Após cinco meses do crime que chocou o Brasil, o padrasto Gildo da Silva Xavier, acusado de matar a enteada Maria Alice de Arruda Seabra, de 19 anos, passou pela primeira audiência de instrução e julgamento nesta segunda-feira (16). Na época, ele havia confessado o crime e admitiu que sentia desejo sexual pela garota há três anos e já planejava estuprá-la.
Durante audiência - iniciada às 9h30 e finalizada às 13h - foram ouvidas quatro testemunhas de acusação, além do réu. De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco, nos próximos dias serão ouvidas mais duas testemunhas de acusação por carta precatória, sendo uma na Comarca de Paudalho, na próxima quarta-feira (18) e outra na Comarca de Gravatá em 12 de janeiro de 2016.
Ainda serão ouvidas mais duas testemunhas de defesa por carta precatória no Recife, porém sem data definida. Após essa etapa, serão feitas as alegações finais por parte do Ministério Público, para então ser feita a decisão de pronúncia pelo juiz José Romero Maciel de Aquino.
Estupro e estrangulamento com cinto
O crime que resultou na morte de Maria Alice Seabra, 19 anos, cujo corpo foi encontrado em um canavial na cidade de Itapissuma, no grande Recife, começou a ser planejado por seu padrasto, Gildo Xavier, 35 anos, há cerca de dois meses. A delegada Gleide Ângelo, responsável pela investigação, participou de entrevista coletiva nesta quinta-feira (25) e contou detalhes do inquérito e do depoimento do assassino confesso, que conversou com os investigadores durante três horas, nesta manhã.
Segundo a delegada, Gildo queria estuprar Maria Alice, porque tinha muito desejo por ela. A intenção inicial era essa, para depois fugir. No mês passado, a jovem descobriu que o padrasto tinha uma amante em Gravatá, onde ele trabalhava, e contou tudo à mãe, Maria José Arruda. Ela se separou de Gildo, mas perdoou o marido, pouco depois. Quando ele voltou para casa, Alice decidiu morar com uma tia, em Igarassu.
Irritado com a mudança da jovem, ele passou a acompanhar a vida da enteada pelas redes sociais e viu postagens dela em festas e saindo com outros rapazes. De acordo com Gleide Ângelo, foi a motivação decisiva para cometer o crime.
Na última sexta (19), Gildo disse ao patrão que a filha tinha sido atropelada e que precisava de dinheiro para o atendimento médico. Com o valor obtido, ele foi a Gravatá e alugou um carro. No alojamento da empresa onde trabalhava, pegou roupas e um frasco de Rupinol, tranquilizante de prescrição controlada normalmente utilizado no golpe "Boa noite, Cinderela". De volta ao Recife, colocou películas escuras no veículo.
Depois disso, Gildo seguiu para a casa da família, no bairro da Estância, no Recife, onde Maria Alice já o esperava para que ele a levasse para a suposta entrevista de emprego. Na história que ele inventou para a enteada, essa entrevista aconteceria no bairro da Encruzilhada, também na capital. À esposa, ele disse que tinha alugado o carro para viajar no São João, após deixar Alice no local da falsa entrevista.
Em depoimento, o padrasto contou que a ideia inicial era dar o rupinol à Alice, para estuprá-la e, em seguida, fugir. No entanto, a jovem não bebeu nada para que ele tivesse a oportunidade de misturar o remédio a algum líquido. Após pegar a enteada, ele deu um soco nela, dentro do carro, na BR-101, em Paulista. Alice então fingiu que estava desmaiada. Durante o trajeto, a mãe dela ligou para Gildo, que atendeu. Nesse momento, Alice começou a gritar pedindo socorro.
Ainda conforme a polícia, depois de desligar o telefone, ele começou a espancar Alice e enrolou o cinto de segurança no pescoço dela. Deu o remédio e começou a praticar o estupro. Durante o ato, ele percebeu que a enteada estava desfalecendo, sangrando muito. Com Alice desacordada, ele seguiu na direção da Mata Norte e começou a procurar um matagal. Antes de deixar a jovem amarrada em um canavial em Itapissuma, Gildo vestiu Alice com as roupas dele. Em seguida, seguiu em direção a João Pessoa.
O padrasto ainda revelou que, dez minutos depois de abandonar o corpo, ele resolveu voltar ao local. Contou que queria ver se Alice estava viva, pra tentar salvá-la. Ao retornar, percebeu que a jovem estava realmente morta. Então, decidiu fugir para a cidade de Aracati, no Ceará.
Quando já estava no município cearense, Gildo entrou nas redes sociais e viu toda a comoção em torno do caso, além da mensagem da delegada Gleide Ângelo. Foi quando ele entrou em contato com a polícia, fornecendo informações sobre onde havia deixado o corpo. Em depoimento, ele confessou que queria que achassem logo o cadáver para que a mãe de Alice não sofresse tanto. Como ninguém achava o corpo, ele resolveu voltar para apontar pessoalmente o local para delegada.
