Mais Notícias : Temer imita Cunha
Enviado por alexandre em 09/08/2017 08:05:17

Temer imita Cunha





Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo

Michel Temer radicalizou no duelo com Rodrigo Janot. O presidente pediu ao Supremo que declare a suspeição do procurador-geral da República. O objetivo é afastar o chefe da Lava Jato de todas as investigações que o envolvem.

O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira acusou Janot de adotar "obsessiva conduta persecutória" contra Temer. Ele disse que a atuação do procurador estaria contaminada por "sentimento de inimizade".
"O fundamental é dar continuidade à sua sanha de arqueiro contumaz", afirmou o defensor do presidente. Foi uma referência à metáfora preferida de Janot: "Enquanto houver bambu, lá vai flecha".

A 40 dias de deixar o cargo, o procurador mantém o arco apontado para o Planalto. Ele corre para concluir as investigações pela suposta prática de dois crimes: obstrução da Justiça e organização criminosa.

As novas denúncias terão que ser submetidas à Câmara, como manda a Constituição. Na semana passada, os deputados arquivaram a primeira acusação contra Temer, por corrupção passiva. Agora o presidente tenta inovar. Em vez de desviar das flechas, quer eliminar o arqueiro.

A tática de atacar Janot não chega a ser original. Há quase dois anos, o então deputado Eduardo Cunha adotou a mesma receita ao se ver na mira da Lava Jato. É espantoso notar a semelhança entre o seu discurso e a oratória do advogado de Temer.

"Por que o procurador tem essa obstinação pelo presidente da Câmara?", perguntou Cunha, em outubro de 2015. "Trata-se de uma clara perseguição movida pelo procurador-geral da República", prosseguiu. Na versão do ex-deputado, Janot usava uma "estratégia ardilosa" para "desestabilizar sua gestão e atingir sua imagem de homem público".

Nesta terça, o doutor Mariz usou palavras bem parecidas. Ele acusou Janot de "obstinada perseguição" e disse que o procurador quer "tisnar a honra do presidente, como se fosse ele seu inimigo pessoal".

Mais Notícias : É parte do duelo político entre Temer e Janot
Enviado por alexandre em 09/08/2017 08:04:23

É parte do duelo político entre Temer e Janot

Postado por Magno Martins

É baixa a possibilidade de o STF (Supremo Tribunal Federal) atender ao pedido da defesa de Michel Temer para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, seja considerado suspeito ou impedido de analisar casos que envolvam o presidente da República.

Acatar o pedido seria considerar política a atuação do procurador-geral. A maioria do STF não pensa assim.

O pedido da defesa de Temer é especificamente contra Janot. Ou seja, a defesa admite que outro procurador analise os casos que envolvem Temer, mas não Janot. Portanto, é uma solicitação que tem mais a função política de desgastar Janot, cujo mandato acaba no mês que vem, dia 17 de setembro.

Essa ação ajuda a carimbar eventuais denúncias do atual procurador-geral como perseguição política e contribui para Temer barrar novas acusações na Câmara. Faz parte do duelo político entre Temer e Janot.(Kennedy Alencar)

Mais Notícias : Cisão histórica
Enviado por alexandre em 09/08/2017 08:03:39

Cisão histórica

Postado por Magno Martins
Blog do Kennedy

É fato que o ex-presidente Lula e o PT têm recorrido a uma retórica descrita pelos tucanos e outros políticos como “nós contra eles”, adotando linha divisionista no debate público.

É um erro de Lula. Esse discurso funciona bem para os convertidos e ajuda a manter unido um segmento petista e de esquerda numa hora de enfraquecimento político com a Lava Jato e a perda do poder no governo Dilma.

Também contradiz a linha conciliatória que Lula adotou na campanha eleitoral vitoriosa de 2002 e que norteou o governo dele, quando houve inclusão social em doses inéditas na história do país. Lula fez uma gestão conciliadora.

No entanto, é um erro atribuir a cisão do país ao ex-presidente e ao PT. Por cálculo eleitoral, o partido e o ex-presidente têm adotado essa linha.

Infelizmente, a divisão do país não é novidade. Ela é histórica. Está na sua origem. É a divisão retratada pela desigualdade social, pelo expressão “andar de cima e andar de baixo”, pelo uso intensivo da escravidão no seu desenvolvimento, pelo racismo, pelo machismo, pela homofobia, pelo “quarto de empregada”, pela expressão “você sabe com quem está falando?” e por inúmeros outros exemplos.

A cisão social do Brasil não é uma invenção dos novos tempos, mas ela tem servido tanto ao PT como aos seus adversários, como mostra a intensa exploração desse caminho por diversos políticos, inclusive Doria.

Os vídeos do prefeito, que inundam as redes sociais, têm pouca conciliação e muita retórica de guerra. Políticos, empresários, jornalistas e cidadãos devem ter a responsabilidade de civilizar o debate público no país. Infelizmente, vemos raramente isso.

Mais Notícias : Base a navegantes do Planalto: chega de sacrifícios
Enviado por alexandre em 09/08/2017 08:03:04

Base a navegantes do Planalto: chega de sacrifícios

Postado por Magno Martins

Helena Chagas - Blog Os Divergentes

O curto-circuito de hoje, junto com a percepção de que também a reforma da Previdência encontra muitos obstáculos entre os parlamentares, é um recado claro aos navegantes do Planalto: a base aliada pode ter salvado a vida de Michel, mas em nenhum momento disse que lhe daria vida fácil.

