC (sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada), apresentada na COP 29, no Azerbaijão, que prevê reduções de 59% a 67% nas emissões do país até 2035”, comenta o especialista.
Desmatamento
Embora o desmatamento acumulado de janeiro a outubro tenha sido 8% menor do que em 2023, outubro apresentou uma alta de 44% na derrubada, passando de 290 km² para 419 km². Essa foi a sétima maior área devastada em outubro dos últimos 16 anos, desde que começou o monitoramento do Imazon.
A derrubada foi liderada pelos estados de Mato Grosso (35%), Pará (31%) e Acre (12%), que juntos somam 330 km² destruídos, o que equivale a 78% de toda a perda registrada. Esses estados também concentram nove dos dez municípios que mais desmataram.
Área degradada x área desmatada
De janeiro a outubro deste ano, a degradação é quase 10 vezes maior que o desmatamento. Mais um alerta sobre a necessidade de medidas específicas para combater esse dano ambiental e suas emissões.