"O motivo mesmo [do crime] foi o desejo sexual dele por Alice, que começou há 3 anos, quando o corpo dela reformou. Ele disse que ficava só olhando, que ninguém notava. Por conta disso, ele disse que tentou controlar. Há dois meses, entretanto, ele disse que veio a vontade mesmo de estuprar. Ele inventou toda a história para conseguir praticar o crime. Gildo diz que não queria matar, só estuprar. Mas pelas características do crime, afirmo que ele queria sim", disse Gleide Ângelo.
Ainda segundo a delegada, o padrasto ficou cerca de 1h30 com a jovem, entre pegá-la em casa e deixar seu corpo no canavial. A gota-d'água para Gildo decidir que devia estuprar Alice, de acordo com a Gleide Ângelo, foi quando ela fez uma tatuagem na última quinta (18), no punho. A tatuagem em hebraico teria o nome do pai biológico de Alice, que já morreu. A Polícia Civil não confirma que era realmente o nome do pai.
Ao ser encontrado, o corpo de Alice estava sem a mão do braço onde estava a tatuagem. Como o corpo estava queimado e em decomposição, não dá para saber se a tatuagem ficou no corpo. A polícia ainda não encontrou a mão dela e não confirma que Gildo teria arrancado. Há a possibilidade de um animal ter comido. Em depoimento, o padrasto disse que jamais teria mutilado o corpo, acrescentando que não tinha necessidade de negar isso caso tivesse feito. No entanto, o perito Fernando Benevides afirmou que há possibilidade de a mão ter sido arrancada pelo assassino.
"É um monstro, porque era uma pessoa que criou ela desde 4 anos, tinha obrigação de cuidar dela. E Alice estava buscando o futuro dela, um emprego, e encontrou esse monstro no meio do caminho", disse Gleide Ângelo, que chegou a chorar durante a coletiva de imprensa. Gildo tem uma filha de 11 anos, com a mãe de Alice.
O inquérito não está finalizado. A Polícia espera laudos do Instituto de Criminalística (IC), do carro e do corpo. Na tarde desta quinta (25), Gildo foi encaminhado ao Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, Grande Recife, onde ficará à disposição da Justiça. Gildo será indiciado por quatro crimes: sequestro qualificado (porque foi para fins libidinosos); estupro; homicídio qualificado por motivo torpe, sem chance de defesa e feminicídio; e ocultação de cadáver. A pena máxima prevista é de 48 anos de reclusão.
Os parentes pretendem realizar o sepultamento no cemitério de Santo Amaro, área central do Recife, na sexta-feira, com previsão de acontecer às 10h.
Fonte: LeiaJá / G1
Durante audiência - iniciada às 9h30 e finalizada às 13h - foram ouvidas quatro testemunhas de acusação, além do réu. De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco, nos próximos dias serão ouvidas mais duas testemunhas de acusação por carta precatória, sendo uma na Comarca de Paudalho, na próxima quarta-feira (18) e outra na Comarca de Gravatá em 12 de janeiro de 2016.
Ainda serão ouvidas mais duas testemunhas de defesa por carta precatória no Recife, porém sem data definida. Após essa etapa, serão feitas as alegações finais por parte do Ministério Público, para então ser feita a decisão de pronúncia pelo juiz José Romero Maciel de Aquino.
Estupro e estrangulamento com cinto
O crime que resultou na morte de Maria Alice Seabra, 19 anos, cujo corpo foi encontrado em um canavial na cidade de Itapissuma, no grande Recife, começou a ser planejado por seu padrasto, Gildo Xavier, 35 anos, há cerca de dois meses. A delegada Gleide Ângelo, responsável pela investigação, participou de entrevista coletiva nesta quinta-feira (25) e contou detalhes do inquérito e do depoimento do assassino confesso, que conversou com os investigadores durante três horas, nesta manhã.
Segundo a delegada, Gildo queria estuprar Maria Alice, porque tinha muito desejo por ela. A intenção inicial era essa, para depois fugir. No mês passado, a jovem descobriu que o padrasto tinha uma amante em Gravatá, onde ele trabalhava, e contou tudo à mãe, Maria José Arruda. Ela se separou de Gildo, mas perdoou o marido, pouco depois. Quando ele voltou para casa, Alice decidiu morar com uma tia, em Igarassu.
Irritado com a mudança da jovem, ele passou a acompanhar a vida da enteada pelas redes sociais e viu postagens dela em festas e saindo com outros rapazes. De acordo com Gleide Ângelo, foi a motivação decisiva para cometer o crime.
Na última sexta (19), Gildo disse ao patrão que a filha tinha sido atropelada e que precisava de dinheiro para o atendimento médico. Com o valor obtido, ele foi a Gravatá e alugou um carro. No alojamento da empresa onde trabalhava, pegou roupas e um frasco de Rupinol, tranquilizante de prescrição controlada normalmente utilizado no golpe "Boa noite, Cinderela". De volta ao Recife, colocou películas escuras no veículo.
Depois disso, Gildo seguiu para a casa da família, no bairro da Estância, no Recife, onde Maria Alice já o esperava para que ele a levasse para a suposta entrevista de emprego. Na história que ele inventou para a enteada, essa entrevista aconteceria no bairro da Encruzilhada, também na capital. À esposa, ele disse que tinha alugado o carro para viajar no São João, após deixar Alice no local da falsa entrevista.