Como muitos observadores já constataram, os deputados que enterraram a denúncia contra o presidente na semana passada consumiram todos os recursos disponíveis do governo e se sentem credores – e não devedores – de Temer. Enfrentaram a impopularidade para salvar um governante com baixíssima aprovação e não estão mais dispostos a fazer sacrifícios neste ano pré-eleitoral. É assim que as coisas vão funcionar daqui para frente. Com chance de piorar, quando chegar a segunda denúncia contra o presidente.

Mais Notícias : É a política, estúpido!
Enviado por alexandre em 09/08/2017 08:02:24

É a política, estúpido!

Postado por Magno Martins
Rudolfo Lago – Blog Os Divergentes

Longa fila do lançamento do livro “A morte do Diplomata”, do querido amigo e jornalista Eumano Silva (livro que até o final de semana prometo será tema de resenha por aqui). Um deputado da base de Michel Temer comenta sobre nossa já crônica crise política, alguns dias depois da votação na Câmara que negou a licença para que o presidente fosse processado por corrupção passiva.

“Acalmou, mas continua tudo uma merda”, dizia o deputado. “O Temer precisava ser mais ousado. Estamos errando feio na economia. Não conseguimos tirar o país da recessão. Não conseguimos nos recuperar”. Para esse deputado, diante da situação, diante da impopularidade que já não tem mais muito jeito de ficar ainda maior, Temer precisaria parar de emitir sinais trocados. Ao mesmo tempo que imprime à sociedade remédios recessivos amargos – aumentando impostos, o preço dos combustíveis, propondo reformas controversas, mantém inchado seu Ministério, atende aos pedidos de uma base rodando pesado na Bandeira 2, libera emendas, multiplica cargos.

O problema é imaginar como, a essa altura, Temer poderia agir de outra forma. Acuado, impopular, alvo das investigações da Lava-Jato, Temer é refém da sua base no Congresso para continuar sobrevivendo. A sobrevivência deveria lhe garantir o oxigênio necessário para, quem sabe, desligar os aparelhos. Mas sua junta médica de 513 deputados e 81 senadores certamente não quer desligar aparelho nenhum. Precisa manter Temer na UTI, onde o tratamento é mais caro. Nosso drama é que na UTI onde se encontra o presidente vamos ficando também todos nós, que seguimos num país onde, vítima de uma crise sem fim, nada de muito concreto em termos de economia acontece desde a posse de Dilma Rousseff no seu segundo governo.

O Brasil, a essa altura, parece ter invertido aquela famosa frase do marqueteiro do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, James Carville. Na disputa de Clinton com o presidente George Bush, o republicano parecia inicialmente invencível, depois de ter vencido a Guerra do Golfo, o que demonstrava potencial de recuperar a autoestima americana depois da derrota no Vietnã. Mas o país vivia em recessão, e Carville apostava que esse aspecto fulminaria Bush e daria a chance a Clinton. Dizia: “É a economia, estúpido!”.

Em entrevista publicada nesta terça-feira (8) no jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga nos diz que, por aqui, o que empaca hoje tudo não é a economia, mas a política. “As condições externas são favoráveis. O dinheiro está queimando na mão das pessoas lá fora, com juros muito baixos. O Brasil continua com juro alto, apesar da queda recente, o que atrai capital. Além disso, existe a percepção, a meu ver bastante correta, de que as instituições do país estão funcionando. E o balanço de pagamentos deu uma guinada enorme, o que também dá certo conforto. Apesar da confusão, o governo vem conseguindo manter viva alguma margem para a aprovação das reformas. Provavelmente, o que o mercado embute nas expectativas hoje é um 2018 tranquilo. Mas tenho receio de esse quase consenso não ser tão firme assim”, diz Armínio, na entrevista.

E onde se concentra tal receio? Na política e nas eleições, responde ele. Diante da confusão generalizada, não há o menor, mais mínimo, sinal do que se projeta para o país nos próximos meses até as eleições de outubro do ano que vem. Muito menos sobre o que se projeta para depois dessas eleições.

Depois da negativa da Câmara para o processo contra Temer, como serão os próximos dias do seu governo? Seguirá até outubro? Ou podem surgir novos fatos que o fragilizem novamente? Se seguir, seguirá como? Eternamente combalido e pagando caro por um apoio de conveniência da sua base? Com força para aprovar as reformas que propõe? E essas reformas, que resultados trarão? A economia de alguma forma se recupera? Reduz-se o desemprego? As empresas voltam a ter alguma capacidade de investimento?

E após outubro, com quem e como será? O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje favorito nas pesquisas, poderá disputar a eleição? De fato vence, dada a sua taxa alta de rejeição? Ou polariza votos para quem quer que seja seu adversário? Se vencer, dado o que ocorreu nos últimos tempos, reaglutinará o país ou aprofundará o sentimento de “nós contra eles”? Nesse caso, como “eles” reagirão? O país continuará em fogo alto?

Se Lula não disputar, ou se perder, quem se apresenta como alternativa aos olhos do eleitorado? Há margem para extremismos do tipo Jair Bolsonaro? Bolsonaro aglutinará ou aprofundará o sentimento de “nós contra eles”? Nesse caso, como “eles” reagirão? O país continuará em fogo alto?

Há margem para quem se apresenta como novo, caso do prefeito de São Paulo, João Dória? No caso, ele será novo exatamente em quê? Tem de fato soluções diferente? Ou é novo apenas na embalagem?

Se não, quem é a alternativa, num quadro político que se esfarelou por baixo, com todos igualmente enrolados nas investigações da Lava-Jato e similares? Como tal desencanto se projeta na disposição e comportamento das pessoas, componentes essenciais para qualquer perspectiva de recuperação?

Enquanto não houver um mínimo horizonte aclarando essas e outras questões, seguiremos empacados. É a política. E nós, cada vez mais estúpidos...

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