Lula e Delcídio interrogados
O senador cassado Delcídio Amaral e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva serão interrogados em fevereiro na ação penal da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, na qual eles são acusados de tentarem obstruir a Lava Jato, especificamente, em relação ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Lula, Delcídio, Diogo Ferreira Rodrigues - assessor de Delcídio -, o advogado Edson Ribeiro, o banqueiro André Esteves, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai, são acusados dos crimes de embaraço à investigação de organização criminosa, que prevê pena de 3 a 8 anos de prisão; exploração de prestígio, cuja pena prevista é de 1 a 5 anos; e patrocínio infiel (quando um advogado não defende apropriadamente os interesses de um cliente - os outros réus foram considerados coautores de Édson Ribeiro neste crime), que prevê pena de 6 meses a 3 anos.
Em audiência, ontem, de testemunhas de acusação e defesa dentro do processo, Bernardo Cerveró prestou depoimento e reiterou as alegações de que sofreu pressão por parte de Delcídio e do advogado Édson Ribeiro para que o pai dele, Néstor Cerveró, não fizesse um acordo de delação premiada e, assim, preservasse os réus desta ação. O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) ainda será ouvido antes dos acusados, no dia 15 de dezembro, na condição de testemunha, arrolada pela defesa do ex-presidente Lula.
Em um depoimento dado por meio de uma chamada de vídeo do Skype, ontem, Bernardo Cerveró reiterou, conforme havia dito à PGR, que Edson Ribeiro lhe entregou R$ 50 mil em nome de Delcídio Amaral, sob o pretexto de ajuda à família de Nestor Cerveró, quando o ex-diretor da Petrobras já estava preso. Bernardo disse ter devolvido no dia seguinte o dinheiro a Edson, "para as despesas dele".
Na análise de Bernardo, esse dinheiro era para comprar o silêncio do pai, em relação ao então líder do governo (Delcídio), a Lula, Bumlai e André Esteves, entre outros acusados. Bernardo queria que o pai fizesse um acordo de delação, mas afirma que, em certo momento, afirma ter percebido que o advogado Edson Ribeiro não estava ajudando.
Bernardo Cerveró, no entanto, afirmou não saber de quem eram os R$ 50 mil, um dos pontos que tanto defesa quanto acusação buscava esclarecer. A denúncia trabalha com a versão, com base na delação de Delcídio Amaral, de que os recursos eram de José Carlos Bumlai, amigo de Lula. E assinala que a quebra de sigilo de Mauricio Bumlai mostra dois saques de R$ 25 mil dias antes.
CASA GASTADORA– Mesmo com a promessa de corte de gastos, a Câmara dos Deputados anda com a linha cruzada. Com a ideia de gastar o dinheiro previsto no Orçamento para não devolver o recurso acumulado, manobra usada com frequência no fim de ano, a Casa instala modernos aparelhos de telefone ‘SIP-T29G Enterprise HD IP Phone’, da marca Yealink. Os equipamentos, com identificador de chamada e tela sensível ao toque, foram instalados nas lideranças e nas secretarias das comissões permanentes. Cada unidade custa, em média, R$ 1.150.
Disputa pela liderança– Com a praticamente certa eleição de Eunício Oliveira (PMDB-CE) para presidência do Senado, sucedendo a Renan Calheiros (PMDB-AL), ganha intensidade a disputa pela liderança da bancada peemedebista na Casa Alta. Antes com poucas pretensões, o senador Waldemir Moka (PMDB-MS), na foto ao lado, desponta com chances reais de levar a fatura. Moka já conta com os votos de quatro de 18 possíveis. Eunício, no entanto, mantém a cautela: “Não foi definido nada ainda”, despista.
Temente a Deus - Impressiona o abismo que separa o discurso e as ações dos políticos do Partido dos Trabalhadores (PT). Ex-líder do governo na Câmara dos Deputados, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) acusa o Governo de tentar anistiar o caixa dois de campanha. Na semana passada, no entanto, apenas o deputado Padre João (PT-PA) assinou o pedido para que a votação do projeto seja nominal. Ou seja, o cidadão saberá como votou cada parlamentar. Antecipando-se às ações do PT, o presidente Michel Temer avisou que vetará a anistia. Vitória do brasileiro.
Encontro regional– O PMDB pernambucano e a Fundação Ulisses Guimarães realizaram, ontem, encontro, sob o comando do vice-governador e presidente do diretório estadual, Raul Henry, o evento recebeu lideranças como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e o deputado federal Jarbas Vasconcelos. Na pauta, dentre outros assuntos, a avaliação do desempenho do PMDB no último pleito municipal e as estratégias para traçar o futuro do partido. De acordo com Raul, o objetivo foi oferecer subsídios às futuras gestões e à ação política dos parlamentares e lideranças da legenda.
Representação petista – Após pedir a renúncia do presidente Michel Temer (PMDB) da tribuna do Senado, o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), foi até a Procuradoria-Geral da República (PGR) na tarde de ontem, junto com parlamentares da bancada e de outros partidos da oposição, protocolar uma representação para que o órgão investigue o peemedebista por dois crimes comuns: concussão e advocacia administrativa. Humberto explicou que a ação também requer que a PGR apure e ouça os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), da Cultura, Roberto Freire (PPS), e da Advocacia-Geral da União, Grace Mendonça, sobre o escândalo envolvendo o tráfico de influência exercido no governo por Geddel Vieira Lima (PMDB).
CURTAS
SILVIO O QUÊ? - Na semana passada, esquentou o clima entre os deputados Sílvio Costa (PTdoB-PE) e Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) sobre a demissão do ministro Geddel Vieira Lima. Lúcio chamou o pernambucano de Sílvio Tosta, que não gostou da brincadeira. “Poderia trocar a consoante por ‘B’”, ironizou o baiano.
CONSTRANGIMENTO - O deputado Arnaldo Jordy (PPS-MA), vice-líder do partido na Câmara dos Deputados, considera constrangedor o momento do PT. “Metade de seus dirigentes está na cadeia”, disse o deputado ao blog. O PT é o principal alvo da Operação Lava Jato, que investiga a roubalheira na Petrobras.
Perguntar não ofende: Quem será o próximo ministro demitido do governo Michel Temer? |