Alice Seabra foi enganada pelo padrasto, que prometeu levar a jovem para uma
entrevista de emprego para poder assassiná-la (Reprodução / Facebook)
Em depoimento, o padrasto contou que a ideia inicial era dar o rupinol à Alice, para estuprá-la e, em seguida, fugir. No entanto, a jovem não bebeu nada para que ele tivesse a oportunidade de misturar o remédio a algum líquido. Após pegar a enteada, ele deu um soco nela, dentro do carro, na BR-101, em Paulista. Alice então fingiu que estava desmaiada. Durante o trajeto, a mãe dela ligou para Gildo, que atendeu. Nesse momento, Alice começou a gritar pedindo socorro.
Ainda conforme a polícia, depois de desligar o telefone, ele começou a espancar Alice e enrolou o cinto de segurança no pescoço dela. Deu o remédio e começou a praticar o estupro. Durante o ato, ele percebeu que a enteada estava desfalecendo, sangrando muito. Com Alice desacordada, ele seguiu na direção da Mata Norte e começou a procurar um matagal. Antes de deixar a jovem amarrada em um canavial em Itapissuma, Gildo vestiu Alice com as roupas dele. Em seguida, seguiu em direção a João Pessoa.
Gildo indicou à polícia local onde deixou corpo da enteada, em canavial
(Penélope Araújo / G1)
O padrasto ainda revelou que, dez minutos depois de abandonar o corpo, ele resolveu voltar ao local. Contou que queria ver se Alice estava viva, pra tentar salvá-la. Ao retornar, percebeu que a jovem estava realmente morta. Então, decidiu fugir para a cidade de Aracati, no Ceará.
Quando já estava no município cearense, Gildo entrou nas redes sociais e viu toda a comoção em torno do caso, além da mensagem da delegada Gleide Ângelo. Foi quando ele entrou em contato com a polícia, fornecendo informações sobre onde havia deixado o corpo. Em depoimento, ele confessou que queria que achassem logo o cadáver para que a mãe de Alice não sofresse tanto. Como ninguém achava o corpo, ele resolveu voltar para apontar pessoalmente o local para delegada.
"O motivo mesmo [do crime] foi o desejo sexual dele por Alice, que começou há 3 anos, quando o corpo dela reformou. Ele disse que ficava só olhando, que ninguém notava. Por conta disso, ele disse que tentou controlar. Há dois meses, entretanto, ele disse que veio a vontade mesmo de estuprar. Ele inventou toda a história para conseguir praticar o crime. Gildo diz que não queria matar, só estuprar. Mas pelas características do crime, afirmo que ele queria sim", disse Gleide Ângelo.
Ainda segundo a delegada, o padrasto ficou cerca de 1h30 com a jovem, entre pegá-la em casa e deixar seu corpo no canavial. A gota-d'água para Gildo decidir que devia estuprar Alice, de acordo com a Gleide Ângelo, foi quando ela fez uma tatuagem na última quinta (18), no punho. A tatuagem em hebraico teria o nome do pai biológico de Alice, que já morreu. A Polícia Civil não confirma que era realmente o nome do pai.
Corpo da jovem estava em decomposição quando foi achado em canavial,
em Itapissuma. Cadáver não tinha uma das mãos (Reprodução / TV)
Ao ser encontrado, o corpo de Alice estava sem a mão do braço onde estava a tatuagem. Como o corpo estava queimado e em decomposição, não dá para saber se a tatuagem ficou no corpo. A polícia ainda não encontrou a mão dela e não confirma que Gildo teria arrancado. Há a possibilidade de um animal ter comido. Em depoimento, o padrasto disse que jamais teria mutilado o corpo, acrescentando que não tinha necessidade de negar isso caso tivesse feito. No entanto, o perito Fernando Benevides afirmou que há possibilidade de a mão ter sido arrancada pelo assassino.
"É um monstro, porque era uma pessoa que criou ela desde 4 anos, tinha obrigação de cuidar dela. E Alice estava buscando o futuro dela, um emprego, e encontrou esse monstro no meio do caminho", disse Gleide Ângelo, que chegou a chorar durante a coletiva de imprensa. Gildo tem uma filha de 11 anos, com a mãe de Alice.
O inquérito não está finalizado. A Polícia espera laudos do Instituto de Criminalística (IC), do carro e do corpo. Na tarde desta quinta (25), Gildo foi encaminhado ao Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, Grande Recife, onde ficará à disposição da Justiça. Gildo será indiciado por quatro crimes: sequestro qualificado (porque foi para fins libidinosos); estupro; homicídio qualificado por motivo torpe, sem chance de defesa e feminicídio; e ocultação de cadáver. A pena máxima prevista é de 48 anos de reclusão.
Os parentes pretendem realizar o sepultamento no cemitério de Santo Amaro, área central do Recife, na sexta-feira, com previsão de acontecer às 10h.
Fonte: LeiaJá / G1
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